terça-feira, fevereiro 23, 2010
Não sou nenhum Raskólnikov, mas tbm tô roendo o osso
Não sei se foi uma boa idéia ter adotado o cão. Choro todos os dias pra sair de casa, porque ele fica com aquela cara de, bom, de cachorro abandonado. Pior: de filhotinho de cachorro abandonado. Me sinto culpada, monstruosa e horrível. Chego atrasada todos os dias no trabalho, porque PRECISO voltar 5 vezes para beijá-lo muitíssimo antes de sair, pra ele saber que eu o amo, apesar de ser uma uó que sai de casa e deixa ele sozinho por muitas horas.
No fundo, acho que sofro muito mais que ele. Ele nunca choraminga nem destroi nada além dos jornaizinhos dele. Ontem, estava acomodadinho na almofada, assistindo confortavelmente ao Discovery Kids (porque eu não só deixo a TV ligada o dia todo, como seleciono o canal mais adequado para crianças) e roendo um petisquinho. Quando eu chego, ele fica feliz em me vez, mas não feliz a ponto de fazer xixi. Todos os sites e livros que consultei sobre estresse animal decretaram que ele é muito normal e feliz. Ainda assim, a culpa me consome. Adotarei um gato, portanto, para que se façam companhia. Espero que funcione.
Mas e filhos? Acho que nunca vou poder né? Imagina o tamanho do sofrimento. Vai ser largar o filho na creche e me jogar embaixo de um caminhão pra expiar a culpa. Acho que vai ficar pra próxima, viu?
Difícil demais.
Update: Pronto, seus mala. Taí o filhote, depois de pedir favores e bluetooths a meio mundo. Agora me digam. ele não é liiiiiiindo?
quarta-feira, fevereiro 17, 2010
Maternidade
Um beijo.
terça-feira, fevereiro 09, 2010
Tudo novo
Dessa vez o tal do "ano-novo, vida nova" não ficou só no clichê. Mudei (finalmente!) de casa, mudei de trabalho, mudei o corte de cabelo, mudei a alimentação e mudei os hábitos. Voltei pra escola, pro médico e pro professor de inglês. Larguei a terapia. Ganhei um cachorro e um gato. Comecei a praticar dança. Zerei o cartão de crédito. Passo 15 minutos por dia no trânsito. Tenho uma agenda de gente grande, com anotações muito importantes e impactantes. Pago as contas em dia. Uso salto 15 e esmalte azul.
Mas nada disso foi de caso pensado, por causa do ano-novo. A única coisa que eu mais ou menos planejei foi mudar de casa. O resto simplesmente caiu na minha cabeça. Eu acho a vida meio parecida com aquela brincadeira do programa da Xuxa, que vc ficava na cabininha, com fones de ouvido, e tinha que responder se queria ou não trocar uma chupeta usada por uma bicicleta, sem de fato saber para quê estava dizendo siiiiiiiiiiim ou nããããããão. Então, foi mais ou menos isso.
"Você aceita trocar seu emprego em Alphaville, no qual você leva duas horas e meia para chegar e passa o dia com cara de pudim de pão esperando a morte chegar por um outro na avenida paulista, para fazer uma coisa que você não tem bem certeza se é capaz de fazer mas sua mãe disse que vc é?" - Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim!
E daí eu fiquei feliz por estar morando onde queria e trabalhando onde mais queria ainda e comecei a dizer siiiiiiiiiiim pra todas as outras coisas. E pode ser chocante para vocês, queridos leitores, mas eu estou feliz de verdade. E nem sei dizer bem por que. Não é só por causa do emprego ou da casa ou dos amigos novos. E nem por tudo isso junto. A vida está longe de ser perfeita. Mas eu acho que estou descobrindo que gosto dela exatamente assim, da mesa virada mas sem espalhar muitos papéis.
quarta-feira, fevereiro 03, 2010
Nostalgias
Eu era um sujeito então perseguido pelas nostalgias. Sempre tinha sido, e não sabia como me livrar da saudade para viver tranqüilamente.
Ainda não aprendi. E desconfio que nunca vou aprender. Mas pelo menos já sei uma coisa valiosa: é impossível se livrar da memória. Você não pode se livrar daquilo que amou.
Isso tudo vai estar sempre com a gente. Sempre vamos desejar recuperar o lado bom da vida e esquecer e desnutrir a memória do lado mau. Apagar as perversidades que cometemos, desfazer as lembranças das pessoas que nos magoaram, eliminar as tristezas e as épocas de infelicidade.
É totalmente humano, então, ser um nostálgico, e a única solução é aprender a conviver com a saudade. Talvez, para a nossa sorte, a saudade possa se transformar, de uma coisa depressiva e triste, numa pequena faísca que nos impulsione para o novo, para nos entregar a outro amor, a outra cidade, a outro tempo, que talvez seja melhor ou pior, não importa, mas será diferente. E isso é o que todos procuramos todo dia: não desperdiçar a vida na solidão, encontrar alguém, entregar-nos um pouco, evitar a rotina, desfrutar a nossa parte da festa.
Eu ainda estava assim. Tirando todas essas conclusões. A loucura me rondava e eu escapulia. Tinha sido coisa demais em muito pouco tempo para uma pessoa só, e saí por dois meses se Havana.
Pedro Juan Gutiérrez, minha mais nova paixão, em “Trilogia Suja de Havana”
Roubado do delícia Don't Touch My Moleschine