terça-feira, maio 29, 2001

Dizer que o Chico Buarque é um gênio é praticamente uma redundância. Mas quando leio coisas como essas não consigo pensar em outra coisa para dizer dele. Na época em que estava podre de dor, até escrevi umas coisas parecidas, mas claro que só a idéia era parecida, não era assim genial. Eu queria ser genial como ele e conseguir descrever todo o processo de amar, perder, se recuperar e cuspir na cara do desgraçado com muita classe em apenas quatro estrofes. Porque é exatamente isso que eu tou sentindo agora. Bem demais, feliz demais, cagando e andando... Quando precisar de mim apareça e tal... eu te sirvo um chá... e só. Eu já tinha ouvido essa música antes, mas como nunca tinha tomado uma botinada nos glúteos, não prestava atenção. Depois a dor era grande demais para prestar atenção no que quer que fosse. E hoje, que tudo está bem de novo, descobri a pérola. Não é uma daquelas coisas que a pessoa parece que não tá a fim mas dá pra sentir que ainda tá. O lance de falar pra aparecer na casa e tal é muito de quem tá nem aí, que não vai se abalar mesmo... e quantos outros me amaram mais e melhor... Ai, ai.


Olhos nos olhos
Chico Buarque/1976


Quando você me deixou, meu bem
Me disse pra ser feliz e passar bem
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
Mas depois, como era de costume, obedeci

Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer
Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

E que venho até remoçando
Me pego cantando
Sem mas nem porque
E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você

Quando talvez precisar de mim
'Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim
Olhos nos olhos, quero ver o que você diz
Quero ver como suporta me ver tão feliz




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