Depois de seis anos, voltei pra Pouso. Continua tudo muito lindo e muito longe, sem eletricidade e água quente, mas parece que todo mundo descobriu o lugar. Estava bem cheio, construíram muitas casas e a praia perdeu aquela cara de comunidade de pescadores de novela das seis. Mas ainda é muito, muito bom passar um carnaval todinho sem me lembrar que existe samba-enredo, rei Momo e overdose de bundas. Não que eu não tenha visto bundas, vi muitas, até uma com uma rosa vermelha tatuada, mas elas não estavam besuntadas de óleo nem sacolejavam. Eram apenas bundas se bronzeando, paradinhas, como as bundas devem ser. Não quero demorar outros seis anos pra voltar pra lá, não. Claro, tivemos alguns percalços no caminho. A casa ficava no alto do morro e eu chegava lá ofegante e rezava o dia todo pra não ter vontade de fazer xixi - pra não ter de subir o morro. Provavelmente dilatei a bexiga nesses quatro dias. Também conheci uma das pessoas mais chatas de todo o universo, um amigo da minha irmã, cujo qual mandei se foder em apenas dois dias de convivência e eu não sou de mandar as pessoas se foderem mesmo com anos de intimidade. Na volta, o barco quebrou em alto mar. À noite. Aquela escuridão e a gente lá, boiando. Medo, medo, medo. Por fim, batemos o carro no poste. Uma batidinha de nada, ninguém se machucou, só eu e a lanterna do carro. Ela, que ficou de vidro quebrado e eu, que luxei o nariz. Nariz é algo que dói demais, aliás. Mas ainda acho que tudo isso valeu a pena pra curtir essa paisagem.
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