domingo, julho 22, 2007

Construção de caráter

Eu acredito piamente que todas as pessoas mais legais que eu conheço hoje em dia foram adolescentes extremamente feios ou inadequados para a sociedade. Inclusive vi fotos e comprovei a tese. De minha parte, revelo que eu tinha 88 quilos distribuídos por 1,58 cm, cabelón sem corte, bermuda xadrez até metade da canela e camiseta do Nirvana que parecia uma canga de praia. Só me faltava mesmo o bigodenho de empacotador, porque o resto estava todo lá. Era triste e sofrido. Eu chorava no escuro em posição fetal e ouvia músicas tristes e escrevia cartas e mais cartas suicidas. Uma vez tentei dar cabo da vida tomando todo o vidro de pílulas homeopáticas, daquelas de açúcar. Eu sabia que não seria fatal, mas esperava pelo menos uma dor de barriga. Tive apenas cáries, por causa do açúcar.
Mas nada disso vem ao caso. O que vem realmente ao caso é que eu acho que ser feio na adolescência ajuda a construir um bom caráter e faz as pessoas melhores. Porque em uma época da vida em que todo mundo só quer saber de pegação, feiosim tem que se destacar de outro jeito que não seja pelo look. Daí aprende a ser engraçado, a entender a piada, adota a ironia como segunda língua, aprende um outro talento qualquer que o permita se destacar (no meu caso foi a bateria). Daí quando a fase ruim passa, o peso extra vai embora junto com a maioria das espinhas e a pessoa desenvolve um gosto mais requintado no vestuário, sobrou mais coisa que o rostinho bonito. E dá pra aprimorar sempre.
Não que ser bonito na adolescência seja chato. Deve ser bem legal também, toda uma vida de glamour. Mas eu tenho o direito de acreditar que não ter sido do grupo popular trouxe valores pra minha vida, dá licença? Não sei se eu seria o quindinzinho que sou hoje se tivesse sido linduxa naquele tempo. Provavelmente não. Certamente eu seria a maior beatchi.

Acabou o recesso típico de quando eu fico louca do cu. Sol em Urano e essas merdas todas. Não que alguém tenha perguntado.

15 comentários:

Anônimo disse...

Olha, se tem uma coisa que me da vontade de ir pra praia, tomar um bronze, curtir uma galera, uma paisagem maneira... é estar sentado sobre uma canga com a cara do Kurt Cobain. Você pode ter certeza do que eu to falando!

Camila disse...

Eu era MUITO esquisita na adolescência. Na aparência e no jeito. Quando eu tinha uns 17 anos e me apaixonei por um gatenho do bairro, ele me chamava de Carrie e dizia que nunca ia beijar uma ogra como eu. NICE. Eu concordo com sua teoria, viu, Su. Concordo demais demais. Complemento com o que o Klein me disse um dia: que os outsiders de ontem viraram as pessoas descoladas de hoje. Quando eu reencontro algumas "gatinhas" da época do colégio, só comprovo isso.

Anônimo disse...

Eu era a Olivia Palito. Alta demais, magra demais. Peito nenhum. Com muitas espinhas. E inteligente demais para ser popular. Lia, lia lia. Muuuuuitos livros.
Na reunião da minha turma de ginásio, uns dois anos atrás tive a minha vingancinha. Matei a pau.

neutron disse...

19 anos ainda é adolescência? Se for, eu tô feito :)

Unknown disse...

Concordo com cada palavrinha.

A. F. disse...

Eu assino embaixo de tudo. Outro dia eu tava conversando com uma menina de uns 14 anos (!!) e ela me disse que era feia, que os amigos zoavam com ela e blá. Eu falei assim: "querida, não se preocupe com isso. Todas as pessoas que eu conheço que eram lindas e populares na época da escola viraram uns brucutus, e os feiosos e nerds, ao contrário, se tornaram as pessoas mais cool de hoje".
By the way, eu também usava bermudas de flanela até o joelho com camisetas gg, alternando esse modelito com saias ripongas. Uma graça Su, uma graça!!

Renata disse...

todo mundo que eu conheço que era estranho na adolescência tá óootimo agora.

e quem era lindo? o povo embarangou total...

Littlemabel disse...

putz, no comments! sábias palavras.

Anônimo disse...

Neutron, eu acredito que a adolescência vai até uns 34, mais ou menos.

Coincidência ou não, o povo bonito da minha escola ou teve 8 filhos e embarangou ou virou vendedor de seguros e embarangou.

Sábio universo.

RodOgrO disse...

PQP, mas sua teoria tem que ser registrada JÁ e sair na Science!! Só não acredito que você pensou nessa teoria antes de mim! ;)

RodOgrO disse...

*perdão, quis dizer Scientific American! heheh

Anônimo disse...

Pagando bem, aceito a publicação.

Patricia Scarpin disse...

Eu era baixinha, branca feito uma vela e coberta de sardas. E pra piorar era CDF pra cacete, daquele tipo que todos odeiam mas que os professores amam.
Demorei pra burro pra "criar corpo" então parecia uma anã perto das meninas com peitinhos e afins.

Sabe que foi difícil pra caramba mas hoje acho que me saí até que bem?

Amei o post, me identifiquei pra caramba.

Suzana (xará) disse...

Eu era rebelde... não era feia mas fazia tudo para parecer, desprezava as bonitinhas, valorizava a cabeça, as idéias, andava com os outsiders... E é verdade, as gostosinhas estão todas uns bagulhos, eu já passei dos 40 e to uma gata!!!

Anônimo disse...

Parabén, parabéns, parabéns! Sou mãe de 3 adolescentes e tb já fui, sei bem do q vc está falando. Parabéns pela coragem de se expor e pelo exemplo de superação. Contente pelo nr de jovens q se identificam, espero q ajude mtos a passarem por essa fase difícil. Gde abraço!