segunda-feira, março 31, 2003

Durante pelo menos uma semana de cada mês eu realmente odeio, odeio e odeio os homens. Odeio-os porque eles não ficam essa semana inteira tendo dores de cabeça terríveis, nem dores nos peitos, nem dores pavorosas que os simplistas chamam de "cólica". Cólica de cu é rola. É como se dessem um nó bem apertado no seu útero - que os homens também não tem e por isso eu os odeio mais. Queria que alguém desse um nó no pinto deles uma vez por mês para eles verem o que é bom para a tosse.
Odeio-os por não ficarem com o humor completamente enlouquecido, rindo de qquer piada imbecil para depois chorar copiosamente pensando no quanto ele foi bobo por ter rido de uma piada tão besta. Ou chorar e se emocionar em filmes tontos, tipo "Eternamente Jovem". Ou chorar porque não acha os óculos. Ou chorar porque o cabelo tá sujo. Odeio os homens porque eles não retêm líquidos como se fossem uma esponja de banho. Odeio-os porque eles não viram monstros comedores de chocolate. E os odeio por não me deixarem bater neles nas horas em que meu ódio supera a razão. Argh.

sexta-feira, março 28, 2003

Descaradamente roubado da Isa, porque eu concordo plenamente com ela:

Nossa, bateu uma nostalgia agora. Deu uma saudade de mim mesma, há alguns anos... Do jeito que eu era, pensava e, principalmente, sonhava. Crescer deixa a gente tão chato e amargo! Junto, vem uma vontade de jogar tudo pra cima e começar do zero, de novo. Mas aí aparece uma nostalgia antecipada das coisas de agora que eu vou perder...


*suspiros*


Sexta-feira eu fico menstruada e tudo isso passa.

quarta-feira, março 26, 2003

Depois eles dizem que não gostam de carro-bomba...

Passat, o "Brazíli", um caso de amor

SÉRGIO DÁVILA e JUCA VARELLA, ENVIADOS ESPECIAIS

O iraquiano vive um caso de amor com o Passat. Não o modelo importado atual, que é sonho de consumo da nova geração, mas o carro brasileiro que reinou nas ruas e estradas do país nos anos 80. É dessa época a primeira leva de exportação do automóvel para o Iraque. Como nos vidros traseiros os veículos traziam o adesivo "Made in Brazil", desde então o Passat é conhecido por aqui como "Brazíli".

Pois o Brazíli é muito querido. Primeiro, me dizem os motoristas, porque é barato para comprar e para manter. Um modelo em bom estado, ano 1988, o último a ser exportado para cá, pode custar até US$ 4.000. Segundo, porque os mais antigos são o sonho possível da classe média de ter um carro próprio.

A Volkswagen brasileira exportou 170 mil Passats para o Iraque entre 1983 e 1988, todos quatro portas. Numa iniciativa inédita então, trocavam os carros por petróleo, que era revendido depois à Petrobrás. Há Brazílis em todos os lugares, de todas as cores e jeitos. Criativo, o iraquiano pintou o carro de maneiras, digamos, mais alegres do que as de fábrica.

O Brazíli é amado ainda por ser econômico. Não que combustível seja exatamente problema para os iraquianos. Três dólares compram cem litros de gasolina especial; o valor cai à metade na comum.

Você leu direito. Estou falando de um povo que usa gasolina azul para lavar a calçada de casa e para tirar manchas de roupa. É verdade. Quando falei do preço brasileiro para um motorista, ele riu.

segunda-feira, março 24, 2003

Hoje eu fiquei muito feliz. Achei 10 reais na rua. Olhei em volta, não tinha ngm com cara de "ai, caraio, perdi o dinheiro", peguei a nota e pus no bolso. Vim no ônibus pensando no que eu ia fazer com aquele dinheiro todo, feliz que nem pinto no lixo. Daí cheguei em casa e fui dar o dinheiro pra minha mãe. Daí eu vi que não eram 10 reais, era uma porra duma propaganda de empréstimo da losango. Na frente, era igualzinhoidênticoquenem uma nota de dez. Atrás, tinha o telefone do banco. E a bestona aqui com aquela cara de quem comeu cocô e não gostou.
Eu estou cercada de gente maluca. Nenhum vizinho meu é normal. A vizinha de cima ficou três meses reformando o apartamento, foram três meses que eu passei todos os sábados acordando com um tuc-tuc-tuc na minha cabeça. Era o coitado do pedreiro assentando os azulejos. Agora que acabou a reforma, a vaca liga CDs de New Age no talo e ouve o dia in-tei-ro. Semana passada quase estourei a caixa de som com o CD do Sex Pistols que pus para me vingar. Essa semana coloquei Pennywise, Rancid e um pouco de Smash Mouth. Daí, quando a Barbarella desliga os New Age, a louca do apartamento da frente, que mora com um gato, um periquito e quatro velhinhos começa a gritar loucamente com os idosinhos que moram com ela. Eu sei de todos os problemas deles: uma das velhas gosta de se trancar no banheiro e fica horas lá, enquanto a gorda esmurra a porta. O outro velhinho nunca quer comer e cospe tudo. Vez por outra ele joga o prato na parede. A outra velha precisa fazer exercícios, mas nunca quer sair de casa. E o outro velho eu acho que morreu, porque nunca ouço nada relativo à ele, nem nunca o vi. Eu não sei se tenho pena ou raiva da gorda.
Puts, as capas inglesas do quinto Harry Potter são liiiiiiindas demais. O que é uma merda, porque significa que vou ter que comprar a versão em inglês também. Não fico sem essa capa preta nem fodendo. A do Brasil provavelmente será igual à americana, como sempre. Não é feia, mas não chega nem aos pés...

sexta-feira, março 21, 2003

Um joguinho para quem AINDA não entendeu a teoria dos seis graus de separação.
ah sim, e antes que eu me esqueça: segunda opção de cu é rola.
Ontem foi um dia totalmente atípico. Preciso dizer que adoro dias atípicos. Depois de ficar o dia todo em dúvida se ia sozinha à palestra do Fernando Meirelles, mandei tudo às favas e fui, só eu e eu mesma, sem Irene. Foi uma de-lí-cia. A palestra foi muito ducaralho, não só pelo que o diretor falou, pelas dicas de roteiro nem pela exibição do "Cidade dos Homens", mas principalmente porque o menino que interpreta o Marreco, o irmão do Buscapé que é morto pelo Dadinho criança em "Cidade de Deus", falou muito e bem. O cara é daqueles tipos que vc quer muito chamar pra tomar uma cerveja e ficar batendo papo, gente finíssima e divertido demais. No final ainda teve vinhozinho de grátis.
Depois, já meio bebunzinha, fomos para o Urbano, para o show que não era do Trio Mocotó, mas de uma banda que tinha vocalista brasileira, baterista holandês, baixista iraniano e dj indonésio. Os gêmeos Flávio e Gustavo estavam lá. Quando vi, quase peguei minha bolsa e fui embora, mas depois pensei que aquela situação surreal poderia ficar engraçada depois de uma "vozes de dodka". E ficou. Eles xavecaram a Fe, a Ana, a Amanda, as tchecas e qualquer mulher que respirasse perto deles. Mas é claro que não pegaram ninguém. Oferecemos 40 reais para a Fernanda caso ela tivesse coragem de beijar um deles e ela até que dançou um pouco com o moço, mas depois o estômago dela embrulhou e ficou por isso mesmo. As tchecas são absurdamente legais e engraçadas e dançam feito brasileiras. Aliás, dançamos loucamente até às 4h30 da manhã e hoje eu estou menos do que o pó. Eu não sinto nadinha. Tem uma membrana plástica em volta do meu céLebro. Tem três sacos de sal em cada olho meu e 80 quilos pendurados em cada perna. 8h30 da manhã de hoje eu tava lá na Faculdade de Medicina assistindo palestra sobre pesquisa viral. Como eu estou suportando tudo isso, não sei. Começo a desconfiar de que sou uma super-heroína, mutante ou algo assim. Espero que não comecem a me nascer espinhos nas costas ou garras de ferro nas mãos.

segunda-feira, março 17, 2003

Mas que grandes merdas. Eu nunca tenho nada de muito interessante para fazer e minha vida é um tédio total. E tudo bem, porque eu estou feliz assim. Mas daí, quando aparece UMA, uma coisa legal para fazer, como esse show, é claro que todas as outras coisas interessantes, que poderiam acontecer durante todo o resto do ano, resolvem acontecer no mesmo dia. Fui convidada para uma puta palestra imperdível com o Fernando Meirelles, de grátis, perto do metrô. O que fazer? Pra onde ir? Será que dá para sair correndo de um e ir para o outro? Ai merda. Odeio esses dias de escolhas de sofia.
Ontem finalmente assisti Taxi Driver. É muito legal mesmo, mas mais legal que a história, que já foi copiada à exaustão, é ficar assistindo e de repente dar uns berros: "Caralho, esse moço de cabelo preto e comprido e cara de índio e incrivelmente moço é o Harvey Keitel". Passa mais 10 minutos, outro berro: "Puta merda, esse cara já velho, já careca, mas de cabelos bem pretos e poucas rugas é o Peter Boyle, é o pai do Raymond!". Fora a surpresa de ver a Cybill Shepherd bonita e bem-vestida e a Jodie Foster também muito bonitinha, longe de parecer o dragão de Komodo que é hoje. Adoro filme velho.
Acabei de ficar muito feliz porque descobri que vai ter show do Trio Mocotó nesta quinta feira. Esse show era tudo que eu precisava para ficar muito feliz essa semana.

quarta-feira, março 12, 2003

Estou comendo exatamente que nem um avestruz. Acabei de bebr um toddinho sendo que eu não estava com nenhuma vontade, fome ou sede. Não é a toa que eu pareço um colchão amarrado.
De vez em quando eu uso umas frases de efeito para dar graça à minha narrativa, já tão graciosa. "Eu só quis dizer", "Desconfiei desde o princípio" e "Não contavam com a minha astúcia" são algumas dessas frases. Mas daí eu noto que meus amigos mais de 30 e com menos de 18 anos não riem. Claro, eles não vêem graça na brincadeira. Essas pobres almas infelizes não assistiram carrossel nem Chaves e Chapolim. Mesmo assim, acho um absurdo não conhecerem tais frases. Afinal, elas são tão clássicas quanto "Jamais passarei fome novamente" ou "Hasta la vista, baby", ou "Eu não fiz isso". Não conhecer essas frases denota um enorme preconceito em relação à extensa e criativa produção mexicana. Deviam estar nas cartilhas pré-escolares.

terça-feira, março 11, 2003

Suprassumo da vergonha. Pego metrô há mais de 10 anos e isso nunca tinha me acontecido. Fiquei presa, entalada na porta. A porta fechou em mim. Ninguém que nunca ficou preso na porta do metrô pode imaginar a força que ela tem. Vc fica completamente imóvel, com a maior cara de pateta do mundo (porque vc já está com cara de quem acabou de acordar, mais a cara de surpresa, mais a cara de susto, mais a cara de vergonha) se debatendo freneticamente. Até que alguns moços resolvem vir puxar a porra da porta e te soltar. No meu caso, foram precisos dois para cada porta. Daí me soltei e corri para um cantinho, roxa, tentando não respirar para não chamar mais atenção. Daí ouço: Pin-piiiiiin. "Não segure as portas do trem, isso provoca atrasos. A pressa pode provocar acidentes". No alto falante, em todos os vagões. Honestamente, preferia ter caído no buraco.

segunda-feira, março 10, 2003

Outra desvantagem de ser mulher é que eu nunca vou poder ser a dubladora brasileira do Homer Simpson. Merda.
Meu, como alguém tem criatividade para inventar uma personagem tão insuportável como essa da Regiane Alves na novela das oito? Se eu pego ela na rua, juro que dou uma chinelada na testa dessa maldita que destrata os velhinhos.
Caraio, muito trabalho. Planejei fazer touca no cabelo, assistir Chicago, assistir Domésticas, terminar o frila, desfazer a mala do carnaval, separar a bagunça da minha sobrinha da minha bagunça, cortar a unha do pé, ir na chata buscar o CD do Straight Cats que namoro há meses, ir na lujinha de sapatos buscar a minha conga e ainda dar o banho anual na minha gata, tudo neste final de semana. Não fiz nem uma única dessas coisas, trabalhei que nem gente grande sábado e domingo. Mas até que vale a pena camelar um pouco quando a gente vê a coisa andar e render. E a gente fica ouvindo músicas divertidas e contando sonhos esdrúxulos, daí fica parecendo que a gente não está trabalhando.

domingo, março 09, 2003

quarta-feira, março 05, 2003

Querido Deus:
O senhor é uma peste e sim, eu me ergo contra ti. Por que não me deste bunda? O que eu lhe fiz para nascer sem nenhuma bunda? Para ter dor nos ossos ao me sentar porque não há músculos glúteos ali para servir de almofadinha? Por que me deste esta quantidade absurda de peitos e nada de bundas? Veja bem, não estou reclamando dos meus gêmeos, de forma alguma. Apenas não consigo entender por que o senhor não pôde fazer uma distribuição igualitária de renda por aqui. Como posso lutar pela igualdade entre os povos se não há igualdade e uniformidade no meu corpo? Querido Deus, verdade seja dita, o Senhor me sacaneou nessa.
Vida irônica filha da puta. Tenho uma prima que sempre, desde que nasceu eu acho, disse que ia ser modelo. Não estudou, não fez nada, apenas emagreceu e emagreceu, perseguindo o sonho de desfilar para grandes grifes. E ela é bem bonita mesmo. Mas o fato é que ela nunca conseguiu ser modelo de nada importante e hoje eu a vi numa propaganda do MacDonalds. Ei laiá.
Estou um pouco triste e bastante decepcionada com algumas pessoas, e isso me tira toda a vontade de escrever. Mas é pura idiotice minha, eu sei. Mas fico puta de ficar repensando toooooooda a minha vida idiota por causa de uma ou outra atitude imbecil dos outros. Seria bem mais fácil se eu dissesse "foda-se" e pronto. Mas eu digo "foda-se" e fico lá pensando e repensando no que vale a pena e se estou ou não jogando tempo fora. Enfim, idiotices.
O trabalho está puxadíssimo, mas bem legal. Estou gostando muitíssimo do que estou fazendo e do que, talvez, esteja por fazer. Assim sim. Dá para levar a vida se ela estiver metade boa e metade ruim.

terça-feira, março 04, 2003

Oh Deus. Por que o carnaval não pode durar 265 dias? Por que, por que? E por que esses 265 dias não podem ser exatamente como foram esses 4 dias de carnaval: Ubatuba, muito sol, muita cerveja, muita conversa engraçada, muito mar transparente, muito namoro... Casa de frente para a praia, longe do centro, sol, sol, sol (com o fator de proteção adequado dessa vez), longe de todos os problemas e encheções de saco. Foi tudo pefeito.
Só fiquei assustada com a quantidade de carros que passavam tocando a porra da égua pocotó. Gente, que praga é essa? Como, COMO o povo ouve isso? O cara fala apenas uma frase na música toda e comete três erros de concordância nela. E tinha uma coisa com nome de bicho também, "vai Lacraia, vai Lacraia". Deprimente demais. Gordo atropelou uns moços que estavam dançando isso cobertos de espuma. Não pude tirar a razão dele nesse caso. Mas é aquela coisa. Se não pode vencê-los, junte-se à eles. Então, seguem aí as outras (e muito mais engraçadas) versões da eguinha mais cantada do Brasil:

Opção "Globo Rural 1":
"Hoje eu vim na minha charrete
Mastigando um pão-de-ló
E ouvindo no radinho
Chitãozinho e Xororó
Xororó, Xororó, Xororó, Xororó!
Chitãozinho e Xororó" (repete até a voz começar a ficar fininha, que nem a daquele irmão - ou irmã, sei lá - da Sandy)

Opção "Globo Rural 2":
"Eu vi um passarinho
Que cantava bem que só
Me disseram que o nome
Do danado é Curió
Curió, curió, curió, curió!
O passarinho é curió" (repete o refão até o seu... *aham*... "curió" fazer bico)

Opção "Parmalat vs. Molico":
"Bebo leite longa-vida
Mas tá em falta, 'Oh... que dó!'
Então vou me contentar
Só bebendo leite em pó
Leite em pó, leite em pó, leite em pó, leite em pó!
Tô bebendo leite em pó" (repete até a Vera Fisher e o Maradona entenderem que você está falando só de "leite" mesmo...)

Opção "Minas Gerais":
Viajei pro interior
E fui comer um abricó
Mas o roceiro me falou
Que melancia é 'mais mió'...
'Mais mió, mais mió, mais mió, mais mió'!
Melancia é 'mais mió'! (repete até virar discurso, afinal, platéia com mais de 2 mineiros já é comício)