sexta-feira, março 13, 2009

Fazendo show off

Não é querer causar inveja em ninguém, não (até porque minha opinião a respeito do tema está logo abaixo), mas eu GANHEI os ingressos do Radiohead. De alguém que gosta muito, muito, muito de mim, porque o ingresso tava custando quase um salário mínimo. Ou seja, além de existir alguém que gosta muito, muito, muito de mim nesse mundo, eu ainda vou de graça (e de bote) no show do ano, quiçá da vida, tamanha é a empolgação do povo.

Eu gosto de Radiohead. Mas quando eles surgiram eu ainda tava na fase punk e não dei a menor chance. Não ouvia, mas tinha certeza que era tudo música dedo no rabo. Depois eu ouvi, até porque não tem como não ouvir uma coisa quando ela fica muito, muito famosa, porque vira música-tema de propaganda de ONG. Confesso que AMAVA a música da propaganda do menininho com Síndrome de Down. Mas ainda assim, não ouviria por princípios. Princípios idiotas que fazem parte da vida quando vc tem 12 anos, mas não deveriam fazer quando vc tem 18, 20. Princípios idiotas dos quais eu ainda não me livrei inteiramente.

Daí tá. Eles vem pro Brasil e eu pensei: po, eu queria conhecer e ter virado fã só pra participar dessa comoção coletiva, porque eu adoro uma turba. Eu daí eu GANHO o ingresso e fico incrível. O mínimo que eu podia fazer era estudar. Baixei a discografia e fui ouvindo e "nossa, essa música é deles? Mas eu gosto tanto! Nossa, e essa também. E mais essa".

Resumindo: eu não merecia ir a esse show. Mesmo tendo descoberto tardiamente que gosto muito. Porque esse é um show para fiéis, não para meros fãs. Eu não conheço ninguém que "goste" de Radiohead. Eu só conheço devotos (devoção é geralmente associada a músicas muito ruins, e nesse caso eu acho realmente que Radiohead é uma deliciosa exceção. Além de ser bem bom, os fãs não são chatos. Só depressivos, o que é até charmoso. Mas pega fã de Doors. De Pink Floyd. De Raul Seixas, Legião Urbana, Los Hermanos. Me deixa duas horas trancada num quarto branco com um desses tipos que eu me mato a dentadas nos pulsos).

Por isso, essa semana ninguém fale comigo. Tô concentrada no intensivão de decorar a discografia e pintar o cabelo de loiro Tom York (acho um luxo). Até dia 22 já estarei madura o suficiente para chorar histéricamente em cada acorde e para achar até a respiração deles uma lufada de genialidade. Eu tenho que merecer o meu presente.

5 comentários:

Stelline disse...

Siiiim e eu te espero em SP pra chorar junto... rsrs

Bjsss

Loo disse...

"música dedo no rabo"

vou aderir no meu vocabulário


obrigada

Thiago Padula disse...

Acho que nunca esperei tanto por um show na vida. E olha que eu já vi bandas que eu até gosto mais.

dima disse...

Expectativa coletiva. Nunca vi gente tão diferente esperar tanto pelo mesmo show! E me deixei contaminar... Quem sabe a gente não se encontra naquela multidão?

Anônimo disse...

Nunca fui muito fã. Comprei o ingresso porque sabia que o show ia ser bom. Como vc, baixei todos os discos e tenho escutado (não tô chegando a me empenhar. Ainda prefiro punk rock, mas enfim...). O que me empogou mesmo foi saber que o Kraftwerk também vai tocar.