Entrevistar bispo é uma dificuldade. Nunca tinha feito isso. De qualquer modo, não é uma coisa natural. É tipo entrevistar extraterrestre. Vossa excelência, o exrtaterrestre. Tem toda essa chatice de forma de tratamento. Não sei como chamo o cara. É de caro bispo, senhor dom, seu padre...? Daí me disseram que tem que chamar de vossa excelência reverendíssima. Imagina eu no telefone falando: “Mas vossa excelência reverendíssima está recuperado? Quais os planos de vossa excelência reverendíssima para o futuro? Qual a opinião de vossa excelência reverendíssima sobre o fome zero?” Ai, meu cu. Cada uma que me arrumam. Mês passado a tarefa era encher o saco de um cara metralhado. “Oi querido, e aí, conta tudo sobre como foi tomar todos aqueles balaços, o povo quer saber!”
Todo dia me pergunto por que foi mesmo que fiz jornalismo. Devia ter me mantido firme na opção por Oceanografia. Cu.
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