segunda-feira, outubro 12, 2009

É que a televisão me deixou burra, muito burra demais

Antes quero esclarecer que amo a TV sobre todas as coisas. Mas preciso admitir que ela me deixou muito burra demais mesmo. Só que a culpa não é dela, que só fez o que devia fazer: distribuir felicidade e amor. A culpa é minha, que acredito nela tão cegamente.

Porque veja, tá tudo errado. Todas as minhas expectativas e anseios se baseiam em estereótipos que só existem na cabeça de roteiristas que ganham muito dinheiro pra inventar universos perfeitos. E por isso, é claro, eu acumulo 30 anos de frustrações. De que outra forma poderíamos explicar que até hoje eu sinta um certo ressentimento por nunca ter encontrado o brinquedo que me levaria à caverna do dragão ou uma concessionária que venda uma limusine com piscina? E que eu ainda sonhe com uma casa no meio da praia como a do Gaspar?

Certo, talvez esses ressentimentos não afetem tanto minha vida adulta. A gente segue em frente. Triste, desiludido, mas segue. E continua a cometer os mesmos erros. Senão vejamos.

Temos aí o Vampiro Bill. Ele é lindo, ele é sexy, ele é rico, ele é imortal. Ele é moreno, alto, doce, viril e capaz de dizimar uma cidade inteira para salvar sua amada. Todas querem ser seu coçador de gengivas particular. Mas né? Vampiros não existem, eu posso lidar com isso. Mas mortais morenos, altos, doces, viris e capazes de dizimar uma cidade inteira para me salvar também não existem e daí eu fico lidando com uma realidade muito abaixo do meu padrão.

Ok, então não usemos uma porra de um vampiro como padrão de relacionamento e deixemos este amor platônico apenas no mundo da fantasia. Sejamos mais realistas e tentemos novamente.

Jim Halpert. Ele é bem normal, ele é bem possível. Sim, ele é lindíssimo e mais alto do que a média dos brasileiros. Mas, fora isso, é um cara bem normal, que usa camisa de manga curta, gravata, tem um chefe chato, mata o trabalho, tem medo de ser demitido. Ele é tão normal que você tem certeza que conhece alguém como ele. E é aí que mora a pegadinha do Mallandro. Jim sempre sabe o que dizer para sua amada. É engraçado, doce, meigo e viril e capaz de gastar um dia inteiro atormentando um colega apenas para fazê-la rir. Não enche o saco dela, não tem crises de ciúme, não acorda de mau-humor, não reclama da bagunça nem do sapato novo que ela comprou nem dos amigos dela, não é grudento nem piegas. E é lindíssimo, eu já disse isso a vocês? Jim é o homem perfeito. Só que Jim também não existe fora da Dundler Mifflin. Meu cérebro sabe disso, mas meu coração não sabe e se mantém apaixonado e fiel a ele e não aceita ninguém menos do que ele. Ou até aceita, mas cheio de ressalvas. A cada contrariedade imposta pela vida real, ele resmunga: "o Jim não faria isso com você jamais". Meu coração é um idiota.

Mas eu sinto que você ainda está achando meus padrões muito altos. Então tá: Chandler Bing. Magro, inseguro, baixinho, dono de uma masculinidade duvidosa. Usa colete e calças caqui. Loser. Pois eu me vejo passando longos e felizes anos ao lado dele, com dois filhos e alguns gatos. Porque esses detalhes não têm a menor importância quando se está falando da pessoa mais engraçada e sarcástica de toda a galáxia e para quem as adversidades são um charme. Que consegue conviver com uma mulher que grita mais que feirante (aliás eu sempre achei que ele fez uma péssima escolha casando com a Mônica, que é uma baita castradora e que queria apenas alguém capaz de lhe dar filhos. O que, a propósito, ele não era). Mas cadê que ele é possível? Cadê ele aqui no mundo de gente como a gente?

O roteirista da minha vida deve ser estagiário, é só isso que eu digo.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Meninos, meninas

A prova incontestável de que este blog respira por aparelhos e de que só o mantenho por dó de terminar o meu relacionamento mais longo e fiel é a minha incapacidade de escrever qquer coisa que preste. Não que um dia tenha prestado, mas antes eu me dedicava. Pensava sobre, construía idéias. Agora eu coloco dois ou três posts que ficaram grandes demais pro twitter. Com muito custo. E daí eu leio o que publicam por aí e fico pensando "mas era exatamente isso que eu queria dizer". Mas não tive o talento, ou tive preguiça ou esqueci o que ia dizer porque fui cuidar das vacas no Farmville. E fico feliz em roubar o talento dos outros e colocar aqui pra eu não me esquecer mais que às vezes vale a pena um esforcinho. Sem mais, duas coisas que eu sempre quis explicar mas nunca soube como:

Direto do espelho
"Nunca me enquadrei nos padrões físicos-sociais-morais-culturais atribuídos normalmente às mulheres. Nunca quis me casar, tenho dúvidas sinceras sobre a maternidade, amor e sexo não formam uma única entidade, sou independente, não gosto que paguem minhas contas ou me abram portas. Uma pitada de agressividade no temperamento, a falta de jeito com o papel feminino nos jogos da vida e a ausência de limites no que digo sempre afastaram as meninas de mim. Por outro lado, os meninos, superado o medo inicial, se aproximavam, entravam na minha vida para valer, independente da motivação inicial dessa aproximação.

Sempre invejei a cumplicidade e a fidelidade masculina, a diversidade de assuntos, o pensamento carteziano, a ausência de drama, a discrição. Na descrença de encontrar tais características em garotas comuns, na falta de paciência com os tititis tipicamente femininos, me cerquei da amizade masculina durante praticamente toda a vida. A exceção sempre foram meninas que, por outros motivos, também não eram totalmente aceitas nos clubes de luluzinhas."

Da moça que não tem nada de clichê
"Eu sou menina e adoro usar rosa. Eu sou menina e não espero que me liguem no dia seguinte. Eu sou menina e não faço a menor questão de dormir de conchinha. Eu sou menina e faço questão de pagar minha parte na conta. De qualquer conta. Mesmo que eu tenha sido convidada. Eu sou menina e quero casar. Mas não de branco e não na igreja. Eu sou menina, não sou princesa. Eu sou menina e acho que quero ter filhos. ... Eu sou menina e não gosto de machismo. Em homem e em mulher. Eu sou menina e tenho pavor da expressão "mal amada". Eu sou menina e faço cara feia quando alguém diz "isso é falta." Eu sou menina e falo palavrão. Eu sou menina e queria não ouvir gracinhas quando uso roupa curta. ... Eu sou menina e faço as unhas toda semana. Não saio sem maquiagem. Uso sapatos que machucam meus pés, só porque são bonitos. Uso brincos. Eu tenho vergonha disso, um pouco. Eu sou menina e não aceito quando alguém diz que não existe amizade feminina. Eu sou menina e não gosto de competição. Eu sou menina e sou péssima em esportes. Eu sou menina e gosto de meninos. Eu sou menina e acho que a vida é mais fácil pros meninos. Eu sou menina e tenho voz de menina. Eu sou menina e sei cozinhar. Eu sou menina e carrego minha própria mala. Mesmo quando são duas e cada uma pesa 30kg. ... Eu sou menina e sei que goiaba é diferente de salmão e diferente de rosa pálido. Eu estou falando de cores. Eu sou menina e gosto de beber. Eu sou menina e uso vestido. Eu sou menina e acho que vestido é uma roupa injusta. Eu sou menina e gosto de futebol. Eu sou menina e gosto de espaço. Eu sou menina e não sou ciumenta. Eu sou menina e nada pontual. Eu sou menina e poderia falar disso sem parar."

Amo demais.

sexta-feira, outubro 02, 2009

A vida como ela é

Eu estava pensando em como contar pra vocês sobre o meu mais novo vício, Miss Bimbo. Mas daí ela já contou tudo que há pra saber.

Esse universo onde minhas únicas preocupações são me vestir melhor que todo mundo e passar no curso de cabeleireira é tudo que eu sempre sonhei. Botar peito, tirar peito? Bastam dois minutinhos. Aqui, namorar o Johnny Depp é um sonho possível, bem como pular da carreira de padeira diretamente pra de advogada.

Essa coisa de poder me reinventar diariamente - ainda que por meio de uma bonequinha virtual ubbergostosa - está fazendo meus dias muito mais leves, enquanto a realidade não chega.

Vai lá, vira minha amiga e me garante 500 bimbo dolars. Johnny te espera.

Ps.: Mas já aviso que a galera que vota nos duelos Fashion não tem o mínimo bom gosto.