sexta-feira, janeiro 28, 2011
I’m a loser baby and I’m proud of it
Eu gosto mais dos inadequados para a sociedade do que dos adequados. Mas é facílimo ser um loser do tipo Glee, convenhamos. Popular na impopularidade. Divertido na inadequação ( ou vai dizer que você nunca riu do Bazinga do Sheldon?). Não dói tanto assim, vai. Tem seu charme, é um loser cool. Todo mundo quer ser a Rachel Barry ou o Sheldon.
Mas quem quer ser a Sue Heck? A menina realmente feia, sem charme nenhum, sem talento pra nada, cujo nome ninguém se lembra. E que, ainda assim, é feliz e nem se liga que é loser. Portanto, não consegue ser cínica, amarga ou irônica. É simplesmente uma tonta que você adoraria, se conseguisse notá-la em uma sala com duas pessoas. Ninguém quer ser a Sue Heck.
Porque tudo que ela causa é vergonha e desconforto extremo. Ela é verdadeiramente inadequada para a sociedade. E por isso eu a amo. Cada vez que alguém me chama de Solange ou Silvana eu a amo mais.
Porque ser loser por ter menos de 200 seguidores no twitter é fácil. Difícil é ser a Sue.
quinta-feira, janeiro 13, 2011
Uma carta de aniversário
Vou confessar que, depois de seis anos sem ouvir o seu "Parabéns, minha caçulinha", sem o beijo babado e o abraço apertado nas primeiras horas da manhã, estou quase me acostumando. Quase aprendi a blindar o coração contra a saudade de você. Quase. Mas hoje, não consegui. Precisei te escrever. Não sei se é porque tenho pensado tanto em ser mãe ou se é porque o aniversário de hoje foi o melhor que eu tive desde que você foi embora, mas o fato é que, no meio de uma reunião chata e interminável, bobeei com a blindagem e a vontade de ter você do meu lado bateu com toda a força que nem mil anos vão apagar.
Eu queria te contar tantas coisas. Saber o que você acha do meu cabelo, da minha casa nova. Ouvir você reclamando do jeito que eu cozinho. Te apresentar o meu namorado, dizer que você estava absolutamente certa quanto ao ex, te aporrinhar fingindo não acreditar em nada só pra deixar você me convencer que ter fé é importante. Fazer cara feia quando vc me mandasse encolher a barriga.
Queria que você visse que vestido mais lindo eu estava usando hoje. Certeza que você ia ressucitar só pra morrer de novo de orgulho. Você, que sempre costurou tão bem e sempre inventou um modelito mais fabuloso que o outro, tão poucas vezes me viu usar algo que não fosse calça jeans e camiseta de banda. Que jamais saía de casa (nem pra ir à padaria) sem um batonzinho, não ia acreditar que eu comprei três cílios postiços. Seu queixo ia cair de ver o tamanho do meu salto!
Queria que você visse a mulher segura e briguenta que eu me tornei. Que soubesse que estou segurando a onda de verdade, sozinha. Queria poder te dizer para não se preocupar com nada, que eu estou tão, tão feliz. E que eu entendo tudo, todas as suas decisões. Não precisa justificar nada, não. Mas será que você entende as minhas? Será que vc está muito decepcionada por eu ter priorizado os meus sentimentos dessa vez? Só posso supor, e prefiro supor que não. Que vc está revirando os olhos e me dizendo que é tudo uma grande bobagem.
Queria ter ido pra sua casa hoje, em vez da minha, comer aquele bolo de chocolate com cereja e soprar a vela comum, daquelas que a gente usa quando acaba a luz, porque vc nunca jamais na vida se lembrou de comprar velinhas de aniversário. Depois a gente ia fofocar sobre a família inteirinha, um por um até o último parente de quinto grau, depois ia fazer suposições sobre o final de passione (eu acho que foi a Laura), tomar 6 xícaras de café, reclamar da falta de educação das crianças e do preço do cigarro, fazer planos de caminharmos juntas e eu só iria embora perto da meia-noite, no fundo querendo ficar ainda um pouco mais. Você ia me dar beijos, abraços, me abençoar e pedir pra eu ligar quando chegasse em casa. Talvez enfiasse um daqueles seus bilhetinhos melosos na minha bolsa pra eu só achar dois dias depois e me acabar de chorar.
Eu não estou triste. Vou comemorar bastante com uma porção de gente que eu amo eu que vc tbm amava. Recebi um tantão de demonstrações de carinho verdadeiro. Sei que isso também te deixaria feliz. Desculpe desabafar assim. Mas é que eu agora tenho uma cicatriz igualzinha à sua, enorme e feia. Só que a minha não é na barriga, é um pouquinho mais para cima, bem no meio do coração. E às vezes ela ainda dói bem forte.
Um beijo, com todo o meu amor.
quarta-feira, janeiro 12, 2011
Análise subliminar de frases de BBB:
Sou trissexual = sou baranga e pego qquer um que tope me beijar pra provar que posso beijar mooooooooointo mesmo assim.
Sou competitivo = nunca ouvi falar em ética.
Sou muito sincera = Ofendo todo mundo e digo que foi em nome da honestidade, mas faço xixi escondido nas provas em que é proibido fazer xixi.
Sou tímida = Prego o espiritismo no almoço e libero o brioco nas festas depois de duas ice.
Sou pobre = gastei a aposentadoria da minha mãe botando silicone.
Sou seletiva = to esperando um otário rico me pedir em casamento.
Ai gente, o que meu pai vai pensar? = Só ele ainda não sabe...
Sou divertido, bem humorado, de bem com a vida = eu grito bastante
Aprendi com a escola da vida = sou analfabeto funcional
Sou guerreira = passar 18 horas em pé em uma prova de resistência será a coisa mais relevante que farei na vida.
Sou polêmico = vou reclamar do brócoli no almoço
*Ou alguém achou realmente que eu não ia tocar no meu assunto favorito esse ano?
segunda-feira, janeiro 10, 2011
A louca do batão
Fiquei meio "Q" e corri para o armarinho do banheiro fazer o balanço das maquiagens. Nada menos que SETE vermelhos, de marcas e tonalidades variadas. Tem pra todo gosto: tomate, vinho, cereja, rosado, alaranjado.
E vc deve estar pensando: o que isso tem a ver com aniversário e envelhecer e etc? Tem porque o batão vermelhão é o símbolo da minha balzaquice.
Eu sempre odiei chamar a atenção mais do que tudo na vida. Desde que comecei a usar batom, lá pelos 22 anos, sempre preferi os cor de boca, transparente. E só pra festa. Morria de pavor do que as pessoas podiam pensar, morria de pavor de imaginar que alguém fosse olhar pra mim e me avaliar. Me esconder era confortável, quentinho e natural.
Não houve nenhuma grande revelação, nenhum grande momento de virada em relação a isso. As coisas foram acontecendo beeem aos poucos. Um lentezinha no lugar dos oculos aqui, uma unhinha pintada de vermelho ali, uma melissa azul em vez de preta acolá.
Comprei o primeiro batom vermelho há três anos, olhei no espelho, me senti poderosa por 30 segundos e depois só faltei chorar de vergonha. Usei-o para escrever uma faixa de feliz aniversário para o meu namorado. Quando criei coragem para sair com o bocão na rua, imaginei o mundo inteiro olhando pra mim com lupa e pensando todo o tipo de impropérios. Mas insisti, com as tripas dando nó. A ex-caléga monstra do pântano me chamou de "ousada". Quase fui no banheiro tirar, mas não tirei, senão ela ganhava.
E agora é isso. Sete vermelhões no armarinho do banheiro. Eu quis falar deles porque eles representam a carta de alforria da minha personalidade, que foi proibida de mostrar a cara até os meus 30 anos. E agora, como todo recém-liberto, ela está com uma pressa danada de fazer tudo que tem direito. Só pra explicar esse azul cigarrete nas unhas, o russian red nas beiças e aquelas coisas que acontecem em Vegas e ficam no Vegas mesmo.