Tenho poucos e por razões nada dignas. Sou desorganizada demais para ter um milhão de amigos, não consigo me lembrar das datas de aniversários, perco telefones, falto à encontros, ligo depois de meses para colocar a conversa em dia. Não é que falte consideração, o que falta mesmo é memória. Mas há que se ter uma paciência de Jó, eu sei, e agradeço aos que tem.
Fora isso, acho que também exijo demais, para alguém que nem parabéns não dá. E o que eu exijo é tão esquisito que nem sei se existe uma palavra para definir. Não são telefonemas, nem visitas, nem presentes, nem excesso de atenção, nem dinheiro e nem favores - embora todas essas gentilezas sejam ótimas, não são suficientes para transformar ninguém em meu amigo.
Vejo alguns dos meus melhores amigos uma vez por ano e sei que eles nunca deixarão de sê-lo. Sei que há carinho de verdade ali naquele relacionamento, sei que quando estamos juntos é porque gostamos muito mesmo da companhia uns dos outros.
Não existe nenhuma cobrança. É leve e gostoso justamente porque há a segurança do gostar. Quando podemos - e queremos - nos encontramos, rimos, choramos, nos abraçamos. Quando não, sentimos saudades, seguros de fazermos parte da vida alheia, ainda que de vez em quando ou ainda que a continentes de distância.
É uma coisa que parece tão simples, mas tem se mostrado tãotãotão complicada, isso de gostar e ser amigo de verdade, no fácil e no difícil, naquilo que fica muito abaixo do superficial.
Eu já estou bem escaldada para saber que há três ou quatro amigos verdadeiros e há aqueles de passagem. Os de mesa de bar, os de viagens, os de trabalho, os que só te procuram quando precisam arrumar trabalho, os da internet, os que dão risada, os de carona, os que te adoram quando vocês está bem... Que são muito bons, também, distraem e fazem rir. Só não podem ser confundidos com os verdadeiros, os "na alegria e na tristeza".
Mas confesso que às vezes eu ainda erro na conta. Coloco a pessoa no hall dos verdadeiros, passo a tratar como trato aqueles, confio cegamente e daí caio das nuvens. Tenho que catar os cacos enquanto me dou conta de que não era pra tanto. "Somos amigos, mas desde que", é como se eu ouvisse o outro dizer. É ruim, é azedo e faz eu me sentir uma idiota por ter dedicado sentimentos e tempo. Mas também é bom, me torno menos afoita e mais criteriosa a cada vez.
A estes, vou continuar dedicando sorrisos, piadas, emails e talvez até telefonemas, vida que segue por cima do verniz. Aos outros quatro ou cinco que fincaram raízes, dedico meu esquecimento de datas e o maior amor do mundo que não diminui nunca.
segunda-feira, outubro 25, 2010
Não quero ter um milhão de amigos
terça-feira, outubro 19, 2010
Juliet, naked
Sexta à noite: Compro Juliet, Naked, depois de um longo jejum de livros.
Sábado de manhã: olho pra Juliet, Naked com desconfiança, pois detestei Uma longa queda
Sábado, pouquinho mais tarde da manhã: carrego Juliet, naked pro quintal. Vou fumar um cigarro e decido dar uma passadinha de olho
Sábado, meio dia: Estou no terceiro capítulo de Juliet, Naked, sem nem pensar em parar.
Sábado à tardinha: Estou delirando, querendo saber onde todos aqueles fodidos vão parar. O namorado ameaça me dar o bilhete azul se eu não lhe der atenção, o cão ameaça engolir o próprio rabo se eu não lhe der atenção, os gatos não ligam nem um pouco se eu lhes dou atenção ou não. Não consigo atender a nenhum deles, pois estou hipnotizada por Nick Hornby.
Sábado de madrugada: Leio a última linha de Juliet, Naked e fico puta da cara porque não entendi o final.
Desde domingo que estou com cara de bolinha, tentando achar uma resposta cartesiana. Nunca me dei bem com finais interpretativos. Por favor, me expliquem, por favor, eu preciso de algo um pouco mais preto no branco do que aquilo, porque não estou conseguindo absolutamente me concentrar em Orgulho e Preconceito e Zumbis.
Sábado de manhã: olho pra Juliet, Naked com desconfiança, pois detestei Uma longa queda
Sábado, pouquinho mais tarde da manhã: carrego Juliet, naked pro quintal. Vou fumar um cigarro e decido dar uma passadinha de olho
Sábado, meio dia: Estou no terceiro capítulo de Juliet, Naked, sem nem pensar em parar.
Sábado à tardinha: Estou delirando, querendo saber onde todos aqueles fodidos vão parar. O namorado ameaça me dar o bilhete azul se eu não lhe der atenção, o cão ameaça engolir o próprio rabo se eu não lhe der atenção, os gatos não ligam nem um pouco se eu lhes dou atenção ou não. Não consigo atender a nenhum deles, pois estou hipnotizada por Nick Hornby.
Sábado de madrugada: Leio a última linha de Juliet, Naked e fico puta da cara porque não entendi o final.
Desde domingo que estou com cara de bolinha, tentando achar uma resposta cartesiana. Nunca me dei bem com finais interpretativos. Por favor, me expliquem, por favor, eu preciso de algo um pouco mais preto no branco do que aquilo, porque não estou conseguindo absolutamente me concentrar em Orgulho e Preconceito e Zumbis.
segunda-feira, outubro 11, 2010
With you I'm born again
When we say things like 'People don't change', it drives scientists crazy. Because change is literally the only constant in all of science. Energy, matter -- it's always changing. Morphing. Merging. Growing. Dying. It's the way people try not to change that's unnatural. The way way we cling to what things were. Instead of letting them be what they are. The way we cling to old memories instead of forming new ones. The way we insist on believing, despite every scientific indication, that anything in this lifetime is permanent. Change is constant. how we experience change, that's up to us. It can feel like death. Or it can feel like a second chance at life. If we open our fingers, loosen our grips, go with it -- it can feel like pure adrenaline. Like at any moment, we can have another chance at life. Like at any moment, we can be born all over again.
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