segunda-feira, outubro 25, 2010

Não quero ter um milhão de amigos

Tenho poucos e por razões nada dignas. Sou desorganizada demais para ter um milhão de amigos, não consigo me lembrar das datas de aniversários, perco telefones, falto à encontros, ligo depois de meses para colocar a conversa em dia. Não é que falte consideração, o que falta mesmo é memória. Mas há que se ter uma paciência de Jó, eu sei, e agradeço aos que tem.

Fora isso, acho que também exijo demais, para alguém que nem parabéns não dá. E o que eu exijo é tão esquisito que nem sei se existe uma palavra para definir. Não são telefonemas, nem visitas, nem presentes, nem excesso de atenção, nem dinheiro e nem favores - embora todas essas gentilezas sejam ótimas, não são suficientes para transformar ninguém em meu amigo.

Vejo alguns dos meus melhores amigos uma vez por ano e sei que eles nunca deixarão de sê-lo. Sei que há carinho de verdade ali naquele relacionamento, sei que quando estamos juntos é porque gostamos muito mesmo da companhia uns dos outros.

Não existe nenhuma cobrança. É leve e gostoso justamente porque há a segurança do gostar. Quando podemos - e queremos - nos encontramos, rimos, choramos, nos abraçamos. Quando não, sentimos saudades, seguros de fazermos parte da vida alheia, ainda que de vez em quando ou ainda que a continentes de distância.

É uma coisa que parece tão simples, mas tem se mostrado tãotãotão complicada, isso de gostar e ser amigo de verdade, no fácil e no difícil, naquilo que fica muito abaixo do superficial.

Eu já estou bem escaldada para saber que há três ou quatro amigos verdadeiros e há aqueles de passagem. Os de mesa de bar, os de viagens, os de trabalho, os que só te procuram quando precisam arrumar trabalho, os da internet, os que dão risada, os de carona, os que te adoram quando vocês está bem... Que são muito bons, também, distraem e fazem rir. Só não podem ser confundidos com os verdadeiros, os "na alegria e na tristeza".

Mas confesso que às vezes eu ainda erro na conta. Coloco a pessoa no hall dos verdadeiros, passo a tratar como trato aqueles, confio cegamente e daí caio das nuvens. Tenho que catar os cacos enquanto me dou conta de que não era pra tanto. "Somos amigos, mas desde que", é como se eu ouvisse o outro dizer. É ruim, é azedo e faz eu me sentir uma idiota por ter dedicado sentimentos e tempo. Mas também é bom, me torno menos afoita e mais criteriosa a cada vez.

A estes, vou continuar dedicando sorrisos, piadas, emails e talvez até telefonemas, vida que segue por cima do verniz. Aos outros quatro ou cinco que fincaram raízes, dedico meu esquecimento de datas e o maior amor do mundo que não diminui nunca.

3 comentários:

Fabi disse...

Concordo muito, muito, muito com tudo isso.

Anônimo disse...

Você é minha irmã gêmea de algum modo, nunca vou deixar de achar isso. =P

Suzana disse...

Sou sua irmã gêmea no modo astral, florzinha. E eu te odeio por ter fechado o blog, só pra constar.