Acabou mais uma década né? E eu simplesmente não consigo chegar nessa época do ano sem fazer aquela retrospectivinha do Faustão. Mas esse ano está tão difícil. Coube uma década inteirinha em 2010, me parece. Tô vendo todo mundo reclamando do ano e eu fico Q? Porque 2010 foi um divisor de águas tão grande na minha vida, da água de merda pra água Perrier basicamente.
Arrumei o emprego dos meus sonhos (que na prática não tem nada de sonho, e por isso eu amo mais ainda), tive filhos, me comprometi de verdade, me apaixonei de novo pela mesma pessoa, fiquei loura, aprendi a me equilibrar confortavelmente em um salto 15, caguei pro Dunga, aprendi a coreô de Bad Romance, empacotei oitenta quilos de culpa e joguei pra Iemanjá, conheci a Vera (aka a melhor analista do mundo), me tornei uma cozinheira espetacular, fiz um monte de novos amigos e nenhum inimigo, virei noite trabalhando e morri de orgulho de mim mesma e dos caléga pelo que nós conseguimos fazer, aprendi a gostar de ficar sozinha, não stalkeei absolutamente ninguém, esqueci de votar, vi o Mika de pertinho e quase tive um AVC, dei abracinhos reais em uma porção de amigos virtuais, fui pra Paris, engordei 6 kg e ainda assim estou me sentindo leve como a pena mais felpuda do menor passarinho.
Não me lembro de nenhum outro ano, antes ou depois de calçar as botas pesadíssimas, em que tenha me sentido tão em paz comigo, nem que tenha feito tantos planos nem que tenha realizado outros tantos.
É claro que não foi um mar de rosas. Teve uma bela porção de tristezas, complexos e raivinhas de diversos tipos. Noites insones, nuvens de lágrimas, zumbis e pontes desmoronantes, vadias puxadoras de tapete, fofocas, rugas, cabelos brancos, casa alagada, tudo isso teve. Apenas não prendeu minha atenção tanto quanto costumava prender. Veio, encheu o saco e passou sem deixar vestígios.
E ainda sobrou tempo pra papear com um monte de gente fofa por aqui. Por isso o meu desejo pra vocês e pra mim é que os nossos próximos anos sejam todos como foi o meu 2010. Lindo, leve e solto.
Um beijo e até o ano que vem. Talvez.
terça-feira, dezembro 28, 2010
Melhor de todos
quinta-feira, dezembro 09, 2010
Minhas colegas de auditório
Faz muito, muito tempo mesmo que eu queria escrever esse post, mas sempre pensava no tanto de justificativas que eu poderia vir a ter que dar, nas possíveis aporrinhações que iria sofrer e sempre optava por evitar a fadiga. Daí que hoje eu tive um dia especialmente difícil, que confirmou todas as minhas terríveis teorias e me fez decidir pelo desabafo.
Eu detesto trabalhar com mulher. Pronto, falei. Detesto com cerebro, corpo, alma e vísceras. E antes de explicar por que eu já explico que sei que as excessões é que são a regra. Quem mais me ensinou nessa vidinha corporativa foi uma mulher, uma que é o oposto de tudo isso que vou dizer. Só que esse perfilzinho escroto das próximas linhas é uma minoria tão, tão, tão chata que me fez pegar esse nojinho generalista horroroso.
Como diria o poeta, já tive mulheres de todas as cores, mulheres vulgares e muitos dissabores. O que vi em algumas delas foram coisas que ajudam a perpetuar essa merda de mercado de trabalho que não dá cargo de confiança pra mulher, que dificulta o crescimento na carreira e que dá salários 20% menores pra quem tem periquitinha.
Mulheres que choram no meio de um esporro ou de um simples feedback do chefe; que acham que tudo que se diz é uma agressão direta à pessoa delas e não um comentário sobre o resultado do trabalho, que pode, sim, estar ruim; que usam a TPM como desculpa para fazer serviço porco ou tratar mal aos outros.
Há também as mulheres que não sabem cobrar o que precisa ser cobrado por medo de que as pessoas gostem menos delas, mulheres que não sabem falar com objetividade o que querem, preferem fazer fofoca com um terceiro do que falar diretamente com quem a incomoda, que são muito vaidosas para admitirem que não entenderam alguma coisa. E o pior de tudo: mulheres que esquecem da ética quando se sentem ameaçadas - e se sentem ameaçadas o tempo todo.
E quando isso acontece, a coisa fica muito feia. Vai desde simples comentários para diminuir as colegas ("Fiquei preocupada com vc, ficar calada daquele jeito em uma reunião tão importante, todo mundo percebeu e comentou. Ce tá bem, ameega?") até boicotar o trabalho dos outros ou inventar coisas que podem comprometer de verdade as pessoas. E essas não são coisas que eu acho que acontecem. São coisas que eu vi acontecerem, comigo ou com amigos, infelizmente sempre vindas de mulheres. Homens não são santos, longe disso, mas as coisas que eu acho mais desprezíveis, por azar ou por padrão, vieram delas.
E daí eu criei esse pavor, esse preconceito que me incomoda demais. Mas, ainda que de vez em quando uma praga dessas mostre as garras, o preconceito está se tornando cada vez mais bobo na minha cabeça. Porque quando coloco na balança, encontro muito mais meninas incríveis do que bruxas más. E aí meu coração serena e me dá ânimo pra vestir o terninho no dia seguinte e ir pra luta, de unhas pintadas e luvas de boxe.
Por isso, a todas vocês que passam muito longe desse nojinho todo, perdão.
Eu detesto trabalhar com mulher. Pronto, falei. Detesto com cerebro, corpo, alma e vísceras. E antes de explicar por que eu já explico que sei que as excessões é que são a regra. Quem mais me ensinou nessa vidinha corporativa foi uma mulher, uma que é o oposto de tudo isso que vou dizer. Só que esse perfilzinho escroto das próximas linhas é uma minoria tão, tão, tão chata que me fez pegar esse nojinho generalista horroroso.
Como diria o poeta, já tive mulheres de todas as cores, mulheres vulgares e muitos dissabores. O que vi em algumas delas foram coisas que ajudam a perpetuar essa merda de mercado de trabalho que não dá cargo de confiança pra mulher, que dificulta o crescimento na carreira e que dá salários 20% menores pra quem tem periquitinha.
Mulheres que choram no meio de um esporro ou de um simples feedback do chefe; que acham que tudo que se diz é uma agressão direta à pessoa delas e não um comentário sobre o resultado do trabalho, que pode, sim, estar ruim; que usam a TPM como desculpa para fazer serviço porco ou tratar mal aos outros.
Há também as mulheres que não sabem cobrar o que precisa ser cobrado por medo de que as pessoas gostem menos delas, mulheres que não sabem falar com objetividade o que querem, preferem fazer fofoca com um terceiro do que falar diretamente com quem a incomoda, que são muito vaidosas para admitirem que não entenderam alguma coisa. E o pior de tudo: mulheres que esquecem da ética quando se sentem ameaçadas - e se sentem ameaçadas o tempo todo.
E quando isso acontece, a coisa fica muito feia. Vai desde simples comentários para diminuir as colegas ("Fiquei preocupada com vc, ficar calada daquele jeito em uma reunião tão importante, todo mundo percebeu e comentou. Ce tá bem, ameega?") até boicotar o trabalho dos outros ou inventar coisas que podem comprometer de verdade as pessoas. E essas não são coisas que eu acho que acontecem. São coisas que eu vi acontecerem, comigo ou com amigos, infelizmente sempre vindas de mulheres. Homens não são santos, longe disso, mas as coisas que eu acho mais desprezíveis, por azar ou por padrão, vieram delas.
E daí eu criei esse pavor, esse preconceito que me incomoda demais. Mas, ainda que de vez em quando uma praga dessas mostre as garras, o preconceito está se tornando cada vez mais bobo na minha cabeça. Porque quando coloco na balança, encontro muito mais meninas incríveis do que bruxas más. E aí meu coração serena e me dá ânimo pra vestir o terninho no dia seguinte e ir pra luta, de unhas pintadas e luvas de boxe.
Por isso, a todas vocês que passam muito longe desse nojinho todo, perdão.
Marcadores:
Minhocas,
Mundo bizarro,
Sério,
Vergonha alheia
terça-feira, dezembro 07, 2010
Musa do Ticem
Você acorda assoviante e bem humorada. Usa seu xampu mais caro, passa fluído extra brilho nos cabelos, hidrata a pele, hidrata o rosto, mergulha numa nuvem de perfume francês, veste seu casaco azul cobalto, seu sapato de plástico imitando crocodilo, o colar de contas enormes, passa o rímel extra alongador com efeito cílios postiços e o blush suavemente rosado. Sai de casa saltitante, repetindo para si mesma: eu sou diva!
E tudo isso pra quê? Pra ficar 40 minutos na porra do ponto, sem conseguir entrar em nenhum ônibus porque todos vem tão abarrotados que tudo o que vc vê lá dentro são centenas de bundas esmagadas contra as janelas. Quando vc finalmente entra, a primeira cotovelada bagunça o cabelo, a segunda derrete o blush e a terceira arrebenta o colar, enquanto a suvaqueira e todo aquele bafinho matinal juntos derrotam o perfume.
Eike Batista, me adota já. Eu não caibo em tanta pobreza.
E tudo isso pra quê? Pra ficar 40 minutos na porra do ponto, sem conseguir entrar em nenhum ônibus porque todos vem tão abarrotados que tudo o que vc vê lá dentro são centenas de bundas esmagadas contra as janelas. Quando vc finalmente entra, a primeira cotovelada bagunça o cabelo, a segunda derrete o blush e a terceira arrebenta o colar, enquanto a suvaqueira e todo aquele bafinho matinal juntos derrotam o perfume.
Eike Batista, me adota já. Eu não caibo em tanta pobreza.
Assinar:
Postagens (Atom)