quarta-feira, dezembro 23, 2009

2009 valeu a pena

Dessa vez não vou fazer retrospectiva. Toda a minha lista de pedidos feita na virada de 2008 para 2009 está devidamente riscada e realizada e o ano está se fechando com chave de ouro banhada em purpurina. Muito mais produtivo, portanto, é relembrar os melhores momentos desse ano que foi todo, quase, feito só de melhores momentos:

David after dentist (0u, o filho que eu quero ter)

Pedro, o chip e o por que de nunca irritar uma bêbada

Vanusa e o hino

Ione no shopping

E o melhor de todos: Total Eclipse of the heart como deve ser

Feliz natal e a gente se vê em 2010!

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Bode preto

Dizem que o homem é um ser social. Eu tenho cá minhas dúvidas. Ou talvez o homem seja, mas eu não sou. Odeio gente. Odeio lugar cheio, odeio aquelas pessoas que falam sem parar e emendam um assunto no outro e te chamam de “querida” ou por apelidinhos sendo que te conhecem há apenas dez minutos. Odeio gente que fala alto. Odeio gente de 30 anos que se comporta como se tivesse 16. Odeio gente de 16 anos que se comporta como se tivesse 16. Odeio mulher que só sabe falar de marido, filhos e sex shop. Odeio homem que só sabe falar de futebol e fórmula um. Odeio as pessoas que só tem Jesus no coração e não entendem sarcasmo. Odeio as que não assistem seriados. Odeio quem acha que o América é chique. Odeio quem me faz repetir 58 mil vezes que eu não tenho dinheiro. Odeio quem enche meu saco porque “você é tão quietinha”. Odeio gente que quer decidir pelos outros, quem não gosta de bichos e quem gosta da Suscha.

E quanto mais eu odeio a humanidade, mais eu gosto dos meus amigos, essa gente ruim, de coração preto e peludo que entende a piada. Se não fosse por eles, sei lá. Acho que eu fazia a Leila.

quinta-feira, novembro 19, 2009

Lar

Oi, ainda tem alguém aí ainda??

Eu já tive dezenas de casas. Já perdi a conta de quantas vezes me mudei. Mas, até hoje, nunca tive a MINHA casa. Foi sempre a casa onde eu morava com outras pessoas – pais, namorados, amigos. E foi bom, sempre. Mas sempre existiram coisas que eu não podia fazer, por causa das regras de convívio.

E sempre existiu um predinho de tijolos em Pinheiros. Na frente do qual eu passei, pelos últimos 5 anos, e suspirei, pensando: “queria tanto um dia poder morar aqui”. Mas eu sou pessimista né? Meu copo não está só meio vazio, ele está seco e esturricado. Então era um pensamento que nem chegava a ganhar forma. Afinal, como eu poderia morar ali? Devia ser grande, devia ser caro, devia ser para outras pessoas que não eu. E fui morar em outros lugares.

Daí a vida deu lá suas cambalhotas e lá fui eu procurar apartamento de novo. Pela internet, com toda a descrença que eu tenho nesse serviço. Achei três e liguei mal-humorada, já esperando ouvir o monótono “já foi alugado”, tão comum nos anúncios online lá em Curitiba. Os três estavam disponíveis.

Numa manhã senegalesa de sábado, calcei meus tênis e fui lá examinar pisos, encanamentos e carpetes – coisas nas quais já estou craque, de tanto que fiz ultimamente. O primeiro deles era na rua do predinho. Fui andando, a numeração baixando e o predinho se aproximando. Passei diante do predinho e nem conferi o número, mas no prédio seguinte a numeração já era maior. Mas heim? Voltei, olhei pro outro lado da rua e pro prédio vizinho à esquerda. Mas nunca para o predinho.

Daí o corretor me encontrou. “Tá perdida?” e foi entrando no meu predinho. Eu fiquei parada na calçada, até ele chamar, esperando o Sergio Malandro sair de trás da banca de jornal e dizer “Rá” e dar um chute nos meus sonhos destruídos.

Não só ele não saiu como o predinho cabia no meu orçamento e tinha uma sacada gigantesca, cheia de sol, e armários embutidos e um chão bem fácil de limpar. Ainda assim, havia toda a burocracia pela frente, documentos para aprovar, fiador para aceitar... Uma infinidade de coisas que poderiam dar errado. Guardei meus sonhos saltitantes no fundo do peito e dei entrada no processo.

Quatro dias depois estava com tudo aprovado e o corretor me cobrando pra ir buscar as chaves do MEU PREDINHO. Isso foi ontem. Até agora estou meio em choque, sem entender direito que conjuntura astral fez isso com a minha sorte e encheu meu copo de suco de morango. Hoje vou tomar um porre e abraçar meus amigos e dizer que considero-os pra caralho e chorar de alegria pra ver se cai a ficha.


Mas acho que é normal. Eu não estou acostumada com a felicidade e ela se parece um pouco com um sapato novo que se usa pela primeira vez, parece que não cabe direito. Além disso, não é todo dia que a fada madrinha aparece assim e realiza o sonho da irmã má da Cinderela. Mas assim que o sapato lacear e eu aceitar que a carruagem não virará abóbora, darei um festão pra vocês todos verem que meu predinho é mesmo lindo. \o/

segunda-feira, outubro 12, 2009

É que a televisão me deixou burra, muito burra demais

Antes quero esclarecer que amo a TV sobre todas as coisas. Mas preciso admitir que ela me deixou muito burra demais mesmo. Só que a culpa não é dela, que só fez o que devia fazer: distribuir felicidade e amor. A culpa é minha, que acredito nela tão cegamente.

Porque veja, tá tudo errado. Todas as minhas expectativas e anseios se baseiam em estereótipos que só existem na cabeça de roteiristas que ganham muito dinheiro pra inventar universos perfeitos. E por isso, é claro, eu acumulo 30 anos de frustrações. De que outra forma poderíamos explicar que até hoje eu sinta um certo ressentimento por nunca ter encontrado o brinquedo que me levaria à caverna do dragão ou uma concessionária que venda uma limusine com piscina? E que eu ainda sonhe com uma casa no meio da praia como a do Gaspar?

Certo, talvez esses ressentimentos não afetem tanto minha vida adulta. A gente segue em frente. Triste, desiludido, mas segue. E continua a cometer os mesmos erros. Senão vejamos.

Temos aí o Vampiro Bill. Ele é lindo, ele é sexy, ele é rico, ele é imortal. Ele é moreno, alto, doce, viril e capaz de dizimar uma cidade inteira para salvar sua amada. Todas querem ser seu coçador de gengivas particular. Mas né? Vampiros não existem, eu posso lidar com isso. Mas mortais morenos, altos, doces, viris e capazes de dizimar uma cidade inteira para me salvar também não existem e daí eu fico lidando com uma realidade muito abaixo do meu padrão.

Ok, então não usemos uma porra de um vampiro como padrão de relacionamento e deixemos este amor platônico apenas no mundo da fantasia. Sejamos mais realistas e tentemos novamente.

Jim Halpert. Ele é bem normal, ele é bem possível. Sim, ele é lindíssimo e mais alto do que a média dos brasileiros. Mas, fora isso, é um cara bem normal, que usa camisa de manga curta, gravata, tem um chefe chato, mata o trabalho, tem medo de ser demitido. Ele é tão normal que você tem certeza que conhece alguém como ele. E é aí que mora a pegadinha do Mallandro. Jim sempre sabe o que dizer para sua amada. É engraçado, doce, meigo e viril e capaz de gastar um dia inteiro atormentando um colega apenas para fazê-la rir. Não enche o saco dela, não tem crises de ciúme, não acorda de mau-humor, não reclama da bagunça nem do sapato novo que ela comprou nem dos amigos dela, não é grudento nem piegas. E é lindíssimo, eu já disse isso a vocês? Jim é o homem perfeito. Só que Jim também não existe fora da Dundler Mifflin. Meu cérebro sabe disso, mas meu coração não sabe e se mantém apaixonado e fiel a ele e não aceita ninguém menos do que ele. Ou até aceita, mas cheio de ressalvas. A cada contrariedade imposta pela vida real, ele resmunga: "o Jim não faria isso com você jamais". Meu coração é um idiota.

Mas eu sinto que você ainda está achando meus padrões muito altos. Então tá: Chandler Bing. Magro, inseguro, baixinho, dono de uma masculinidade duvidosa. Usa colete e calças caqui. Loser. Pois eu me vejo passando longos e felizes anos ao lado dele, com dois filhos e alguns gatos. Porque esses detalhes não têm a menor importância quando se está falando da pessoa mais engraçada e sarcástica de toda a galáxia e para quem as adversidades são um charme. Que consegue conviver com uma mulher que grita mais que feirante (aliás eu sempre achei que ele fez uma péssima escolha casando com a Mônica, que é uma baita castradora e que queria apenas alguém capaz de lhe dar filhos. O que, a propósito, ele não era). Mas cadê que ele é possível? Cadê ele aqui no mundo de gente como a gente?

O roteirista da minha vida deve ser estagiário, é só isso que eu digo.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Meninos, meninas

A prova incontestável de que este blog respira por aparelhos e de que só o mantenho por dó de terminar o meu relacionamento mais longo e fiel é a minha incapacidade de escrever qquer coisa que preste. Não que um dia tenha prestado, mas antes eu me dedicava. Pensava sobre, construía idéias. Agora eu coloco dois ou três posts que ficaram grandes demais pro twitter. Com muito custo. E daí eu leio o que publicam por aí e fico pensando "mas era exatamente isso que eu queria dizer". Mas não tive o talento, ou tive preguiça ou esqueci o que ia dizer porque fui cuidar das vacas no Farmville. E fico feliz em roubar o talento dos outros e colocar aqui pra eu não me esquecer mais que às vezes vale a pena um esforcinho. Sem mais, duas coisas que eu sempre quis explicar mas nunca soube como:

Direto do espelho
"Nunca me enquadrei nos padrões físicos-sociais-morais-culturais atribuídos normalmente às mulheres. Nunca quis me casar, tenho dúvidas sinceras sobre a maternidade, amor e sexo não formam uma única entidade, sou independente, não gosto que paguem minhas contas ou me abram portas. Uma pitada de agressividade no temperamento, a falta de jeito com o papel feminino nos jogos da vida e a ausência de limites no que digo sempre afastaram as meninas de mim. Por outro lado, os meninos, superado o medo inicial, se aproximavam, entravam na minha vida para valer, independente da motivação inicial dessa aproximação.

Sempre invejei a cumplicidade e a fidelidade masculina, a diversidade de assuntos, o pensamento carteziano, a ausência de drama, a discrição. Na descrença de encontrar tais características em garotas comuns, na falta de paciência com os tititis tipicamente femininos, me cerquei da amizade masculina durante praticamente toda a vida. A exceção sempre foram meninas que, por outros motivos, também não eram totalmente aceitas nos clubes de luluzinhas."

Da moça que não tem nada de clichê
"Eu sou menina e adoro usar rosa. Eu sou menina e não espero que me liguem no dia seguinte. Eu sou menina e não faço a menor questão de dormir de conchinha. Eu sou menina e faço questão de pagar minha parte na conta. De qualquer conta. Mesmo que eu tenha sido convidada. Eu sou menina e quero casar. Mas não de branco e não na igreja. Eu sou menina, não sou princesa. Eu sou menina e acho que quero ter filhos. ... Eu sou menina e não gosto de machismo. Em homem e em mulher. Eu sou menina e tenho pavor da expressão "mal amada". Eu sou menina e faço cara feia quando alguém diz "isso é falta." Eu sou menina e falo palavrão. Eu sou menina e queria não ouvir gracinhas quando uso roupa curta. ... Eu sou menina e faço as unhas toda semana. Não saio sem maquiagem. Uso sapatos que machucam meus pés, só porque são bonitos. Uso brincos. Eu tenho vergonha disso, um pouco. Eu sou menina e não aceito quando alguém diz que não existe amizade feminina. Eu sou menina e não gosto de competição. Eu sou menina e sou péssima em esportes. Eu sou menina e gosto de meninos. Eu sou menina e acho que a vida é mais fácil pros meninos. Eu sou menina e tenho voz de menina. Eu sou menina e sei cozinhar. Eu sou menina e carrego minha própria mala. Mesmo quando são duas e cada uma pesa 30kg. ... Eu sou menina e sei que goiaba é diferente de salmão e diferente de rosa pálido. Eu estou falando de cores. Eu sou menina e gosto de beber. Eu sou menina e uso vestido. Eu sou menina e acho que vestido é uma roupa injusta. Eu sou menina e gosto de futebol. Eu sou menina e gosto de espaço. Eu sou menina e não sou ciumenta. Eu sou menina e nada pontual. Eu sou menina e poderia falar disso sem parar."

Amo demais.

sexta-feira, outubro 02, 2009

A vida como ela é

Eu estava pensando em como contar pra vocês sobre o meu mais novo vício, Miss Bimbo. Mas daí ela já contou tudo que há pra saber.

Esse universo onde minhas únicas preocupações são me vestir melhor que todo mundo e passar no curso de cabeleireira é tudo que eu sempre sonhei. Botar peito, tirar peito? Bastam dois minutinhos. Aqui, namorar o Johnny Depp é um sonho possível, bem como pular da carreira de padeira diretamente pra de advogada.

Essa coisa de poder me reinventar diariamente - ainda que por meio de uma bonequinha virtual ubbergostosa - está fazendo meus dias muito mais leves, enquanto a realidade não chega.

Vai lá, vira minha amiga e me garante 500 bimbo dolars. Johnny te espera.

Ps.: Mas já aviso que a galera que vota nos duelos Fashion não tem o mínimo bom gosto.

quarta-feira, setembro 30, 2009

Dona SP

Todo dia eu ouço alguém reclamando de São Paulo. Mas todo dia eu encontro um amigo que voltou pra cá desesperado de saudade, largando carreira, salário milionário, iates e mulheres para trás. Por que será? Será que é só bairrismo ou isso aqui vicia mesmo?

No meu caso, eu sentia tanta falta da cidade quanto das pessoas, como se ela mesma fosse uma pessoa. E se fosse, seria aquele tipo chato de conviver: temperamental, confuso, com mania de grandeza, meio cruel e indiferente. Daqueles que você conta seus problemas chorando sangue e a pessoa caga e anda.

Mas seria também daquele tipo que, quando ninguém está olhando, te dá um presentinho, faz um cafunezinho e te chama de princesa. Do tipo que você não consegue ficar longe porque ela está sempre te surpreendendo, te levando pra lugares incríveis, fazendo você rir e se sentir o mais singular do mundo. Às vezes muito feia, outras a mais linda que você já viu.

Isso era pra ser um post de três linhas só pra tentar entender que tanta graça nós vemos em SP, e acabou virando mais uma declaração de amor. É um caso perdido, mesmo.

quarta-feira, setembro 23, 2009

Se nada mais der certo

Sempre me incomodou muitíssimo não ter um talento secundário pra explorar caso nada mais dê certo. Sabe aquela coisa de "se nada mais der certo, eu vou vender coco na praia"? Eu não sei fazer mais nada além daquilo que me formei pra aprender a fazer e correlatos. Não posso pensar em vender nada na praia porque sou péssima comerciante, tenho vergonha de cobrar o justo, como o estoque inteiro, fico com preguiça e quero ir tomar banho de mar...

Mas todo mundo parece ter um plano B. Como a minha amiga Lizandra, que sempre disse que se nada mais desse certo, viraria taxista. Mas acabou virando roteirista e sopeira. E olha que o plano A dela nem deu errado. Ou o Sassê, que pode virar pintor ou professor de esperanto, ou a Casé, que pode virar sushi girl ou motogirl. Enfim. Todo mundo tem talentos secundários, menos eu.

Mas isso acaba de mudar. Se nada mais der certo, eu viro cozinheira. Eu já sabia que a minha receita de rabanadas era a melhor do mundo. Agora, acabei de inventar o melhor arroz doce do mundo. É óbvio que comi a panela toda, mas estamos em fase de testes, então ninguém pode me recriminar por isso. Eu preciso garantir a qualidade do produto. E eu GARANTO que ninguém nunca comeu um arroz doce desse tipo, do tipo fruto proibido. E graças a eles dois, se nada mais der certo, eu não precisarei vender um rim ou me prostituir.

Ok, não é um cardápio mega variado. Não é que eu seja assim uma cozinheeeeira, nossa, quantos pratos ela faz. Mas já é um começo, né? Já é algo pra eu me agarrar. No mínimo, se nada mais der certo e eu ficar pobre, sozinha e enrugada, prontinha pra ser devorada pelos gatos, já poderei esperar por isso na companhia de comidinha gorda e boa.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Eu fico com a beleza da resposta das crianças

Matheus, 10 anos:

"Sua roupa é que é estranha ou você está um pouco gorda mesmo?"

Matheus, 10 anos, um pouco mais cedo:

"Por que você está passando esse negócio preto no olho?"

Eu: "Pra ficar bonita, oras"

"Mas então por que você não fica?"

JAMAIS terei filhos. Nunquinha. Basta eles começaram a falar pra eu me atirar no poço.

segunda-feira, agosto 10, 2009

Rogerinho vai pra balada

Você sai de casa animado e perfumadíssimo e vai pra balada muito contente, sabendo que seu Avanço vai durar até o fim da noite! Logo que chega vc já pede logo três vozes de dodka pra comemorar, cujo gosto agora você vai aproveitar melhor, já que não tem mais aquela fumaça nojeeeeeeeenta no ar.

Terminado o segundo trago, tenta puxar a trança da mina ali na frente pra tascar-lhe um beijo não requisitado, mas sua mão escorrega no Kolene do cabelo dela. Você dá uns tapinhas no ombro do garçom pra tirar a meleca da mão, mas fica puto porque não conseguiu pegar a mina, então manda logo oito cervejas pro bucho pra esquecer. Daí vc fica feliz de novo e resolve ir dar umas bandas na pista e esbarra nuns quatro pelo caminho, mas o azar é deles, quem mandou ficar parado ali no meio? Pista de dança é pra circular. Chega na pista e sai causando, passando mão na bunda, puxando cabelo, beijando cangotes como se não houvesse amanhã. Você é o rei da noite no ar puríssimo da balada. O décimo oitavo cara em quem você esbarra não fica tão feliz quando você derruba cerveja na camisa dele e vai pra cima, e você vai pra cima e começa aquele auê. Os seguranças da casa vêm e te dão um pito. Quem eles pensam que são pra falar assim com o rei da noite, eles sabem com quem estão falando?

Você exige falar com o gerente, mas ele é um bunda, que diz que não vai poder fazer nada e que o senhor está claramente bêbado, deveria tomar uma água. Então você diz que se você bebe o problema é seu, você não tá mijando na cabeça de ninguém, tá? Não tá vomitando no pé de ninguém, tá? Eles deviam estar fiscalizando se não tem nenhum fumante escondido no canto jogando essa fumaça nociva e fatal nos outros inocentes, em vez de estar lá, aborrecendo um cidadão de bem, que foi claramente agredido por outro e que não fez nada, absolutamente nada. Os seguranças pedem que você se retire.

No caminho pra casa, você atropela um cachorro, opa, é a malvada fazendo efeito. Ainda bem que a lei do bafômetro não pegou, vc pensa bem feliz, enquanto desvia dos adolescentes que estão atravessando na faixa e acelera para furar o farol vermelho. Aquele trecho é cheio de assaltante, se bobear aqueles moleques estavam ali só esperando pra te roubar mesmo. Será que eu volto é passo por cima? Afinal, bandido bom é bandido morto! Mas foda-se né, você paga o salário da polícia embutido naquele monte de impostos... Se bem que você na verdade nunca pagou imposto nenhum, pensando bem, já que declara bem menos do que recebe. Tem que ser muito otário pra pagar esse tanto de imposto que cobram da gente, né não?

Chegando em casa você jura pra si mesmo que nunca mais vai naquela porcaria de bar, que desrespeito com o cliente, justo você que bate ponto lá toda semana. O ódio cresce mais e mais no seu coração e daí você se lembra que no mês passado você foi lá com aquela loira gostosa do RH que fumava feito uma chaminé mas tinha um belo rabão e que naquele dia você até filou uns 3 cigarros dela, porque todo mundo dá um traguinho quando bebe, né? O que não faz de você um fumante, fumante é um bicho nojento, um viciado sem força de vontade que nunca vai ser nada na vida. Mas não tem mal nenhum em dar umas tragadinha pra impressionar as minas. e a loira ficou super bem impressionada. Ela tirou um monte de fotos de vocês juntos pra botar no orkut. E então a idéia se forma lindamente. Aquele bar nunca mais vai se meter a besta com você, porque você é MUITO esperto. pega a foto de um mês atrás da loira dando uma bela baforada no Marlboro mentolado, escaneia a notinha fiscal e manda tudo pra patrulha anti-tabaco do governo do Estado, dando o nome do bar e a data de hoje. Você é MUITO esperto e vai dormir muito feliz, porque sabe que vive em um Estado livre de poluentes e que apoia e protege os cidadãos de bem como você. Se os fumantes quiserem se matar, que se matem sozinhos, né não? Inclusive a loira do RH, cujo rabão você já conferiu e, como figurinha repetida não completa álbum, não vai te fazer falta alguma.

*Escrevi revoltadinha com a lei, um dia antes dela entrar em vigor. Depois de ler os mais absurdos comentários num fórum da Folha Online, que me fizeram desejar que a tal onda gigante que vai acabar com a humanidade em 2012 seja mesmo uma realidade. Na verdade meu problema não é com a lei. Saí no final de semana e não foi tão ruim, acabei até socializando mais com outros excluídos e etc. Eu acho que ela até faria bastante sentido, não fossem os exageros e o estímulo à intolerância. Meu problema é um bando de bundas-moles idiotas ficarem me olhando com ar de superioridade só porque eu fumo e eles não.

segunda-feira, julho 27, 2009

Coisas que eu não entendo

Bota-sandália
Bota-sandália enquanto calçado de frio
Bota-sandália enquanto calçado de calor
Pessoas que assistem musicais por livre e espontânea vontade
Teatro, porra
Os filmes do David Lynch
Os nomes Alvus Severus e Renesmee (alô periferia na literatura?)
Arte nas unhas
A diferença entre luzes e balaiagem
Calças saruel
A genialidade de Glauber Rocha
Contratos imobiliários
Meu extrato bancário
A utilidade de discutir a relação
Gente que NÃO tem medo de zumbis. Quando eles atacarem, não contem comigo para defendê-los. É cada um por si, dae.
Gente que não perde o sotaque nem por um caralho
A perseguição aos fumantes
Quem não gosta de Harry Potter
Quem não gosta do Ryan Reynolds
Quem gosta de micareta
Quem prefere ficar três horas na fila para entrar numa boate, passar um tempinho lá dentro fazendo passinhos de dança, lançando olhares, gritando pra ser ouvido, fazendo a dança do tranca-coxa enquanto espera vagar uma privada, ficar mais três horas na fila pra pegar e ir pra casa fedendo a CC e cigarro à ficar em casa vendo DVD ou jogando videogame.
Medo de gato.
Protestos virtuais
Rodinhas de violão
Dobradinha

E mais umas 400 coisas que só me lembro quando não tenho papel à mão.

sexta-feira, julho 24, 2009

Brincadeira séria

Ela postou o link, eu amei e replico:

"Faz de conta que você morreu. E que alguém lhe deu a oportunidade de voltar para um terceiro tempo.

Então. Agora vai lá e faz tudo de verdade."

Digo que estou de acordo 100%. É claro que vou tentar virar a mesa sem espalhar muitos papéis nem deixar muita bagunça, porque bagunça de mesa virada me dá nos nervos de um tanto. Mas ainda assim, é chegada a hora de começar a escrever o capítulo 3 da minha vida.


quinta-feira, julho 16, 2009

Mudança de paradigmas ou nocaute

Eu tenho esse blog há nove anos. É o meu relacionamento mais longo e fiel. Nesse meio tempo muita gente veio e foi, conheci e adorei algumas, sempre quis conhecer outras. Mas né. Eu sou uma cética horrorosa e má. Eu odeio a humanidade e eu não acredito nas pessoas.

E por mais que o mundo esfregue na minha cara que desconfiar dos relacionamentos virtuais é coisa de véio, eu continuo desconfiando. Amigo de internet? Ah, vá. Coisa mais loser.

Só que loser, meu amigo, sou eu, que insisto nesses paradigmas. Porque se for ver, eu tenho alguns amigos virtuais desde a época que o blog começou. Que passaram da caixa de comentários pro email, do email pro msn, do msn pra mesa do bar. Tempo bagarai. São poucos os amigos "reais" de tanto tempo assim.

Pois bem. Hoje aconteceram coisas bizarras e ruins relacionadas a dinheiro. E eu fiquei o dia decidindo se me prostituía ou cortava os pulsos. Eis que um desses amigos virtuais se prontifica a me ajudar. O cara nunca me viu na vida. Nunca nem falou comigo pelo telefone, embora me conheça melhor que um monte de gente que almoça e janta comigo, pelo tanto de tempo que passa lendo as bostas que eu posto aqui.

Ninguém pode imaginar o tamanho do meu choque. Ninguém. Como assim um gesto de desprendimento desse tamanho, como assim alguém confia que eu não sou uma picareta sem nunca ter me visto? Esse tipo de coisa não existe, eu nunca soube. Só família faz isso, e geralmente é meio que por obrigação.

Eu estou assim, meio sem ar, meio sem jeito, meio com vergonha de mim mesma, de ter passado esses anos todos achando que o mundo não vale nada e que confiar nos outros é pedir pra se foder. Eu perdi um puta tempo na minha vida. Quanta gente será que eu não deixei pelo caminho achando que não valia o esforço, que era tudo um bando de féladaputa?

Na verdade eu nem sei explicar direito. É uma mudança muito enorme. E é a terceira vez essa semana que a humanidade me mostra que presta sim, e muito. Pode até ser que esse blog finalmente morra. Porque agora eu vou falar do que? Do meu amor pelo Magno, pela Stella e pela Ana?

Eu nem sei. Vou sair tomar um ar e me recuperar do choque. Muita informação pra digerir.

E Magno, cara, obrigada muito. Não pela oferta, mas por ter me mudado. POrque acredite, cara, vc fez o que cinco anos de terapia não fizeram. Tem dinheiro que pague isso, não.

PS.: Enquanto isso, coleguinhas, super aceito frilas, ok? Porque é óbvio que eu não vou aceitar o dinheiro suado do Magno.

segunda-feira, julho 06, 2009

Vão-se os anéis, os batons, o rímel

Fui assaltada pela nonagésima vez neste sábado. Isso é tão corriqueiro que nem merece um post. Passado o período de lágrimas e rancor pela bolsa amarela, a carteira azul e o celular rosa que se foram, eu prefiro always look on the bright side of life.

E por bright side of life eu quero dizer maquiagens novas. Faz tempo que meus dedinhos coçam de desejo de me jogar em batons, bases e sombras, mas como eu carregava uma tonelada disso na bolsa, a culpa católica sempre me assombrava. Agora, meus problemas acabaram (assim como as maquiagens).

Mas fica a dica pras coleguinha aí de casa: bolsas são descartáveis e podem ser levadas a qualquer momento. Portanto, a menos que você seja muito desapegada, não seja imbecil como eu de carregar seu batom Mac e seu gloss Lancôme na necessaire. Deixe-os bonitinhos em casa e recheie a bolsa com Vult, Tracta e Maybelline (pegue as avaliações todas no maravilhoso VnF). Afinal, as maquiagens de bolsa são para retocar durante o expediente, dar uma arejada antes do happy hour, nada que mereça uma super produção. E se acontecer de levarem suas coisinhas, com vintão você compra tudo de novo e tá linda, sem choro nem vela.

É claro que eu quero recomprar minhas maquiagens de rika (tinha um batom Yves Saint Laurent que só de olhar pra embalagem dourada eu já me sentia uma imperatriz. Da cor e da textura mesmo eu nem gostava muito, confesso). Mas agora só quando algum amigo de fé irmão camarada der uma paradinha no free shop por mim. Vou chorar na cama que é lugar quente e torcer muitíssimo para ter algum tipo raro de herpes assassina que não se manifesta em mim, apenas em ladras que usam maquiagem roubada.

Ah, e tem outra pollianice em ser assaltada: a impossibilidade de gastar dinheiro. Porque a gente cancela os cartões todos e fica 15 dias à mercê do banco. E o meu não é dos mais competentes. Então, por 15 dias eu viverei exclusivamente da bondade de estranhos, sem poder fazer nenhum mal à minha já tão sofrida e anoréxica conta. Talvez eu aproveite esse período pra aprender a viver apenas com o essencial. Ou seja: maquiagens Vult, Tracta, Maybelline...

terça-feira, junho 30, 2009

O problema em ser CDF

é que a gente não se contenta em simplesmente ir lá e fazer a coisa. Tem que cuidar de todo o entorno e é ISSO que dá trabalho. E nem estou falando de tarefas, de trabalho. É de tudo. Se eu gosto de uma música, por exemplo. Eu tenho que saber de que banda é. Daí eu baixo o álbum e gosto. Daí eu tenho que baixar todos. E saber a biografia de todos os integrantes e as letras das músicas e em que comerciais ela toca e que modelos eles namoram e etc. Filme então, nem se fala. Imagina a logística de decorar a filmografia de todos os atores e diretores, saber se são republicanos ou democratas e fazer o top 5 de cada um. Se for inspirado em livro, tem que ler o livro, e as vezes o livro é bom e então eu quero ler todos do autor e a coisa nunca tem fim. Não é à toa que eu nunca fiz uma pós-graduação.

Agora eu inventei de ir pra academia, porque outro dia me deram o lugar de gestante no ônibus. Eu aceitei, é claro, mas chorei em silêncio e sem lágrimas diante da dignidade perdida. Mas não basta ir à academia, preencher as fichas todas, fazer a merda da avaliação física que já quase te mata ali mesmo e ir bela e faceira se dobrar em cima da bola (no pun intended) na aula de Pilates. Ah se fosse tão fácil.

Tem de comprar roupa de ginástica. Mas não pode ser coladinha que eu não to indo pra academia pra ficar de sem-vergonhice não senhor. Mas roupa muito folgada enrosca nos aparelhos e você sua feito uma camela no cio. E não pode ter estampas de nenhum tipo e tem que custar menos de R$ 100,00 porque eu prefiro gastar meu salário em Melissas. Faz duas semanas que estou procurando e ainda não achei nada que não me fizesse vomitar.

E tem que comprar tênis, porque as acadêmias e o meu joelho não aceitam que eu me exercite de All Star. Tênis de ginástica são obrigatoriamente horrorosos e fazem com que eu me sinta pobre. Não tem glamour, não tem cheirinho bom e tem sempre algum detalhe prateado. Odeio. Quero fazer ginástica de Melissas.

E tem a comida de academia. Eu não consigo me imaginar indo pra academia depois de jantar bife a milanesa com purê de batatas. Academia combina com barrinha de cereais, cereais matinais, frutas e alface. Então eu preciso montar um cardápio composto exclusivamente disso. E comprar uma mochila pra carregar isso comigo o dia todo.

Vocês conseguem perceber a imensa dificuldade da coisa? Quanto dinheiro será aplicado em algo do qual eu provavelmente vou enjoar em dois meses (a quem estou querendo enganar, eu vou enjoar em duas semanas).

Acho que vou desistir. Pensando bem, não é tão ruim ter lugar garantido no bumba, mesmo que às custas da minha dignidade. Eu já não tinha muita mesmo antes disso.

terça-feira, junho 23, 2009

Vida congelada

Nego critica os pobres eminhos que enchem seus fotologs (ainda existe flogão??) e orkut de autofotos e bota a culpa nas câmeras e na inclusão digitais. Claro que minha cara derrete de vergonha também, mas eu amo as cameras e a inclusão digitais e as autofotos. Eu tiro milhares de autofotos que fariam sua cara derreter de vergonha também.

Eu gosto de congelar os momentos todos. Tiro foto de tudo, da roupa nova, da maquiagem bonita, da maquiagem cagada, da casa arrumada ou desarrumada, das flores, do cocô de cachorro que parece uma arroba. A diferença de mim pros eminhos é que eu não tenho flogão e guardo a maioria dessas imagens só comigo.

Antes, a gente não podia fazer isso. Porque câmera custava caro, filme custava caro, revelar o filme custava caro. Eu tenho tipo 3 fotos da minha infância. Não sei se meus filhos serão belos porque não sei se fui um bebê bonitinho. E isso me dói. Eu tenho lua em câncer e me agarro ao passado com um desespero fora do comum. Gosto de ver, pegar, cheirar, chorar em cima do que não volta nunca mais. Por isso congelo tudo em milhares de fotos.

Pra ver cada ruga nova, pra lembrar de um olhar azul que me encantava, pra saber qual cor vai bem com qual, para rir de novo do que aconteceu ha tanto tempo. Mas principalmente porque tudo isso me faz ter vontade de tirar fotos novas. E para isso é preciso viver.

Confort food


Sempre me agradou brincar de fazer comidinhas, mas rolava uma puta preguiça de aprender de fato. Preguiça e minha intolerância à críticas fizeram com que eu passasse 26 anos afastada do fogão. Quando eu casei, rolou um certo desespero na família, que achou que eu ia viver de cheetos. Mas o marido da vez cozinhava bem, não permitia que eu chegasse a mais de 3 metros da cozinha, todo mundo se acalmou e eu me fiz de morta. Depois eu separei e novo desespero da família, que mandou quilos de congelados e recomendações sobre como operar o microondas.

Enquanto tudo isso acontecia, eu fazia minhas experiências e vou te contar, era frustrante. Num dia o arroz saia sopa. No outro, pedra. No outro, com gosto de vômito. Queimei sopa Campbells, queimei miojo, queimei nuggets e botei fogo na cozinha duas vezes. Cada vez que alguém cuspia o que eu cozinhava, eu jurava que ia desistir. E eu acho que se minha mãe não tivesse morrido, eu teria mesmo desistido.

Mas né. Quando as pessoas perdem alguém de quem gostam muitíssimo, criam uns mecanismos bizarros para prolongar a permanência dos sentimentos e sentidos ou para tentar ignorar a ausência ou só para confortar o coração. E foi mais ou menos isso que aconteceu. Quando fomos separar as coisas depois do enterro, achamos uma tonelada de cadernos de receitas escritos por ela. Eu nem disse nada, todos acharam simplesmente óbvio que essa herança fosse minha.

Comecei a folhear por curiosidade, para abrandar saudades só. Um dia animei e fiz uma das receitas e a sensação foi ótima. Era como se fosse uma homenagem, uma forma de manter vivo o “legado”, de passar adiante o que ela havia construído. Era também o mais próximo de conexão com ela que eu poderia ter. E o melhor: a comida ficou bem boa – panquecas – e virou minha especialidade. Hoje, a minha é melhor do que a dela.

Mas a partir daí, comecei a tomar gosto pelas horas picando, moendo, amassando, medindo, temperando, mexendo. Acho incrivelmente terapêutico e fico num bom humor inacreditável quando invento algum prato. Poucas coisas me deixam mais feliz do que oferecer jantares bem gordos para dúzias de pessoas ou descobrir um livro realmente bom de receitas. E é uma das poucas – talvez a única – coisas em que eu me aprovo pra valer.

Apesar do início torto, valeu a pena ter insistido. Hoje ninguém mais cospe minhas comidinhas e eu sonho com o dia em que ganharei uma bolada na megasena e poderei dedicar todos os meus dias a cozinhar para os amigos enchendo a cara de vinho durante o processo. É um bom vislumbre de aposentadoria.


*Pra quem também gosta do tema comidinhas e está começando a se arriscar na área, recomendo o livro da Nigella, a gordinha bonita do programa de TV: Nigella Express. Dezenas de receitas ridículas de tão fáceis e muito, muito rápidas. Fiz um macarrão com queijo espetacular em 30 minutos ontem - o da foto lá de cima. E tem um capítulo inteirinho sobre confort food. Nham.

terça-feira, junho 09, 2009

I hate myself and I want to die

Taí uma frase que 9 entre 10 adolescentes escreve em seu diário. Quem verbalizou foi o Nirvana, mas acho que é versão de uma outra música. Ou não, minha memória do grunge se apaga um pouco mais a cada dia. Mas fato é que todo mundo sofre de autopiedade vez por outra. Ou não, talvez só a minha roda de amigos. Enfim. Eu utilizo a autopiedade como passatempo. É super adequada para aquelas horas em que vc está tipo esperando o ônibus sem nenhum livro e não quer fazer um balanço da sua vida, ou um orçamento doméstico ou um plano de carreira ou qualquer coisa que o valha, só deixar o pensamento vagar.

Dependendo do meu humor, meu pensamento pode escolher uma entre duas rotas invariavelmente. Quando estou feliz, gosto de imaginar o que faria se ganhasse na Mega Sena. Consigo passar ho-ras imaginando casas, viagens e orgias regadas a champanhes cujos nomes eu nem sei pronunciar. Consigo fazer a lista de quantos gatos e cachorros eu teria, quais seriam seus nomes e se eles viajariam ou não no meu barco, que também teria um nome espirituoso. Consigo me imaginar diante das atendentes da imobiliária de Curitiba jogando um bolo de dinheiro em suas caras e apagando meu nome de seu sistema. Ou então pagando o advogado mais caro do Brasil para foder com a vida delas. É um mundo de deliciosas possibilidades.

Porém, se eu estiver triste, gosto de pensar em opções de suicídio. Antes que se crie um alarde desnecessário ou se que organize uma intervenção, deixo claro que o simples fato de eu verbalizar esse tipo de coisa significa que eu jamais me matarei. Continue lendo e descubra por que eu viverei plenamente todos o tempo que me resta antes que o cancêr, a (ou o?) efisema, o AVC, o infarto ou qualquer outra dessa pragas que vocês, não fumantes, rogam efetivamente me alcance e me leve lenta e dolorosamente para o descanso eterno.

Pensar em métodos suicidas funciona mais ou menos como um quebra-cabeças em busca da morte perfeita. Faz anos que penso nisso e ainda não achei uma solução que preencha a todos os meus requisitos de boa morte. Como toda capricorniana, sou pau no cu e exigente, cheia de requisitos, então esse é um exercício difícil e que toma muito do meu tempo. Ainda não montei uma planilha excel de prós e contras, mas cogito a possibilidade. Eu acho que tem que ser uma coisa discreta, possivelmente indolor e que pareça um acidente, para não chocar as pessoas que ficam. Mentira, é principalmente para que eu não fique conhecida pelas próximas gerações da família como "aquela que se matou". Tem três casos na minha família e eu nem sei os nomes das pessoas, são só o tio que se matou, a tia que se matou e o marido da tia que se matou. Triste. Vamos, então, às opções do cardápio:

Tiro: Questão 1: suja. Não gosto de imaginar que alguém vai ter que limpar e provavelmente ficará me amaldiçoando e gerando mais karma ruim para minha alma, que já estará bem fodida, se de fato existir. Questão 2: pode dar errado. É bem improvável, já que este método está entre os mais eficazes, mas eu já ouvi histórias de gente que atirou 1 mm pro lado errado e ficou vegetando. Vegetando e cheio de cicatrizes. Vegetandop, cheio de cicatrizes e sem poder terminar o que começou, mundialmente conhecidos como os maiores losers da história. Questão 3: não conheço o submundo do crime, nunca vi uma loja de armas e ficaria muito paranóica se precisasse comprar uma. Reprovado.

Queda: Leia meus lábios: n-e-m-f-o-d-e-n-d-o. Tenho horror de altura, tenho horror da bundgee jumping, tenho horror daquele brinquedo do Hopi Hari que despenca de 20 metros de altura e da sensação do estômago literalmente andar até a boca. Se eu escolhesse esse, ia ficar a queda toda me chamando de idiota e não é assim que quero passar os últimos segundos em minha doce companhia.

Veneno: Nip Tuck me fez desistir, mostrando que não é sereno nem pacífico, que você se vomita todo e sente dores excruciantes. Além disso, sou glamourosa demais para tomar algo indicado para ratos.

Remédios: envolve intensa pesquisa até descobrir o tipo e a dosagem certos. Depois, mais suor para conseguir a receita (se bem que eu sempre recebo spams me oferecendo toda a farmacologia disponível a um clique). Mas nesse caso, Ruy Castro me fez desistir, demonstrando a possibilidade de coisas darem errado e eu morrer afogada na privada (em "Carmem" ele conta um causo de uma atriz que armou todo um esquema luxo e glamour para suicidar-se, encheu a casa de velas e perfumes, fez o cenário da diva e se entupiu de barbituricos. Daí começou a passar mal e decidiu ir vomitar no banheiro pra não estragar a cena. Grogue dos remédios, tropeçou, bateu a cabeça na privada e morreu afogada. Or something like that. Deus me livre).

Metrô, trem, viadutos e afins: Odeio suicida performático que atrapalha o trânsito ou o nosso direito de ir e vir. Jamais.

Cabeça no forno: confesso que gosto muito desse. Acho romântico, limpo e indolor. Mas como não provocar uma explosão? Nunca entendi como as divas faziam.

Carburador do carro: Idem acima. Mas quem tem garagem hoje em dia no Brasil? Na garagem do prédio levaria umas três semanas e daí eu já teria mudado de idéia.

Forca: Não é indolor, mas é quase limpo e tem um certo charme vintage. Três coisas me incomodam: deve demorar e isso deve ser um pouco chato, não tenho onde pendurar a corda e a pessoa que me achar vai levar um puta susto. Deve ser uma visão do inferno achar alguém roxo, de língua de fora e todo cagado, balançando na cordinha. Não gostaria de criar esse trauma na vida da minha faxineira.

Afogamento: eu nado bem e simplesmente não consigo não nadar, estando na água.

Fora isso tem toda a logística relacionada: deletar os blogs, orkuts e twitter (e se eu mudar de idéia na hora H, depois de ter apagado todos eles???), escrever as cartas de despedida tentando convencer as pessoas que você não é um completo egoísta, terminar de ler todos os livros que estão na fila, não saber como vai ser o final de Lost... Dá MUITO trabalho e eu jamais teria saco para organizar tudo isso.

O que me atrai nessa história toda é o quebra cabeças mesmo, tentar achar um jeito que não tenha um "mas" envolvido. Aparentemente, não existe e morrer é sempre uma merda. Mas que pensar nisso tudo faz o ônibus chegar rapidinho, isso faz.

* Se você quer conhecer outras opções, clique aqui.
* Se vc não quiser ler posts gigantes, escolha outro blog.

terça-feira, maio 26, 2009

Tédio

Não tem aqueles dias em que vc acorda e se pergunta: "eu preciso MESMO sair daqui? Pra que?". Não que a cama esteja quentinha e gostosa, se for só isso é ótimo. Mas porque as respostas para o seu por que parecem tão idiotas... Eu preciso sair daqui porque tenho contas a pagar. Eu preciso sair daqui porque tem louça de seis dias na pia. Eu preciso sair daqui senão serei mandada embora de um trabalho que não significa absolutamente nada para mim. Eu preciso sair daqui porque senão terei que conversar com meu marido. Eu preciso sair daqui porque estou ficando velha e não arrumei um homem ainda e morrerei sozinha, afogada no meu próprio xixi. Eu preciso sair daqui porque senão vão pensar que sou vagabundo.

Ultimamente tenho acordado assim com frequencia. Eu não consigo encontrar uma única justificativa realmente boa para me levantar, o que é uma coisa bastante loser de se admitir. Geralmente eu me levanto porque já não aguento mais de vontade de fumar ou fazer xixi, então podemos concluir que meu vício e minha minúscula bexiga colaboram com a manutenção da minha sanidade. Mas ainda não me parecem motivos realmente bons para abandonar a cama.

Ganhar um milhão de dólares é um bom motivo para abandonar a cama. Ir para o Alaska, alimentar o cachorro, receber amigos, assistir seriados e mergulhar também. Não saber como vai ser aquele dia nem todos os outros pelo resto de sua vida ajuda. Mas nada disso acontece com frequencia. Quase nunca acontece.

Do alto dos meus trinta anos, eu ando com a impressão de que podem mudar os atores e o cenário, mas o enredo da minha vida vai ser sempre igual. E ele é tão entediante que eu prefiro dormir.


* Outro dia acordei com vontade de aprender a aplicar sombra nos olhos. Me pareceu um motivo muito bom, mas se mostrou um FAIL em caixa alta. Fiquei parecendo um travesti da rua Aurora e voltei pra cama mais deprimida, por constatar mais uma coisa que eu não sei fazer.

segunda-feira, maio 11, 2009

Da intolerância literária

Eu gosto de literatura ruim. Harry Potter, Crepúsculo, Bridget Jones e seus derivados, Melancia... A lista é infinita. Tem desenhos na capa? Tem muherzinhas rosadinhas na capa? Tem piadinhas irônicas e sagazes? Tem potencial pra virar filme? Eu gosto.

E vc aí do outro lado pensa, tá, e daí? É que revelar isso assim, pros meus 4 leitores o mundo todo é um imenso passo para minha auto-estima. Porque eu sempre li tudo isso em segredo, cheia de culpa e vergonha, perguntado ao Criador por que eu não conseguia ler Hemingway, Dostoievsky, Proust ou qualquer outro escritor de nome difícil com a mesma voracidade. Eu queria tanto ser inteligente!

Na minha outra casa eu tinha até uma estante da vergonha, onde toda a literatura ruim ficava escondida atrás da "Coleção Folha Grandes Escritores", cheia de Marguerite Duras, Henry Miller e Thomas Mann, comprada em 2002 e ainda no plástico. E tinha uma capa falsa pra embrulhar os Sidney Sheldon e Stephen King que eu devorava no ônibus.

Esta é a coisa mais idiota que eu já revelei na vida, mas eu simplesmente não conseguia lidar com o fato das pessoas pensarem que eu era o tipo de gente que lê esse tipo de coisa, porque este era um tipo de gente que eu mesma desprezava. Toda uma intolerância arraigada, desde a faculdade, quando cheguei saltitante e despreocupada com "Se houver amanhã" debaixo do braço e uma colega fez um escândalo tão grande que quase chamaram a polícia. Para prender a mim, por ousar ir para a faculdade com aquilo. Desde aquele dia, decidi que jamais passaria tal humilhação novamente. Eles iam ver só.

E foram anos e anos lendo uma tonelada de clássicos. Livros chatíssimos, mas eu fazia aquela cara de "Brilhante!" e me convencia que a felicidade residia em absorver cultura. As pessoas passaram a me respeitar, mas eu ainda não estava feliz. Sentia falta de aventuras mirabolantes, de piadas bestas, de zumbis e de elfos. Então eu aprendi a fingir e me encontrei. Os colegas de cafés filosóficos e leitores do meu perfil no orkut acreditavam que meu livro favorito era Crime e Castigo. Daí eu chegava em casa e me acabava com o Prisioneiro de Azkaban. Uma década de vida dupla. De dia Maria, de noite, nerd.

Hoje, graças a algo ainda mais vergonhoso chamado "Sessão de auto-ajuda", eu consigo me assumir publicamente perante a sociedade letrada. Joguei fora a estante da vergonha e exibo minha caixa importada de Lord of The Rings orgulhosamente na sala. Folheio Gossip Girl na Livraria Cultura sem me preocupar se alguém está vendo. Compro livros sobre participantes de reallity show gordas sem nenhuma dor. Para o bem ou para o mal, estou curada da minha empáfia, e bastante menos culta.

Mas em verdade, em verdade vos digo: Balzac é chato pra caralho e café filosófico de cu é rola.

terça-feira, maio 05, 2009

Em casa, finalmente

Poisé, mané, voltei pra casa. Um ano depois, tô de volta a SP. No fim, parece que eu nunca nem fui. E acho que nem devia ter ido.

Mas agora é casa nova de novo, arrumar mudança de novo, fazer obra de novo. Eu abro a minha janelona de manhã e vejo todo aquele caos, poeira, buzinas, atropelamentos, fugas e sinto uma paz tão grande. Nunca mais ouvi um único passarinho. Um único papagaio. Nunca mais atravessei a rua sem olhar pros dois lados. Já tomei chuva e andei na água de leptospirose. Feliz da vida porque tô de volta pro meu aconchego, trazendo na mala bastante saudade.

Sorrio pras moças de cabelos e roupas coloridas, pros moços de saia e chinelo, pras velhinhas de decote até o umbigo, pros velhinhos passeando com os cachorrinhos, pro vendedor de bala no sinal, pros ratos debaixo da ponte, pros malucos que falam sozinhos, pras primas da Augusta, pros ônibus que sacolejam e pra toda a feiúra de SP. Cidade mais linda do mundo, por causa de tanta feiúra. Se tem lugar melhor, me recuso a admitir. Piores são todos. Igual não existe.

E não discuta comigo. Discutir com uma pessoa apaixonada é a coisa mais idiota que alguém pode fazer. E eu estou vivendo meu grande e eterno e infinito amor. Felizes para sempre.

Aqui, e cerveja? Ainda vende nessa cidade? Ninguém me convida mais não?

domingo, abril 05, 2009

Nirvana

Lendo o Twitter, descubro, desolada, que hoje faz 15 anos que Kurt Cobain deu-se um tiro na cara e virou ícone de uma geração. 15 ANOS, porra. E eu lembro direitinho do dia. Estava lavando louça, ouvindo rádio e praguejando contra minha mãe por me obrigar a lavar louça. Entrou o plantão e deu a notícia e eu fiquei chocadísima. Sentei na cadeira com a mão cheia de sabão e chorei por horas.

É ridículo, eu sei. Mas eu tinha 15 anos e o Nirvana tinha mudado minha curta vida. Sem exagero. Até ouvir Smells Like Teen Spirit pela primeira vez, minha adolescencia não tinha sido lá das mais legais. Graças ao Nirvana eu encontrei um monte de gente que também se achava inadequada para a sociedade. E graças ao Nirvana a gente aprendeu o que fazer com essa inadequação, com o cabelo ensebado e com a falta de senso fashion.

Kurt Cobain não sabia o que fazer da vida e, por isso mesmo, entendia nossa dor e ganhava dinheiro com ela e o Nirvana fazia a gente sonhar em ser rock star sem precisar mudar nada, usando tênis rasgado e com a cara cheia de espinha. Ele não era bonito, nem descolado, nem simpático, nem nada. Ele nem cantava bem. Não havia nada, portanto, que nos impedisse de ser como eles.

Graças a ele, também, eu passei os 5 anos seguintes usando uma camisa xadrez horrorosa e sem pegar ninguém. Mas aí a culpa é da minha falta de discernimento, não dele.

sexta-feira, abril 03, 2009

Latino

Tave eu lá curtindo mais um sábado triste e solitário (o penúltimo) vendo BBB, quando começa festa com Latino. Quasimorro de inveja. Porque eu AMO o Latino. De verdade. Desde os primeiros tempos, desde "baby me leva que o futuro nos espera", ele me faz levantar, tirar os óculos, jogar o livro pseudo-intelectual pela janela e fazer as coreografias todas. Tem coisa mais poética que "desculpa eu, desculpa Kátia"? Não tem.

Latino me deixa feliz de verdade. Porque o brega é felicidade, gente. O brega é liberdade, é alegria, o brega é amor. E eu não estou fingindo que gosto de Latino para parecer cool, porque ser brega agora é cool, né? Eu REALMENTE amo o Latino. Eu REALMENTE tenho a discografia dele no computador e boto pra tocar quando me sinto triste.

Porque tem dias que você QUER sofrer, você quer chorar escorregando atrás da porta e deixando o rimel e o ranho escorrerem livremente, gritando "eu quero morreee-eee-eer". E daí você põe um Chico Buarque e sofre dicumforça e com a trilha sonora apropriada, imaginando que sua vida é uma novela ruim.

Mas tem dias que sofrer não tem glamour nenhum e é só uma aporrinhação do caralho. E pra que gastar uma fortuna com Prozac se você tem Latino de graça na internet?

quarta-feira, março 25, 2009

Para a minha mãe

E lá se vão quatro anos. As coisas que você me deu estão ficando gastas, bolorentas, rasgando e perdendo a cor. Os vestidos de festa que você fez estão lá no cabide, mas mal cabem, porque eu engordei um monte. Seu perfume está guardado na minha gaveta, ainda cheio, mas eu não tenho coragem de abrir.E tem as cartas, bilhetes, fotos. Eu evito, porque tudo que eles trazem são um monte de lembranças. Lembrar é muito pouco quando se ama tanto.

E as vezes eu tenho medo de esquecer como era sua voz e o gosto do seu bife à milanesa, porque eu já não sei mais qual era sua cor favorita. Acho que era roxo. Era? Não sei qual a relevância de lembrar disso tudo, mas me recuso a não lembrar. Cada coisa que esqueço, é um pouco mais de você que deixo ir embora, e se mais de você for embora, eu acho que não paro de pé. Ainda não aprendi.

Porque tudo isso é placebo, mas foi só o que sobrou. Não dá mais pra te ligar desesperada e perguntar "o que é que eu faço agora????" e fazer exatamente o que você disser. Eu ainda pergunto, mas você nunca responde. Ia ser estranho mesmo se respondesse. Eu ia ter de ligar pra Zibia Gasparetto e tals. E eu até tento pensar no que você faria, mas você tinha de ser essa criatura tão imprevisível só pra deixar tudo muito mais difícil, né?

Nisso a gente errou feio, TÃO feio. Você me ensinou a falar, ler, ser honesta, educadinha e classuda, mas não me ensinou a viver sem você, nem por quatro anos, quatro minutos, quatro séculos, nada. Você tava lá, sempre, sabendo tudo de tudo. E a gente nunca cogitou a hipótese de que não ia ser pra sempre. E agora eu fico aqui, ainda, me largando pelos cantos, fungando e fazendo mimimis que ninguém mais aguenta ouvir.

Sim, eu sei que não adianta nada ficar fazendo mimimi sobre isso. Mas achei que você precisava saber dessas coisas, saber que eu estou me esforçando de verdade e todos os dias pra continuar sendo o que você esperava que eu fosse, mas que eu decidi não ser como você. Porque a falta que você faz é insuperável e imensa e eu não quero fazer essa falta para ninguém. Espero que considere o altruísmo da minha decisão antes de me chamar de covarde :-). E, ainda que eu te odeie por toda essa porra de saudade, eu te amo mais por ser capaz de provocar uma saudade desse tamanho. Sei que você - e mais ninguém - entende o que eu estou dizendo, porque consigo me lembrar da sua voz dizendo. Que alívio.

terça-feira, março 17, 2009

Carnaval, futebol e eu odeio Cláudia Leite


Vendida
Upload feito originalmente por sussu1
Futebol já foi peça importante da minha vida. Mais novinha, eu ia ao estádio com meu irmão pelo menos uma vez por mês e sempre acabava a partida abraçada a trinta outros torcedores, gritando "ah, juiz, vai tomar no cu". Sabia a escalação do meu time e entendia até o significado de impedimento.

Daí passou. Sei lá por que. Peguei birra, não podia nem ouvir falar, aposentei a camisa. Vai ver que essa coisa de ganhar muito, sempre, me fez perder a emoção. Porque eu gosto mesmo de sofrer.

Então, neste final de semana, meus calégas me levaram ao jogo do Paraná Clube, grande representante da segundona nesse glorioso estado. Foi sensacional. O paraná PERDEU para um time que tinha 5 torcedores no estádio e do qual eu nunca tinha ouvido falar. Muito sofrimento, muitos gritos, muito xingamento. E eu descobri que torcer pra time ruim é uma delícia, porque é tão raro, mas tão raro ele ganhar, que quando ganha a gente fica em êxtase uns 10 dias.

Torcer pra time ruim faz a gente se sentir vivo. Claro, quando eu voltar pra minha terra natal, posso me acostumar de novo a uma vida de glórias e glamour futebolístico torcendo pelo SP. Mas uma coisa é certa: Paraná, eu nunca vou te abandonar!

* Estar no meio da torcida do Paraná é como estar naquele vídeo do Bátema, da feira da fruta, sabe? Os torcedores pronunciam cada sílaba dos palavrões de forma bastante nítida, Bátema. É sensacional.

sexta-feira, março 13, 2009

Fazendo show off

Não é querer causar inveja em ninguém, não (até porque minha opinião a respeito do tema está logo abaixo), mas eu GANHEI os ingressos do Radiohead. De alguém que gosta muito, muito, muito de mim, porque o ingresso tava custando quase um salário mínimo. Ou seja, além de existir alguém que gosta muito, muito, muito de mim nesse mundo, eu ainda vou de graça (e de bote) no show do ano, quiçá da vida, tamanha é a empolgação do povo.

Eu gosto de Radiohead. Mas quando eles surgiram eu ainda tava na fase punk e não dei a menor chance. Não ouvia, mas tinha certeza que era tudo música dedo no rabo. Depois eu ouvi, até porque não tem como não ouvir uma coisa quando ela fica muito, muito famosa, porque vira música-tema de propaganda de ONG. Confesso que AMAVA a música da propaganda do menininho com Síndrome de Down. Mas ainda assim, não ouviria por princípios. Princípios idiotas que fazem parte da vida quando vc tem 12 anos, mas não deveriam fazer quando vc tem 18, 20. Princípios idiotas dos quais eu ainda não me livrei inteiramente.

Daí tá. Eles vem pro Brasil e eu pensei: po, eu queria conhecer e ter virado fã só pra participar dessa comoção coletiva, porque eu adoro uma turba. Eu daí eu GANHO o ingresso e fico incrível. O mínimo que eu podia fazer era estudar. Baixei a discografia e fui ouvindo e "nossa, essa música é deles? Mas eu gosto tanto! Nossa, e essa também. E mais essa".

Resumindo: eu não merecia ir a esse show. Mesmo tendo descoberto tardiamente que gosto muito. Porque esse é um show para fiéis, não para meros fãs. Eu não conheço ninguém que "goste" de Radiohead. Eu só conheço devotos (devoção é geralmente associada a músicas muito ruins, e nesse caso eu acho realmente que Radiohead é uma deliciosa exceção. Além de ser bem bom, os fãs não são chatos. Só depressivos, o que é até charmoso. Mas pega fã de Doors. De Pink Floyd. De Raul Seixas, Legião Urbana, Los Hermanos. Me deixa duas horas trancada num quarto branco com um desses tipos que eu me mato a dentadas nos pulsos).

Por isso, essa semana ninguém fale comigo. Tô concentrada no intensivão de decorar a discografia e pintar o cabelo de loiro Tom York (acho um luxo). Até dia 22 já estarei madura o suficiente para chorar histéricamente em cada acorde e para achar até a respiração deles uma lufada de genialidade. Eu tenho que merecer o meu presente.

quarta-feira, março 04, 2009

Inveja, grandes merdas

BBB está eletrizante, como vocês, pessoas antenadas, inteligentes e ocupadas como eu, devem estar acompanhando. Eu me emociono todos os dias, mas não estou pessoalmente envolvida com nenhum participante, não tenho um favorito. Até da Prianha ando meio de bode. Então, eu não adoro ninguém, mas eu odeio algumas pessoas. Odeio com todas as forças do meu coração. Flávio (grande decepção). Naná. Cadela do nariz de batata. Josi. Odeio.

E este é o grande serviço que o BBB presta a mim, pessoalmente. A possibilidade de canalizar meu ódio e meu desprezo a seus participantes e não a pessoas da vida real. Percebo que durante o programa todos os meus relacionamentos melhoram, porque eu fico ocupada demais com os relacionamentos DELES, para estragar os meus. Obrigada, Boninho. Obrigada, Bial. Obrigada, Brasil.

Essa semana, em particular, estou tensa com a briga entre a Fran e a cachorra do nariz de batata, cujo nome me recuso a pronunciar, porque eu vomito. Eu gosto da Fran. Ela é engraçada e boba e eu caguei se tudo aquilo que ela faz é real ou não. Porque me faz rir e é pra isso eu assisto aquilo lá, pra rir e pra chorar. Se eu quisesse vida real, lia o jornal. O que eu não faço, porque suja o dedo e é muito chato.

Mas enfim. Elas brigaram. E a cadela já havia brigado com minha outra queridinha, Milena. E a desculpa da cadela é sempre a mesma: todo mundo tem inveja dela. As demais loiras da casa assinam embaixo. Todo mundo tem inveja delas três. Mas eu nunca vi elas dizerem POR QUE as pessoas teriam inveja delas. Porque eu não vejo nada de invejável ali, absolutamente. Em nenhuma delas.

E é por isso que eu odeio esse argumento e as pessoas que usam esse argumento: "fulano me trata mal porque tem inveja de mim". "Eu sempre sofri muito na vida porque as pessoas tinham inveja de mim e me boicotavam". "Não fui promovido porque o chefe tinha inveja de mim". Inveja, pra mim, é conversa pra boi dormir.

TODAS as vezes que ouvi esse tipo de coisa foi de gente:
a) chata pra caralho
b) burra pra caralho
c) incompetente pra caralho
d) vazia pra caralho

E que não tinham amigos nem progrediam na vida por uma dessas razões. Só isso, mais nada. Nenhuma pessoa realmente legal se incomoda ou se sente alvo de inveja. Pelo menos, não nenhuma que eu conheça.

Por isso eu acho que essa coisa de inveja foi a desculpa mais conveniente que já inventaram para as pessoas continuarem sendo péssimas pessoas e botarem a culpa nos outros.

E por isso eu acho mesmo que a Fran devia quebrar a cara da cadela*. Fez a fama, deita na cama. Quero ver a cadela dizer que alguém tá com inveja da cara amassada dela.

* Mas só depois que ela ganhar o programa, senão é eliminada. Por enquanto, ela podia só jogar as roupas todas da outra na cândida e as maquiagens na piscina.

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Você

30 anos e eu não sabia. Achei que soubesse, mas não fazia idéia do que era amar.

Cuidei, empurrei, nutri, amparei, imaginei, desejei, esperei, fiz de conta, fingi. Mudei, me disfarcei, me culpei, me puni. Achei que tudo isso era amar. E nada daquela felicidade toda que todo mundo dizia que o amor trazia. Uma vida inteira bege. Amor?

De repente, o vermelho, o roxo, o amarelo, todas as cores quentes em todo o seu metro e noventa. Um soco, um tiro, um grito, um borboletário inteiro na barriga. Dor, delícia. Você. A vida, enfim acontecendo.

Agora sim eu entendo tudo. O porquê de tantas músicas, tantos livros, tantas poesias. Você, simplesmente. Sem idealismos, sem mentira, sem esforço.

Você, simplesmente. Meu amor.

Até que a tela os separe

As pessoas vivem discutindo o amor e a vida a dois. Ficam ricas ensinando como encontrar o primeiro ou aturar o segundo (e eu as invejo).

Mas pra mim, não tem mistério. Eu só procuro uma coisa em um homem: que ele não me olhe com cara de Q?? quando eu disser que meus planos para o carnaval/fim de semana/ dia santo/ horas livres em geral são assistir a três filmes seguidos no cinema, depois passar na locadora e alugar mais oito e depois dar uma olhadinha no que tá rolando nos Telecines. Pode parecer simples, mas nunca aconteceu. Sempre, sempre, sempre a cara de Q?? e a expectativa que eu diga "é brincadeirinha".

Mesmo aqueles que dizem que gostam de filmes, depois vem com aquela conversinha de "Veja bem, meu bem, há limites".

Eu nem sei se é o caso do cidadão de fato gostar de filmes, porque não é disso que se trata. Se fosse, eu não teria todos os Harry Potter na estante. Se fosse, eu não pagaria pra ver Marley e eu (não vi por motivo de força maior, mas verei). Eu não tenho critério, veja. Se há uma tela e uma história acontecendo, eu vejo. Mesmo que já esteja na metade. Mesmo que eu já tenha visto 47 vezes. Mesmo que eu até tenha mais o que fazer.

Não é questão de ser cinéfilo, pois. Até porque acho meio cafona quem assim se define. É questão de simplesmente não gostar de fazer mais nada. Acho que é aí que o caldo entorna, porque geralmente as pessoas costumam gostar de uma ou duas outras coisas, mas eu não. Eu só gosto disso. O resto só me distrai.

Portanto, eu posso até ser muito, muito, muito chata com essa coisa de gostar de uma coisa só. Mas que ninguém venha dizer que eu sou difícil de agradar, pois taí uma mentira deslavada. Se aceitar meu vício e não peidar debaixo das cobertas, tô casando.

Vício



Grata surpresa depois de passar quase uma hora procurando um restaurante japonês na Liberdade. Sim, eu sou retardada.

Não vivo mais sem, mas é CLARO que em Curitiba não tem (meu forte é a rima). Preciso urgentemente de um traficante.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Lifting

Venci a velha que em mim habita e cedi aos convites do blogger para atualizar meu layout. Assim como Regina, eu tenho medo. Porque eu ainda sou do tempo em que precisava saber html pra arrumar o blog, não era essa coisa de arrastar caixinhas pra cá e pra lá. Todo um trauma. Hoje nem se usa mais html, usa?

Enfim. Arrumei. Ficou cocô, perdi metade dos links, tá tudo apertadinho e feio e enfim. Vai ficar assim porque a preguiça, ah, a preguiça. Se o seu link estava aí e não está mais e você deseja que volte a estar, me mande seu endereço. Não é nada pessoal quanto ao seu blog ou à qualidade de sua escrita, é apenas um caso de gente que não sabe lidar com tecnologia. Eu ainda gosto muito de você.

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

As vagabas do BBB

Então essa é aquela época do ano em que eu fico AINDA MAIS monotemática e as pessoas ficam me odiando e desprezando e eu cago pra elas. É época de BBB. E eu tento, juro que todo ano eu tento me curar. Mas daí inventam muros, bolhas, velhos, quarto do pânico e o caralho a quatro e eu não me contenho. Esse ano, inclusive, estou com ganas de assinar o Pay Per View e inventar uma pneumonia infecto-contagiosa no escritório, pra poder viver de BBB e Pizza Hut.

Até porque, se eu não assistir, não entendo as piadas dos melhores blogs do mundo. E assim não dá pra ser feliz, sem as piadas deles.

E, como em todas as edições, eu caí de amores pela vagaba da vez. Outra coisa que também não muda. Eu sempre me apaixono pela vagaba da vez, desde Faninha, passando pela Miss "não dou o cu porque dói", e agora a Mulé Fruta.

Não existe BBB sem a vagaba. É sempre ela que dá graça e bota fogo naquele povo mal-comido. Eu acho que eu gosto das vagabas porque elas podem até sair logo, já que o povão abomina mulé que assume que gosta do babado, que vai pra cima e que se diverte como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há-á-á-á. Mas enquanto tão lá, elas fazem bem mais do que peidar no ofurô, tomar sol ou dormir.

E a Mulé Fruta, em especial, tá ganhando meu coração mais e mais a cada dia. Ela veste roupa de oncinha sorta na noite pra prova de resistência. Ela provoca a noivinha do casal oficial do BBB9. Ela cai de perna aberta quando tá beuba e nem faz caso disso. E se Bial insinua que ela é vagaba, ela responde: "Fazer o que, né? Juro que na próxima vida eu venho decente". E ainda por cima joga limpo e assume que joga. Nada de transformar BBB em spa.

Por mim dava o milhão pra ela já e fechava o resto naquela casa pra sempre pra se matarem da tanto gritar u-hu.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Dinheiro que é bom, nada

Alá os anúncios do Google me zuando de novo: cabelos quebrados, cabelos FEIOS e o melhor de todos: esposa infiel.

Seu Google, não bota o carro na frente dos bois. Primeiro me arruma um marido, depois a gente pensa na fidelidade.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Não é uma recaída, ou blog te faz sentir

É só uma homenagem a dois posts que eu achei muito bonitos e verdadeiros, sobre coisas que eu já senti, ainda sinto ou estou aprendendo a deixar de sentir. Um foi da Fal:

"Eu só posso entender quem não tem mais saco pra me ouvir sofrer. Eu não me aguento mais sofrendo, então, imagino quem tá em volta. Tem dias que vc se pergunta, mas porra, de onde vem tanta dor? Faz um ano e meio, essa porra não era pra tar diminuindo? Choro todos os dias, lembro todos os dias, nas coisas pequenas e nas grandes. Meu peito dói, todos os dias. Entendo as fofocas paralelas das felizes profissionais "ai, lá vem ela de novo". E, juro por deus, eu me controlo o mais que eu posso. Pelo menos por e-mails e ao vivo. No blog não, pq o blog é meu, lê quem quer, quem gosta.
Mas sério, entendo as reviradas de olho, as bufadas, os "não fique assim", que na verdade querem dizer "não fique assim perto de mim, pq eu tou de saco cheio".
Normal.
Mas, afe, muito tem me feito arregalar os olhos gente que bota data pra vc parar de sofrer. A moçada tem prazo. Pra você cumprir. Que tenham prazo pra aturar a gente, certíssimos, faz muito tempo, é um saco, recue. Mas botar data pro sofrimento alheio acabar, causa-me espécie.
Dai que fico muda. Falo aqui e na terapia, mas a terapia não dá conta da dor, que só alivia qd a gente fala sobre. Mando pouco e-mail, falo pouco e geralmente do tempo.
Quando vc vira um chato profissa, vc acaba não tendo com quem conversar, a verdade é essa. Ou vc ouve um "para de sofrer" ou uma edificante lição de vida. Um soprinho no rosto ninguém mais tem saco. Afinal, Fal, faz um ano e meio, já ouvimos todas as histórias. Back off."

Fal, faz 4 anos comigo e já tem bem tempo que eu só converso disso comigo mesma e com os gatos, porque a revirada de olho é de doer.

E o outro é o da Lan, de um outro tipo de saudades - quem nunca sentiu que jogue a primeira pedra:

"Acho que faz parte de todo amor perdido, após o auge da dor e do desespero, o esquecimento acolhedor e morno, que nos leva pra bem longe, até que acontece um gesto, uma atitude descuidada, uma palavra torta e pronto, vem a surpresa e com susto nos machucamos de novo, como se fosse a primeira vez. Seguimos neste ciclo, over and over again, cada vez com menos intensidade, até que a idéia de ser amado por aquela pessoa vá embora do corpo como um remédio que é eliminado pelos rins, ou um veneno.

A pior saudade é aquela saudade que a gente sente de alguém que não sente saudade da gente."

Me agarro na idéia em que chega o dia que essa daí vai embora de vez, Lan. Tem que ir, a desgramada.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Dilemas da humanidade - parte 5438976

Faz semanas que estou pensando em adotar novos gatos. Nunca na vida, desde que eu nasci, eu vivi sem gatos em casa. Desde que me mudei e meus filhos foram roubados de mim, entretanto, decidi que não adotaria outros enquanto não estabelecesse pouso em algum lugar. Não estabeleci, não sei como será o dia de amanhã, mas não suporto chegar em casa e não ouvir nada além dos "não é a mamãe" do papagaio do vizinho. Sinto falta dos miaus, ron-rons e fssss. Muita falta.

Por outro lado, também estou encantada com cães. Nunca fui do tipo cães, mas ultimamente estou dando trela para qualquer um que me olhe com amor na rua. Nos últimos meses permiti mais lambidas em minha cara do que ao longo de toda a minha vida. Cães fazem festinha e obrigam você a levá-los para passear, o que pode me ajudar a emagrecer. Mas também comem sapatos, livros e o que mais houver ao alcance. Cães podem matar um malfeitor que cisme de se aproveitar de minha nobreza de trintona solteirona sozinha e invada minha casa. Gatos se esconderiam no guarda-roupa e comeriam meu corpo assassinado, num caso desses.

Ou eu poderia pegar um cão E um gato e assim ter a felicidade completa e a vida social aniquilada. Mas seria um ótimo treino para a maternidade, possibilidade que venho almejando muito ultimamente. Eu preciso descarregar meu instinto maternal em alguma coisa, já que o cão virtual do nintendo DS não supre mais minhas necessidades.

Oh, dúvida cruel.

Donos de animais, me aconselhem. Eu prometo não comprar um bicho de pedigree.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Blog com cara de bolinha

Daí que o blog reabriu mas eu continuo sem ter nada pra dizer, porque eu estou feliz e felicidade não dá o menor ibope e também não nos inspira a escrever nada. Eu só consigo escrever um monte quando é pra reclamar. Sempre que eu tento escrever algo feliz, fica parecendo livro de auto-ajuda e eu morro de vergonha.

Vão ler o blog do Padula que vocês ganham mais (risadas):

"Flora: >=)
Donatela: =("

Morri.

PS.: Eu cortei o cabelo, mas não ficou igual o da mulé da foto. Tipos, eu nem fiquei parecida com ela nem nada. Fail again.

terça-feira, janeiro 20, 2009

Definitely, Maybe

Retirem tudo o que eu disse. I'm not a little bit Clementine. I'm not a little bit Charlotte, nada disso. I'm Definitely, Maybe, Will Hayes.

Assisti ontem e, definitely, maybe, acho que é o melhor filme que já vi na vida. Mentira, não é. Mas certeza que é o filme certo pro momento certo. Tão, tão, tão, tão certo. Acertar, errar, cair, levantar, começar tudo de novo e jogar miojo na televisão. Conformar-se por desespero. Dúvidas, incertezas e um monte de cagadas baseadas naquilo que a gente acha que é o "certo".

Sendo que ninguém sabe o que diabos é isso. No fundo todo mundo só quer ser um pinguim.

Alguém peloamordedeus me ensine a baixar vídeos (sim, sou retardada e ainda não sei), porque eu quero assistir todo dia. Pra me lembrar que fazer cagada é muito normal.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Apesar de ser mais fácil ser honesta quando você sabe com quem está falando, dá trabalho ficar autrorizando as pessoas pra ler. Então parei de bichice e pronto, taí minha vida pública novamente, a quem interessar possa. A gente tá com a bunda exposta na janela pra passar a mão nela.

terça-feira, janeiro 13, 2009

Feliz, 2009

Nunca a frase "adeus ano velho, feliz ano novo" fez tanto sentido pra mim. Os últimos 20 dias foram de intensa transformação. Olhei pra dentro de mim e não gostei. Só vi tristeza, desânimo, apatia e saudade. Impossível caminhar assim, impossível ver alguma cor na vida. Cansei da garota enxaqueca.

Expurguei todo esse lixo colocando ponto final nas sentenças em aberto, dando e ganhando muito abraço, beijo, declarações de amor, madrugadas de fofocas, mergulhos no mar e goró, que ninguém é de ferro. Fiz planos, tomei decisões, me dei broncas e fiz uma coisinha tão simples e, ao mesmo tempo, tão complicada: optei por ser feliz, por ver o copo meio cheio, por dar uma chancezinha à paz.

Hoje, entrei nos 30 alegrona, bronzeada, descansada e de bem com a vida. Numa nice, me achando a maior delícia nos meus peep toes verdes. Sem festa, sem bolo, sem parentes, sem presentes, mas segura do montão de amor que me rodeia.

Tenho dormido que é uma beleza, porque tudo está dando certo. Ninguém precisa me provar. O que é inho ficou pra trás. Que venha tudo que é ão: corpão, maridão, casarão, empregão, salarião. Trintão.

Tô adorando!