segunda-feira, janeiro 10, 2011

A louca do batão

Às vésperas do meu aniversário sempre me pego pensando em onde eu estava há dez anos em comparação com o agora. Daí eu estava lá pensando nessas coisas todas e baixando as fotos de todas as festas de final de ano e foi então que eu percebi: em todas eu estava de bocão vermelho. Vermelhão mesmo.

Fiquei meio "Q" e corri para o armarinho do banheiro fazer o balanço das maquiagens. Nada menos que SETE vermelhos, de marcas e tonalidades variadas. Tem pra todo gosto: tomate, vinho, cereja, rosado, alaranjado.

E vc deve estar pensando: o que isso tem a ver com aniversário e envelhecer e etc? Tem porque o batão vermelhão é o símbolo da minha balzaquice.

Eu sempre odiei chamar a atenção mais do que tudo na vida. Desde que comecei a usar batom, lá pelos 22 anos, sempre preferi os cor de boca, transparente. E só pra festa. Morria de pavor do que as pessoas podiam pensar, morria de pavor de imaginar que alguém fosse olhar pra mim e me avaliar. Me esconder era confortável, quentinho e natural.

Não houve nenhuma grande revelação, nenhum grande momento de virada em relação a isso. As coisas foram acontecendo beeem aos poucos. Um lentezinha no lugar dos oculos aqui, uma unhinha pintada de vermelho ali, uma melissa azul em vez de preta acolá.

Comprei o primeiro batom vermelho há três anos, olhei no espelho, me senti poderosa por 30 segundos e depois só faltei chorar de vergonha. Usei-o para escrever uma faixa de feliz aniversário para o meu namorado. Quando criei coragem para sair com o bocão na rua, imaginei o mundo inteiro olhando pra mim com lupa e pensando todo o tipo de impropérios. Mas insisti, com as tripas dando nó. A ex-caléga monstra do pântano me chamou de "ousada". Quase fui no banheiro tirar, mas não tirei, senão ela ganhava.

E agora é isso. Sete vermelhões no armarinho do banheiro. Eu quis falar deles porque eles representam a carta de alforria da minha personalidade, que foi proibida de mostrar a cara até os meus 30 anos. E agora, como todo recém-liberto, ela está com uma pressa danada de fazer tudo que tem direito. Só pra explicar esse azul cigarrete nas unhas, o russian red nas beiças e aquelas coisas que acontecem em Vegas e ficam no Vegas mesmo.

5 comentários:

Fulano disse...

Legal, um post que não me identifico (ainda bem, inclusive). Passei por um período que marcou por deixar de usar roupas neutras e pretas, mas isso foi após a adolescência e não tem nada a ver com alforria. :)

Momento Descontrol disse...

Acho que vc ia ficar bem de batom vermelho.

Dinorah disse...

Querida!
Aproveite, use todos os vermelhos que tiver direito - muito "vermelhe intenso" - tinha um da Payot que eu achava o máximo. Depois, vem o tempo e enche a boca da gente de ruguinhas, parecem umas rachadurinhas que ficam tomadas pelo "vermelho escorrido" e mostram que já se está velha demais para um um bocão vermelho. Portanto, Feliz Anoversário! e encha os colarinhos brancos e engomados do muito batão vervelho! Eu acho o máximo!

Dinorah disse...

Nossa! perdão pelos erros - prometo prestar mais atenção na próxima vez.

Suzana disse...

Nossa, eu confesso que nem achei os erros... E que tem alguns desses risquinhos já na minha boca, mas por enquanto o lápis dá uma segurada. Se eles continuarem a se proliferar, cederei ao botox e focarei com bicão de pato. :-p