sexta-feira, setembro 23, 2011

Não aprendi a dizer adeus

Segunda que vem mudo de casa de novo, vou morar com o quase marido, que já vai ser marido com ou sem assinatura de contrato. E é claro que estou felicíssima e cheia de planos e vontades de ficar muito tempo juntinho e passear bastante pelo bairro delícia, e encher os bichos de presentes de cada um dos 700 pet shops da vizinhança, e decorar o ape novo com a nossa cara e tudo o mais.

No entanto, ainda não empacotei uma só caixa. Sou só suspiros a cada vez que saio de casa e penso que vou deixar o meu apartamentinho de bonecas pra trás. E você deve estar pensando: "mas que idiotice, é só um apartamento alugado".

Só que esse cantinho tem um significado muito maior do que um simples teto sobre a minha cabeça. Ele representa o meu grito de independência. Foi nele que eu deixei de ser a filha ou a mulher de alguém e fui apenas eu, com todos os ônus e bônus. Meu canto. Os móveis feios e velhos são meus, eu que providenciei. Os quadros tortos e desparelhados, fui eu que escolhi. A bagunça fui eu quem fiz. Comi só quando tive fome, deixei de dormir mesmo tendo sono e ninguém me deu bronca por nada disso. Só eu.

Foi ali que eu aprendi a ficar só e gostar. Muito. Foi ali que eu aprendi a conversar comigo e a me entender. Que eu achei conforto aprendendo a cozinhar por prazer, e não porque tinha alguém com fome esperando. A cuidar dos bichos e das plantas e de mim. Meu país das maravilhas.

Às vezes eu quase sentia que o apartamento me dava abraços e cafunés. Igual ao hotel de "O Iluminado", só que ao contrário. Toda vez que eu entrava lá era como se ele dissesse "ai que saudades". E eu sentia falta, uma dor física mesmo, quando passava muito tempo longe dele e de tudo que ele representou na minha vida.

Então, ir embora está sendo como terminar um namoro com alguém que vc ainda ama. Você sabe que precisa ir em frente, mas não sabe o que fazer com os caquinhos do seu coração espalhados no chão, te pedindo pra ficar. Mais ou menos como a Mônica e a Rachel se despedindo.

Por melhor que sejam meus dias daqui pra frente, e tenho certeza que de serão, eu vou sempre ficar com o coração quentinho ao me lembrar que foi aqui que eu me reconstruí e finalmente aprendi a ser feliz de novo.

3 comentários:

Dinorah disse...

Lindinha,
Como lhe entendo! E lhe antecipo, por mais maravilhosa que seja sua vida daqui para frente, e será - Existirão momentos em que você vai desejar estar no seu apêzinho, mas a vida é assim mesmo, dizem que está dor que estás sentido é "a dor do crescimento".. que seja, mas que dói, dói!
Boa sorte querida
Um beijo
dinorah

Outra Errante disse...

O mais importante foram todos os momentos marcantes que você passou ali, e que vai guardá-los sempre, com carinho, e lembrar com nostalgia. :)

Anônimo disse...

o blog acabou????