Se eu tivesse que me definir em uma palavra, seria saudade. Sinto todos os dias, em maior ou menor grau. Mesmo antes de tudo, eu já sentia. Desde que aprendi a sentir qualquer coisa ela está lá, gritando. Sinto falta do que foi e não é mais, do que ainda é mas não mais do mesmo jeito, do que eu não sei explicar, do que não pode mais ser e até do que poderia ter sido. Hoje mesmo, estou sentindo uma saudade comprida e dolorida do que poderia ter sido, dos planos que não tiveram forças pra virar fatos, de tudo que sonhei e já não pode ser.
Aprendi a conviver com ela como se fosse uma deficiência congênita, uma crise de enxaqueca. Não posso parar de senti-la, não há cura nem remédio para aliviar a dor. Então eu deixo que ela grite e machuque o quanto quiser. Se me debater, será pior. Mas, diferente da enxaqueca, escuridão e silêncio só fazem alimentar a saudade. O melhor paliativo é o ruído da rotina. Ele não me deixa ouvir os berros da malvada.
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