quinta-feira, abril 27, 2017

pop up

Daì o baby nasceu e não é nada como dizem. É a coisa mais louca do mundo, maravilhoso e horrível. Estou amando e odiando a maternidade e achando isso muito normal. Amando porque sim, isso não se explica, apenas se sente e é bom demais, lindo demais. Odiando porque ainda estou vivendo o luto pela vida que eu tinha e a pessoa que eu era e que precisaram acabar para que eu-mãe pudesse existir. É duro, e pouca gente fala sobre isso. É solitário, é cansativo, é assustador. E eu faria tudo de novo. É uma loucura.

Tenho pouco assunto, porque 80% do meu tempo eu passo falando com um bebê, mas penso muito. É uma pena que falte tempo para escrever, pois sairiam posts deliciosos.

Enfim, só quero que vocês saibam que o blog NÃO acabou e que eu estou tentando arrumar tempo para escrever mais, pois amo isso daqui e as pessoinhas que vem me visitar. em tempos de tanta ofensa gratuita no FAcebook e Twitter, isso aqui é meu oásis de gente linda.

Prometo que volto logo, pois já sei digitar com nenê no colo.

sexta-feira, janeiro 13, 2017

Primaveras

Hoje eu tive um momento emblemático de compreensão do que significa ser uma pessoa introspectiva, capricorniana com ascendente em Aquário e com preguiça de gente. Tive 3 consultas médicas diferentes, fisioterapia e mais uma toneladinha de trabalho. Por acaso, era também meu aniversário. Trabalhei de casa e aproveitei para ir almoçar - sozinha - em um restaurante aqui pertinho no qual eu sempre quis ir, mas sempre tinha alguma companhia que preferia outro lugar.

Almocei lendo mensagens de parabéns e me sentindo completamente feliz, livre e muito amada. Entre uma garfada e outra de sobremesa, um dos meus amigos mais queridos liga. Passadas as felicitações, ele pergunta o que estou fazendo. Conto. Ele diz: "Sozinha?? Ai, que deprimente". E eu só conseguia pensar que esse estava sendo um dos almoços de aniversário mais legais que eu tinha em muito tempo.

Que ninguém se engane, eu amo quase todas as pessoas com quem convivo, até porque só me dou ao desfrute com gente excelente. Mas para mim, estar sozinha, às vezes, é tão vital quanto respirar. E hoje era. Eu não queria ter conversas que não me interessam, nem comer onde eu não queria, nem inventar assunto. Não queria falar sobre o que aprendi nos últimos 38 anos, nem sobre o que espero dos próximos, agora como mãe (mãe vira um algo diferente do ser humano, estou descobrindo. Você deixa de ser gente e vira mãe. É esquisito e não muito legal. Mas outra hora falo disso).

Queria pensarno meu próximo corte de cabelo, inventar uma musiquinha, olhar o Facebook, bater papo sem lé com cré com o dono do restaurante, poder mudar de ideia 20 vezes e mudar o trajeto outras 30. Escutar apenas a aniversariante do dia, dar carinho a ela. Afinal, eu gosto muito dela.

Quando eu consigo ter momentos como esse almoço de hoje, toda a minha insgurança vai embora, toda a ansiedade me abandona, eu não penso demais. Eu consigo apenas ser. Em paz. E isso é o melhor presente que a vida me dá.

(Mas calma tá, gente? Vai ter festinha, vai ter jantar romântico, vai ter muita interação social com gente querida que também me faz muito feliz. Tá tudo bem.)

terça-feira, dezembro 06, 2016

É uma ciranda

Então eu vou ter um bebê. Ele já está quase para nascer e eu ainda não acredito que consegui. Porque eu nunca achei que fosse aceitar o papel de mãe, nunca sonhei com isso. Eu tinha pavor de engravidar. Cresci numa família em que todas as mulheres engravidaram na hora errada, sem querer, e criaram filhos intoxicados por culpas e arrependimentos. Sendo a caçula, cresci ouvindo essas histórias e associando a gravidez ao abrupto fim de tudo que é bom e certo na sua vida. “Filho é a coisa mais linda do mundo, melhor coisa. Mas acaba com a sua vida”. Portanto, pavor.

Mesmo quando a vida melhorou consideravelmente, acabei os estudos, me estabilizei profissionalmente: pavor. Porque filho acaba com tudo, tira sua liberdade, não te deixa dormir. Mesmo quando os hormônios começaram a implorar, tava passando da hora: pavor. Filho acaba com o corpo e tem muito sangue no parto. Eca.

Só que, de repente, a viagem ainda era boa, o barzinho ainda era uma delícia, não ter hora pra voltar casa, nossa, que incrível. Mas. Esse mas começou a ser frequente. Mas, o que mais? Eu estava imensamente feliz e sentia amor em excesso por tudo. Pelo marido, pelos bichos, pelos amigos, pelas plantas, pelo trabalho. Fui ao médico, achei estranho tanto amor. Estava tudo normal, saúde de ferro, psicóloga feliz com meus progressos. Eu parecia não caber mais em mim. E, quando pensava em filhos, ainda sentia pavor, mas era um “pavor, mas”. E se for legal? E se eu quiser? E se eu levar ele junto nas viagens? E se for tudo bem ter um pouco menos de liberdade? Será que consigo? E se eu estragar a criança? E se eu for ruim, impaciente, malvada? E se eu estiver muito cansada? SERÁ QUE EU QUERO? Isso é tão adulto! AI, QUE PAVOR.

Nunca chegou o momento em que eu e o Paulo dissemos: vamos lá, estamos prontíssimos, nascemos pra isso. A gente só começou a sentir menos pavor gradualmente e, um dia, o teste deu positivo. Sem nenhum planejamento ou expectativa, sem sequer falarmos sobre isso. E foi o dia mais bonito da minha vida, juro. Eu tremia da cabeça aos pés, mas sem pavor, só amor. Eu nunca tinha acreditado de verdade que pudesse acontecer comigo. Eu só sabia ser filha.

Depois que a poeira baixou, obviamente que o pavor voltou. E agora? Será que vai doer, será que vai rachar, será que ele tá bem, isso é normal? ISSO É NORMAL?? Pavores de mãe. É uma loucura. Você se vê 20 quilos mais gorda, toda manchada e desajeitada e se achando muito fodona, respondona e dona do mundo. Eu agora me garanto. Só agora, aos 37, eu me garanto nessa vida. E essa sensação é fantástica.


(Ou não, viu? Isso foi o que aconteceu comigo, a minha experiência, mas tudo bem se não for assim com você e você odiar tudo, achar a gravidez um saco, não conseguir amar o bebê assim que o vir. Juro, está tudo bem, vai ficar tudo bem. Não pegue essa sacola de culpa aí, não. Ela não é sua. É uma cilada).

quarta-feira, julho 20, 2016

Que ano é hoje?

Fazia muito, muito, muito tempo que eu sequer pensava nesse cantinho. Nem sabia se ainda estava ativo, se eu ainda sabia a senha. Daí uma amiga querida lembrou dele no último final de semana e me perguntou se eu tinha vergonha dele. Respondi na hora que sim, morria de vergonha. Não do blog, veja, mas da pessoa que eu já fui. Cheia de recalques e opiniões formadas sobre tudo. Do blog nunca, porque conheci tanta, tanta gente linda por aqui. E foi uma válvula de escape tão boa durante tanto tempo...

Mas fato é que ela me lembrou dele. E eu vim aqui ver se ainda conseguia acessar e comecei a ler e reler e nem me achei uma pessoa tão horrível e digna de vergonha. Até gostei um pouco. E me deu vontade de escrever de novo, ainda que blog seja tão 1997.

A verdade é que eu prefiro tanto esse formatinho em que você vem aqui e diz o que pensa e quem quiser, se houver alguém que queira, vem, por livre e espontânea vontade, e lê e opina também. É muito diferente do Facebook, em que o que você escreve é esfregado na cara de centenas de pessoas que você mal conhece, ainda que elas absolutamente não queiram saber NADA sobre você. Não sinto vontade de dizer nada pessoal no Facebook e odeio 80% do que leio lá.

Às vezes sinto falta de colocar os pensamentos no papel, porque isso me obriga a refletir um pouco sobre tudo e levar a vida menos no automático. Não vou mudar pro Medium, talvez não seja capaz de manter uma frequencia de posts, mas acho que vou limpar esse sótão, botar umas cortinas roxas, abrir as janelas e deixar o sol entrar e as ideias saírem.

sexta-feira, junho 21, 2013

:-S

Pois é. O lance todo abaixo foi mais um sonho, do qual acordamos com um baita balde de água gelada na cara. Misturada com vômito, cocô, mosquitos, ratos e gente estúpida.

sexta-feira, junho 14, 2013


Sim, sim, eu sei que faz séculos que não compareço e nem sei se voltarei a comparecer. Compareci hoje porque achei que hoje era um dia do qual eu vou querer me lembrar no futuro.

Acho que esta é a primeira vez nos meus 34 anos que vejo o brasileiro AGINDO, em vez de reclamar. Diretas Já eu não vi, ou não tinha idade para lembrar. Teve Collor antes, mas acredito que aquilo foi muito mais para ficar bonito na mídia. Collor teria saído de qualquer forma. Dessa vez, não. Dessa vez a gente nem sabe ainda onde tudo isso pode chegar. Dessa vez, não interessa para nenhum governante ter gente protestando na rua – ainda mais assim tão perto da Copa. Dessa vez, a Rota está na rua e a polícia – montada, inclusive - está arroxando pra valer. Parece que voltamos à 1964. Está de dar medo.
E o engraçado é que nunca me senti mais segura. Eu, que sempre tive medo até da minha sombra, que tenho medo de barata,  de assalto, de zumbi. Que ouço tiro em escapamento de moto. Mal consigo trabalhar. Quero ir pra rua, quero fazer parte disso. “Mas tem bombas, tem cavalaria”. Pois que venham. A gente tem direito de dizer “Chega”. Chega de sentir medo.

Um amigo querido que mora em outro país lamentou a violência que viu em vídeos, no país dele, com as pessoas dele. Disse estar triste e chocado. Estamos todos. Infelizmente mais tristes que chocados, conhecendo a polícia e o governo que temos. Mas tem uma outra coisa maior do que a tristeza e maior do que o medo, uma coisa que eu mesma não sentia há muitos anos: esperança. De que dá, sim, pra fazer alguma coisa. De que a gente não precisa se conformar com a barbárie, o desrespeito, a sacanagem toda.


Não acho que isso vai significar uma mudança imediata. Não acho nem que vão aceitar baixar os tais 20 centavos que começaram tudo. Mas acho que o povo acordou e não vai mais aceitar as coisas tão calado, nem conseguir olhar só pro seu umbigo, ou pro trânsito que atrapalha a ida pra casa. E só isso já é muita coisa. Só isso já é o começo de tudo.


quarta-feira, janeiro 04, 2012

Filosofia

Preferir a minha própria companhia à de outras pessoas: muita auto-estima, fobia social, rabugice ou egoísmo?

sábado, dezembro 31, 2011

2011 em cinco cenas


Não preciso nem de palavras, preciso? And the Oscar goes to 2011, seu lindo.

quarta-feira, dezembro 21, 2011

I do!


Há pouco mais de um ano, discorri sobre todo meu horror quanto a ser uma esposaE daí eu casei. De verdade, no cartório, com festa, com vestido branco (na verdade Off White com Pink), com buquê, com votos, lágrimas, dia da noiva e tudo o mais que manda a tradição. Não teve padre e eu entrei ao som de Flaming Lips, mas ainda assim foi um casamento, não resta dúvida.


Durante toda a vida, defendi que apenas o amor bastava para que duas pessoas ficassem juntas e que elas só devem permanecer juntas enquanto estiverem felizes. Se um dia isso acabar, basta cada um seguir seu rumo. Eu ainda acredito nisso tudo. Mas hoje eu acredito também que o mundo mudou pra melhor no que diz respeito a relacionamentos.


As mulheres da geração anterior à minha precisaram brigar muito pelo direito de ser vistas como pessoas inteiras, independente de ter ou não um homem ao seu lado, de poder fazer sexo quando e quanto quisesse, com ou sem compromisso, com ou sem satisfações, de ser reconhecida profissionalmente. Eu não acho que a briga está ganha, a gente ainda precisa muitas vezes lembrar ao mundo que temos valor, sim. Só que hoje a gente não tem mais medo de lembrá-lo disso sempre que precisamos.


E essa geração anterior à minha, além de toda a revolução sensacional que proporcionou a nós, mulheres, criou filhos. Homens bem melhores do que aqueles pelos quais foram criadas e até com os quais se casaram. Eu sou uma fã incondicional dos homens de hoje, acho-os tão fantásticos que sempre me sinto meio esquisita quando vejo as amigas reclamando deles. Tudo bem, eles são meio confusos, meio deslumbrados com o excesso de possibilidades do mundo, meio infantis, mas, ainda assim, são todos tão extremamente cheios de sentimentos, cheios de consideração, respeito e humor! Amigos, companheiros, confidentes, parceiros de verdade.


Para as nossas mães, avós e bisavós, o casamento nem sempre era uma escolha e muitas vezes não tinha final feliz. O divórcio é quase uma novidade para as brasileiras, lembram? E a coragem pra assumir a vida, o trabalho e os filhos sozinha, para quem foi criada para cuidar da família e do lar? Hoje pega até mal quando alguma menina diz que quer “casar bem” pra poder ficar em casa cuidando das crianças. 


A gente vai pra rua cedo, faz a vida, constrói a independência emocional e financeira. Descobrimos que os caras legais existem, aos montes, nos apaixonamos, mas não temos mais nenhuma pressa. Vamos construindo juntos e o casamento é só um jeito delicioso de comemorar isso. Que acontece cada vez mais tarde, quando já temos maturidade e muito mais segurança em nossas certezas. E, ao contrário de antigamente, não é mais obrigação, essa é a beleza da coisa toda. Se não der certo, vocês dois sabem como seguir seus caminhos por conta própria. 


Por isso eu adorei casar. Porque hoje é possível ser “nós” sem precisar jamais abrir mão do “eu”.

terça-feira, dezembro 20, 2011

Incontrolável


Há alguns meses eu venho sentindo uma certa inquietação, que eu não sei bem de onde vem. Um comichão por dentro, me pedindo: “escreve, escreve, escreve”. E eu pergunto: “mas escrever o que?” “Sei lá, só escreve”. Então eu sento pra escrever e você pode ouvir o farfalhar das bolas de feno rolando dentro do meu cérebro. Nem um bilhete. Nem sequer um post pro blog, coitado.

Ando com três diferentes cadernetas na bolsa, todas bem lindas, com papel de gramatura 120. As três contém apenas contas e listas de supermercado. E olha que eu tenho pensado bastante, mas o caminho da ideia pro papel tem parecido mais longo do que de costume, a vida parece andar barulhenta demais e a minha autocrítica mais cricri que mãe judia.

Ainda assim, esse comichão persiste me aborrecendo. Eu o espanto feito uma abelha chata, e tal qual o persistente inseto, ele volta zumbindo cada vez mais alto. E vem de mãos dadas com o outro comichão, que repete “odeio meu trabalho, odeio meu trabalho, odeio meu trabalho”. As vozes na minha cabeça são assim, preguiçosas e metidas a literatas.

E fazem com que eu me ponha a sonhar com uma outra vida, uma vida em que eu conseguiria escrever e me tornar de fato uma escritora, vivendo em um país onde seria possível me sustentar dignamente sendo apenas escritora e calar a boca dessas duas vozinhas extremamente chatas – e da mais chata de todas, aquela que fica repetindo: “mas você nem tentou”.

E não acho que um dia eu vá chegar a tentar realmente. Me parece um pouco absurdo demais sequer imaginar uma coisa dessas. Não tenho essa pretensão, mesmo.

Só que não consigo mais não fazer nada a respeito dessas malditas vozes. Então criei uma pasta super secreta e protegida por senha no computador, onde salvo algumas crônicas bem vergonhosas, as quais nunca mais abro depois de terminar. E ando com uma certa vontadezinha de leve de me matricular em um curso de escrita criativa, desde que ninguém exija ler nada meu em público, desde que eu possa ficar bem quietinha ali no fundo da classe. Não sei se tem algum em SP, isso parece tão coisa de filme de nova iorquinos tentando se encontrar na vida. Será?

Talvez tenha alguma coisa a ver com meu signo saindo de sua fase de eclipses, talvez seja só o peso da idade jogando meus sonhos frustrados em minha cara. Talvez eu deva tentar ser um pouco menos dramática e simplesmente encarar isso como um hobby, como corte e costura ou jardinagem. Que é a única coisa que a escrita pode ser para mim hoje. E tudo bem, não tem problema que ela seja só isso. Ela só precisa ser. 

sexta-feira, setembro 23, 2011

Não aprendi a dizer adeus

Segunda que vem mudo de casa de novo, vou morar com o quase marido, que já vai ser marido com ou sem assinatura de contrato. E é claro que estou felicíssima e cheia de planos e vontades de ficar muito tempo juntinho e passear bastante pelo bairro delícia, e encher os bichos de presentes de cada um dos 700 pet shops da vizinhança, e decorar o ape novo com a nossa cara e tudo o mais.

No entanto, ainda não empacotei uma só caixa. Sou só suspiros a cada vez que saio de casa e penso que vou deixar o meu apartamentinho de bonecas pra trás. E você deve estar pensando: "mas que idiotice, é só um apartamento alugado".

Só que esse cantinho tem um significado muito maior do que um simples teto sobre a minha cabeça. Ele representa o meu grito de independência. Foi nele que eu deixei de ser a filha ou a mulher de alguém e fui apenas eu, com todos os ônus e bônus. Meu canto. Os móveis feios e velhos são meus, eu que providenciei. Os quadros tortos e desparelhados, fui eu que escolhi. A bagunça fui eu quem fiz. Comi só quando tive fome, deixei de dormir mesmo tendo sono e ninguém me deu bronca por nada disso. Só eu.

Foi ali que eu aprendi a ficar só e gostar. Muito. Foi ali que eu aprendi a conversar comigo e a me entender. Que eu achei conforto aprendendo a cozinhar por prazer, e não porque tinha alguém com fome esperando. A cuidar dos bichos e das plantas e de mim. Meu país das maravilhas.

Às vezes eu quase sentia que o apartamento me dava abraços e cafunés. Igual ao hotel de "O Iluminado", só que ao contrário. Toda vez que eu entrava lá era como se ele dissesse "ai que saudades". E eu sentia falta, uma dor física mesmo, quando passava muito tempo longe dele e de tudo que ele representou na minha vida.

Então, ir embora está sendo como terminar um namoro com alguém que vc ainda ama. Você sabe que precisa ir em frente, mas não sabe o que fazer com os caquinhos do seu coração espalhados no chão, te pedindo pra ficar. Mais ou menos como a Mônica e a Rachel se despedindo.

Por melhor que sejam meus dias daqui pra frente, e tenho certeza que de serão, eu vou sempre ficar com o coração quentinho ao me lembrar que foi aqui que eu me reconstruí e finalmente aprendi a ser feliz de novo.

quinta-feira, setembro 22, 2011

Ain, corror*

Foram anos me preparando para a chegada desse dia, mas ainda assim não foi suficiente. Fiz matrícula e avaliação física na academia. Meu deus, que coisa brutal. Não sei se o pior era a roupa ressaltando tudo aquilo que eu evito olhar no espelho, o tênis com amortecimento que me fazia perder o equilíbrio, o vestiário sem cabines individuais e dezenas de periquitas voando à minha volta ou o instrutor me ordenando "segurar o quanto eu conseguir" nas mais constrangedoras posições. Isso sem falar na música. Aparentemente academias só tem CDs do Black Eyed Peas. Extremamente desgastante. Devo ter emagrecido uns cinco quilos só de constrangimento.

Penso que minha vida seria muito melhor se eu fosse o tipo de pessoa que corre, anda de bicicleta, dança ou ama suas curvas. Mas infelizmente eu não sou dessas. Eu sou daquelas que quer perder peso assistindo Friends.

Enquanto isso na sala de justiça eu fui convidada para o programa de apoio aos fumantes da firma. E aceitei. Isso significa que devo começar a frequentar grupos de apoio e chamar todos os outros fumantes de fedidos e fracos (é sério mesmo, frequentar o grupo de apoio é pré-requisito para ter direito às consultas e eteceteras gratuitos do programa). Me sinto meio Marla Singer. Eu digo: "Olá, meu nome é Suzana, hoje faz 43 horas e sete segundos que não fumo e estou muito feliz". Eu penso: "Olá, meu nome é Suzana e essas foram as piores 43 horas e sete segundo da minha vida, volta pra miiiiim cigarrito, mi amor". E não posso nem comer um bacon pra me consolar, porque senão vou ter de ouvir o instrutor falando sobre minha "circunferência abdominal" no megafone.

Por isso o sumiço do blog. Uma vida saudável é uma vida que não vale a pena ser contada.

*Por favor leiam The Alan Prost, a melhor coisa que apareceu esse ano.

quarta-feira, julho 06, 2011

Era uma vez



Todo mundo tinha certeza que aquela história não ia dar certo. Uma coisa é divertir-se bastante com as idas e vindas, discussões acaloradas e reconciliações meio sem-vergonha. Mas ninguém jamais apostaria uma ficha sequer que duas pessoas tão imaturas e neuróticas pudessem se suportar por mais de seis meses. Começamos com o pé esquerdo, motivados simplesmente pelo fato de que era impossível ficar longe.

Eu não podia nem imaginar qualquer outra coisa, porque não via possibilidade de começar um novo relacionamento enquanto não decidisse se desligava os aparelhos do relacionamento anterior ou se continuava pateticamente tentando reanimá-lo, como vinha fazendo nos últimos dois anos. Depois que eu resolvesse isso, talvez até pudesse começar um novo relacionamento, mas jamais com ele. Porque ele trabalhava demais, ria de menos e não fumava. E porque ele era um canalha sem coração. Era o que todo mundo dizia.

Ele também não podia nem imaginar qualquer coisa comigo, primeiro porque as coisas no trabalho estavam começando a dar certo e ele não queria nenhuma distração. Além disso, ele tinha um pequeno séquito de mulheres apaixonadas para administrar. E não tinha endereço fixo. E eu era porra-louca demais pra ele, bebia demais e fumava demais.

Era dor de cabeça na certa. Inicialmente havia uma vontade irresistível de beijar, abraçar e apertar pelo máximo de tempo disponível. E também de conversar e conversar e conversar ainda mais. E descobrir todas as idiossincrasias. Rir, dividir pastas de música e pedir conselhos. Mas a gente não queria nada sério um com o outro, magina.

Decidi desligar os aparelhos. Ele decidiu que podia trabalhar só no horário comercial. A gente decidiu não esquentar a cabeça com a seriedade daquilo. Eu descobri que o coração do canalha sem coração era mais mole que gelatina e que ele achava um saco aquela fama. Ele descobriu que a bêbada-porra-louca-modernosa gostava de passar o fim de semana cozinhando e assistindo seriados, mas não contava para ninguém.

A gente brigou, deu vexame, abusou dos amigos. Depois a gente ficou de bem, se isolou do mundo e levou bronca dos amigos – que a essa altura já eram amigos de ambos. Fomos aprendendo a ser gente grande juntos.

Hoje faz quatro anos que a gente foi expulso do Viana depois de trocar o nosso primeiro beijo. E quer saber? No fundo a gente sempre soube que ia ficar junto para sempre.

segunda-feira, junho 27, 2011

Feito cão e gato




Se tem uma habilidade que eu definitivamente não tenho é aquele sexto sentido de sacar se uma pessoa presta ou não depois de 2 minutos de conversa. Se a pessoa sabe fazer piadas, não critica o fato de eu gostar de Harry Potter e não usa crocs, pronto, eu gosto dela e a considero apta pra ser minha amiga, contar toda a minha vida e ouvir toda a dela. Todo mundo é meu amigo até que prove que não é assim que a banda toca.

Não é raro eu acabar a história com cara de bolinha, pensando que preciso ser mais cuidadosa e seletiva com quem eu chamo de amigo. Que é preciso tempo pra se conhecer alguém, que é preciso saber se preservar e não sair mostrando todas as cartas do baralho já logo na primeira rodada. Enfim, é preciso ser mais gato e menos cão com quem não se conhece muito bem.

Whisky, o cão, mal chegou em casa e já dormia de conchinha comigo, lambia tudo e todos na maior alegria e vivia de barriga pra cima pra gente coçar. Tinha gente que não gostava e enxotava ele, que ficava profundamente magoado e sem entender por que se recusavam a aceitar todo aquele amor que ele tem pra dar.

Alexandre e Clotilde, os gatos, vieram pra casa já grandinhos e levaram quase seis meses para me dar a honra de deitarem espontâneamente no meu colo. Eram fofos e dóceis, mas não davam muita trela para aquelas três criaturas (eu, o Paulo e o Whisky) que eles mal conheciam. Hoje são umas malas véias, querem colo até quando estamos na privada, mas continuam se escondendo das visitas e fingindo que elas não existem. Eles não desperdiçam nem uma gotinha de amor com quem eles não conhecem e não sabem se irá retribuir.

Apesar da já discutida cara de cu, eu sou igualzinha ao Whisky, sempre bestalhona e querendo fazer amigos. E depois indo pra debaixo da cama chorar quando alguém me mostra os dentes. A diferença é que o Whisky esquece tudo em meia hora, eu não esqueço nunca mais. Fico com mágoa de caboclo eterna de quem não sabe ser amigo. É uma tremenda lambança.

Então, estou sendo muito mais Clotilde. Deixando a confiança chegar aos poucos (se é que chega), segurando a língua para não falar demais. E olha só que surpresa: os poucos relacionamentos que construí nos últimos meses parecem ser de muito maior qualidade. Tenho conseguido separar Amigo de amigo e estes de colega e de conhecido. Tenho me divertido mais e me preocupado menos.

Whisky, Alexandre e Clotilde se odiavam quando se conheceram. Eram tapas, rosnados e miados de ódio o dia inteiro. Tenho quase certeza que, em duas ocasiões, vi os gatos cochichando um plano para destruir aquele peludo nojento, enquanto o Whisky delatava os dois sempre que eles cometiam qualquer delito, como derrubar porta-retratos. Essa noite os três fizeram um bolinho e dormiram juntinhos. De manhã, trocaram lambidas de bom dia, sem distinção de espécie. Por essas e outras é que eu tenho acreditado que o tempo é realmente nosso melhor amigo.

terça-feira, junho 21, 2011

O que importa na vida

Eu: Finalmente achei uma academia boa aqui perto, começo depois do feriado.
Amiga: Boa mesmo? O que tem lá?
Eu: Tem esteiras e bicicletas com televisão!
Amiga: Tá, mas que aulas que tem?
Eu: Ah, sei lá né? Nem sei se tem aulas. Mas sei que dá pra assistir dois Friends e o Vídeo Show na hora do almoço.

Porque a gente tem que focar no que realmente importa nessa vida.