quinta-feira, agosto 21, 2003

Saí meio cedo do trabalho ontem, estava com a maior preguiça mas não queria ir pra casa porque está chato lá. Pensei em ir ao Stand Center, mas acabaria comprando coisas e passando cheques sem fundo. Então, resolvi ir para o outro lado, em direção à nove de julho. Daí tinha uma academia na rua Rocha, com uma placa: “Promoção de inauguração: faça uma aula grátis”. Pefeito. Eu não tou fazendo nada, você também... Entrei. Tinha uma galerinha feia lá. Gostei na hora. Veio um tiozinho: “pois não? Já conhece nossa acadimia?”. Eu: “Hã... Eu queria fazer a aula grátis. Mas só se for grátis.” Ele: “Qual que é a modalidade que a senhora quer fazer? Tem karatê, Yukidô (deve ser isso), Aikidô, Kickboxe e boxe mesmo, aquele do Popó”. Eu (já pensando que senhora era a vagabunda da mãe dele): Boxe! Boxe! Boxe!
Só digo uma coisa: eu devia ter seguido carreira como pugilista. É divertidíssimoooo!!! O professor era umas oito vezes maior que eu e só o braço dele devia ser da largura do meu tórax. Deu um pavorzinho, mas ele logo me deu uma corda e mandou pular. Imediatamente começou a tocar a música do Rocky Balboa na minha cabeça. Depois de 3 minutos eu senti que meu coração ia explodir. Depois de 5 minutos pulando eu já não sentia minhas pernas, meus pulmões nem minha língua. Então os outros 5 foram fáceis, já que eu já tava numa dimensão paralela mesmo, mais um minuto eu teria visto aquele tunel de luz branca e minha avó estaria lá do outro lado me chamando com uma voz lânguida e doce. Daí o professor me apresentou ao saco de pancadas – eu juro por deus que ele se chama Fernando – e disse: “Agora relaxa e pode bater nele”. Dei um soquinho. O professor ficou olhando como se eu estivesse espantando um mosquito. Outro soquinho. E outro soquinho. Meu soco não faz nem barulho. Uma coisa muito humilhante. Daí ele disse que era pra eu descarregar a raiva mesmo. Pra pensar em quem eu não gostava e nos meus problemas. Achei aquilo muito bonito, muito terapêutico. De repente uma lista enorme de pessoas veio à minha cabeça e eu esmurrei uma por uma. Foi maravilhoso. O problema é que Fernando, o saco de pancadas, insistia em voltar cada vez que eu dava um soco forte e me derrubou umas quatro vezes. No fim, eu não apenas socava Fernando como também lhe dava chutes, arranhões e o chamava de nomes feios. Foram os 40 minutos mais rápidos da minha vida. Efetuei minha matrícula imediatamente. Às favas com a terapia. Às favas com a psicologia moderna. Eu não posso mesmo é viver sem Fernando, o saco de pancadas. Preciso dele como preciso do ar que respiro.

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