sexta-feira, junho 10, 2005

Existem coisas que o dinheiro não compra

Para todas as outras, existe o Boletim de Ocorrência.
Pois é, agora posso dizer que sou uma típica paulistana: sofri meu primeiro assalto, com direito à arma na cabeça e o escambau. Safado saiu do nada, só deu tempo de eu olhar pra trás e pensar: fo-deu. Mas não fiquei nervosa, nem muda. Consegui pedir à ele que levasse apenas a carteira, pois dentro da bolsa eu tinha fotos, bilhetinhos, lembranças da minha mãe e coisas pessoais que tem mais valor que o resto todo junto. Mas não adiantou, o puto ficou gritando com o revólver (que eu acho que era de plástico, mas achei por bem não pagar pra ver) encostado na minha cabeça, e só me restou vê-lo sair correndo com minha bolsa favorita nos braços. Puto. Em menos de um minuto eu já estava falando com a polícia, que mostrou toda a sua eficiência e presteza: o atendente do 190, muito simpático (de verdade, ele era um doce) me mandou me dirigir à delegacia mais próxima para registrar a ocorrência. Mesmo eu argumentando que o meliante estava a pé, que o assalto tinha acontecido a menos de um minuto, que se uma viatura viesse a gente poderia pegá-lo, que havia um posto policial a duas quadras de onde eu estava. Muito paciente, ele dizia: "sabe o que é? a gente não vai achar o cara, está escuro, não tem viatura disponível, ai, estou com uma preguiiiiiiça...". Bom, fui pra delegacia, fiz o B.O. com uma delegada simpática e bonita e saí de lá arrependidíssima de não ter prestado mais atenção nos filmes do Charles Bronson. Durante todo o trajeto até lá, meu pai foi jogando o carro em cima de todo menino parecido com a descrição que eu tinha feito do meliante (descobri que sou excelente fisionomista sob tensão) e me fazendo passar o maior carão.
Bem cedinho no dia seguinte, recebi o telefonema de um senhor dizendo que achara minha bolsa no terminal Jabaquara, com tudo dentro: fotos, bilhetes, contra-vales, meu óculos de sol foderoso... Fomos buscar tudo, o tiozinho era ótimo e gente fina e realmente estava praticamente tudo lá dentro. Uma sorte da porra.
O lucro do ladrão, no final das contas: 3 batons já no finalzinho (um deles, aliás, vencido), duas canetas já no finalzinho, um celular sem crédito e bloqueado em menos de uma hora, dois cartões também bloqueados, dois absorventes, 30 centavos em cash e um maço de cigarros fechado (puto!!). O que mais me impressiona é pensar que neguinho se arrisca tanto por uma merreca dessas. Já imaginou puxar uma cana por causa desse tipo de coisas? Será que vale a pena? Só sei que, quando imaginei o cara fulo da vida com a féria do assalto, fiquei muito satisfeita por ser tão pé-rapada.

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