Segunda que vem mudo de casa de novo, vou morar com o quase marido, que já vai ser marido com ou sem assinatura de contrato. E é claro que estou felicíssima e cheia de planos e vontades de ficar muito tempo juntinho e passear bastante pelo bairro delícia, e encher os bichos de presentes de cada um dos 700 pet shops da vizinhança, e decorar o ape novo com a nossa cara e tudo o mais.
No entanto, ainda não empacotei uma só caixa. Sou só suspiros a cada vez que saio de casa e penso que vou deixar o meu apartamentinho de bonecas pra trás. E você deve estar pensando: "mas que idiotice, é só um apartamento alugado".
Só que esse cantinho tem um significado muito maior do que um simples teto sobre a minha cabeça. Ele representa o meu grito de independência. Foi nele que eu deixei de ser a filha ou a mulher de alguém e fui apenas eu, com todos os ônus e bônus. Meu canto. Os móveis feios e velhos são meus, eu que providenciei. Os quadros tortos e desparelhados, fui eu que escolhi. A bagunça fui eu quem fiz. Comi só quando tive fome, deixei de dormir mesmo tendo sono e ninguém me deu bronca por nada disso. Só eu.
Foi ali que eu aprendi a ficar só e gostar. Muito. Foi ali que eu aprendi a conversar comigo e a me entender. Que eu achei conforto aprendendo a cozinhar por prazer, e não porque tinha alguém com fome esperando. A cuidar dos bichos e das plantas e de mim. Meu país das maravilhas.
Às vezes eu quase sentia que o apartamento me dava abraços e cafunés. Igual ao hotel de "O Iluminado", só que ao contrário. Toda vez que eu entrava lá era como se ele dissesse "ai que saudades". E eu sentia falta, uma dor física mesmo, quando passava muito tempo longe dele e de tudo que ele representou na minha vida.
Então, ir embora está sendo como terminar um namoro com alguém que vc ainda ama. Você sabe que precisa ir em frente, mas não sabe o que fazer com os caquinhos do seu coração espalhados no chão, te pedindo pra ficar. Mais ou menos como a Mônica e a Rachel se despedindo.
Por melhor que sejam meus dias daqui pra frente, e tenho certeza que de serão, eu vou sempre ficar com o coração quentinho ao me lembrar que foi aqui que eu me reconstruí e finalmente aprendi a ser feliz de novo.
sexta-feira, setembro 23, 2011
Não aprendi a dizer adeus
quinta-feira, setembro 22, 2011
Ain, corror*
Foram anos me preparando para a chegada desse dia, mas ainda assim não foi suficiente. Fiz matrícula e avaliação física na academia. Meu deus, que coisa brutal. Não sei se o pior era a roupa ressaltando tudo aquilo que eu evito olhar no espelho, o tênis com amortecimento que me fazia perder o equilíbrio, o vestiário sem cabines individuais e dezenas de periquitas voando à minha volta ou o instrutor me ordenando "segurar o quanto eu conseguir" nas mais constrangedoras posições. Isso sem falar na música. Aparentemente academias só tem CDs do Black Eyed Peas. Extremamente desgastante. Devo ter emagrecido uns cinco quilos só de constrangimento.
Penso que minha vida seria muito melhor se eu fosse o tipo de pessoa que corre, anda de bicicleta, dança ou ama suas curvas. Mas infelizmente eu não sou dessas. Eu sou daquelas que quer perder peso assistindo Friends.
Enquanto isso na sala de justiça eu fui convidada para o programa de apoio aos fumantes da firma. E aceitei. Isso significa que devo começar a frequentar grupos de apoio e chamar todos os outros fumantes de fedidos e fracos (é sério mesmo, frequentar o grupo de apoio é pré-requisito para ter direito às consultas e eteceteras gratuitos do programa). Me sinto meio Marla Singer. Eu digo: "Olá, meu nome é Suzana, hoje faz 43 horas e sete segundos que não fumo e estou muito feliz". Eu penso: "Olá, meu nome é Suzana e essas foram as piores 43 horas e sete segundo da minha vida, volta pra miiiiim cigarrito, mi amor". E não posso nem comer um bacon pra me consolar, porque senão vou ter de ouvir o instrutor falando sobre minha "circunferência abdominal" no megafone.
Por isso o sumiço do blog. Uma vida saudável é uma vida que não vale a pena ser contada.
*Por favor leiam The Alan Prost, a melhor coisa que apareceu esse ano.
Penso que minha vida seria muito melhor se eu fosse o tipo de pessoa que corre, anda de bicicleta, dança ou ama suas curvas. Mas infelizmente eu não sou dessas. Eu sou daquelas que quer perder peso assistindo Friends.
Enquanto isso na sala de justiça eu fui convidada para o programa de apoio aos fumantes da firma. E aceitei. Isso significa que devo começar a frequentar grupos de apoio e chamar todos os outros fumantes de fedidos e fracos (é sério mesmo, frequentar o grupo de apoio é pré-requisito para ter direito às consultas e eteceteras gratuitos do programa). Me sinto meio Marla Singer. Eu digo: "Olá, meu nome é Suzana, hoje faz 43 horas e sete segundos que não fumo e estou muito feliz". Eu penso: "Olá, meu nome é Suzana e essas foram as piores 43 horas e sete segundo da minha vida, volta pra miiiiim cigarrito, mi amor". E não posso nem comer um bacon pra me consolar, porque senão vou ter de ouvir o instrutor falando sobre minha "circunferência abdominal" no megafone.
Por isso o sumiço do blog. Uma vida saudável é uma vida que não vale a pena ser contada.
*Por favor leiam The Alan Prost, a melhor coisa que apareceu esse ano.
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