sábado, dezembro 31, 2011

2011 em cinco cenas


Não preciso nem de palavras, preciso? And the Oscar goes to 2011, seu lindo.

quarta-feira, dezembro 21, 2011

I do!


Há pouco mais de um ano, discorri sobre todo meu horror quanto a ser uma esposaE daí eu casei. De verdade, no cartório, com festa, com vestido branco (na verdade Off White com Pink), com buquê, com votos, lágrimas, dia da noiva e tudo o mais que manda a tradição. Não teve padre e eu entrei ao som de Flaming Lips, mas ainda assim foi um casamento, não resta dúvida.


Durante toda a vida, defendi que apenas o amor bastava para que duas pessoas ficassem juntas e que elas só devem permanecer juntas enquanto estiverem felizes. Se um dia isso acabar, basta cada um seguir seu rumo. Eu ainda acredito nisso tudo. Mas hoje eu acredito também que o mundo mudou pra melhor no que diz respeito a relacionamentos.


As mulheres da geração anterior à minha precisaram brigar muito pelo direito de ser vistas como pessoas inteiras, independente de ter ou não um homem ao seu lado, de poder fazer sexo quando e quanto quisesse, com ou sem compromisso, com ou sem satisfações, de ser reconhecida profissionalmente. Eu não acho que a briga está ganha, a gente ainda precisa muitas vezes lembrar ao mundo que temos valor, sim. Só que hoje a gente não tem mais medo de lembrá-lo disso sempre que precisamos.


E essa geração anterior à minha, além de toda a revolução sensacional que proporcionou a nós, mulheres, criou filhos. Homens bem melhores do que aqueles pelos quais foram criadas e até com os quais se casaram. Eu sou uma fã incondicional dos homens de hoje, acho-os tão fantásticos que sempre me sinto meio esquisita quando vejo as amigas reclamando deles. Tudo bem, eles são meio confusos, meio deslumbrados com o excesso de possibilidades do mundo, meio infantis, mas, ainda assim, são todos tão extremamente cheios de sentimentos, cheios de consideração, respeito e humor! Amigos, companheiros, confidentes, parceiros de verdade.


Para as nossas mães, avós e bisavós, o casamento nem sempre era uma escolha e muitas vezes não tinha final feliz. O divórcio é quase uma novidade para as brasileiras, lembram? E a coragem pra assumir a vida, o trabalho e os filhos sozinha, para quem foi criada para cuidar da família e do lar? Hoje pega até mal quando alguma menina diz que quer “casar bem” pra poder ficar em casa cuidando das crianças. 


A gente vai pra rua cedo, faz a vida, constrói a independência emocional e financeira. Descobrimos que os caras legais existem, aos montes, nos apaixonamos, mas não temos mais nenhuma pressa. Vamos construindo juntos e o casamento é só um jeito delicioso de comemorar isso. Que acontece cada vez mais tarde, quando já temos maturidade e muito mais segurança em nossas certezas. E, ao contrário de antigamente, não é mais obrigação, essa é a beleza da coisa toda. Se não der certo, vocês dois sabem como seguir seus caminhos por conta própria. 


Por isso eu adorei casar. Porque hoje é possível ser “nós” sem precisar jamais abrir mão do “eu”.

terça-feira, dezembro 20, 2011

Incontrolável


Há alguns meses eu venho sentindo uma certa inquietação, que eu não sei bem de onde vem. Um comichão por dentro, me pedindo: “escreve, escreve, escreve”. E eu pergunto: “mas escrever o que?” “Sei lá, só escreve”. Então eu sento pra escrever e você pode ouvir o farfalhar das bolas de feno rolando dentro do meu cérebro. Nem um bilhete. Nem sequer um post pro blog, coitado.

Ando com três diferentes cadernetas na bolsa, todas bem lindas, com papel de gramatura 120. As três contém apenas contas e listas de supermercado. E olha que eu tenho pensado bastante, mas o caminho da ideia pro papel tem parecido mais longo do que de costume, a vida parece andar barulhenta demais e a minha autocrítica mais cricri que mãe judia.

Ainda assim, esse comichão persiste me aborrecendo. Eu o espanto feito uma abelha chata, e tal qual o persistente inseto, ele volta zumbindo cada vez mais alto. E vem de mãos dadas com o outro comichão, que repete “odeio meu trabalho, odeio meu trabalho, odeio meu trabalho”. As vozes na minha cabeça são assim, preguiçosas e metidas a literatas.

E fazem com que eu me ponha a sonhar com uma outra vida, uma vida em que eu conseguiria escrever e me tornar de fato uma escritora, vivendo em um país onde seria possível me sustentar dignamente sendo apenas escritora e calar a boca dessas duas vozinhas extremamente chatas – e da mais chata de todas, aquela que fica repetindo: “mas você nem tentou”.

E não acho que um dia eu vá chegar a tentar realmente. Me parece um pouco absurdo demais sequer imaginar uma coisa dessas. Não tenho essa pretensão, mesmo.

Só que não consigo mais não fazer nada a respeito dessas malditas vozes. Então criei uma pasta super secreta e protegida por senha no computador, onde salvo algumas crônicas bem vergonhosas, as quais nunca mais abro depois de terminar. E ando com uma certa vontadezinha de leve de me matricular em um curso de escrita criativa, desde que ninguém exija ler nada meu em público, desde que eu possa ficar bem quietinha ali no fundo da classe. Não sei se tem algum em SP, isso parece tão coisa de filme de nova iorquinos tentando se encontrar na vida. Será?

Talvez tenha alguma coisa a ver com meu signo saindo de sua fase de eclipses, talvez seja só o peso da idade jogando meus sonhos frustrados em minha cara. Talvez eu deva tentar ser um pouco menos dramática e simplesmente encarar isso como um hobby, como corte e costura ou jardinagem. Que é a única coisa que a escrita pode ser para mim hoje. E tudo bem, não tem problema que ela seja só isso. Ela só precisa ser.