segunda-feira, setembro 25, 2006
Domingo no parque
Ignorando os -38 graus que faziam na cidade, as pessoas resolveram ir ao parquinho. Porque somos jovens e felizes e passamos o percurso todo (longo, longo até morrer) acreditando que, de repente, o sol ia se abrir. Claro que ele não deu as caras, e ventava tanto no alto da roda-gigante que fazia aquele barulhinho de filme de terror. E eu disfarçando todo o meu medo de altura comendo um bis atrás do outro e falando sem parar, lá no alto. A quem eu quero enganar, eu sou velha, neurótica e tenho medo de todos os brinquedos. Até o carrossel me dá vertigens. Então eu fui pelo menos na roda-gigante, pra não dar demais no saco das pessoas, sabe. Para minha sorte, o frio não demoveu ninguém da vontade de despencar de torres ou se arriscar em carrinhos de madeira nada seguros (que, eu tenho certeza, podem se soltar dos trilhos e ir parar no lago a qualquer momento), então havia filas infinitas pra tudo. Só deu pra brincar em quatro brinquedinhos e eu nem passei mal nem nada, até naquela bóia que desce as corredeiras nós fomos. Toda a água do mundo em minhas costas. -38º, não se esqueça. As pessoas comem cocô, realmente. Mas se divertem horrores.
segunda-feira, setembro 18, 2006
Too much information
Toda essa coisa da Cicarelli foi super divertida mesmo. O furor uterino das celebridades e tal, perfeito pra animar a segundona. Mas daí as pessoas começam a falar o que eu não quero ouvir. Que o cara faz direitinho. Ou não. Que gostam dessa ou daquela posição, que já fizeram no mar e foi ruim, que não fizeram, mas sempre quiseram fazer e não direi mais nada porque é ladeira abaixo. E eu não preciso saber disso, preciso? Eu não preciso saber que a pessoa que tem caspa gosta da remexidinha, que a que come de boca aberta gosta de lambidinhas, que o menino de moletom puído também tem mão boba. Meu almoço está todo revirando no estômago. E eu lhes pergunto: por que, mamãezinha, por quê?
Não quero mais o bilhete único
Já falei do meu problema com veículos automotores, né? Da total falta de coordenação, do cérebro preguiçoso, do desconforto com as marchas e tudo. Ainda assim, vira e mexe eu tento aprender. A última vez foi há uns 5 anos. Namorido apavorado no banco do carona, primo e namorada do primo no banco de trás. E eu confiante e faceira no volante. Não lembro qual foi a merda que deu, mas parece que desobedeci a um comando do co-piloto e passei a uma unha de distância de um carro estacionado. Todo um escândalo dentro do carro a respeito da minha insubordinação. Todo um cu doce de minha parte, já de volta ao banco do carona, por levar gritos na frente das pessoas. Todo um barraco absurdo e de repente eu abro a porta e quase pulo, mandando todo mundo à merda. O motorista largou a direção pra segurar a pseudo-suicida, o primo deu um salto acrobático pra fechar a porta, a namorada do primo ficou branca e disse que queria vomitar.
E assim criou-se todo um trauma em minha pessoa, pois as aulas de direção fizeram vir à tona um monstro histérico que eu nem sabia que morava dentro de mim. E depois do quase suicídio, uma DR interminável, com gritos, choro e cusparadas. E depois da DR, encarar a família do primo, que obviamente cochichava sobre o acontecido. Eu mesma cochicharia sem parar. Então, sabe, direção nunca mais.
Mas eu trabalho na putaqueopariu agora, né? E chove tanto nessa cidade e o coletivo é sempre tão cheio e demorado. Namorido ofereceu novas aulas (porque o carro fica a semana toda parado na garagem e está começando a engasgar), se propôs a passar uma borracha naquilo que foi a maior de todas as nossas crises. Fiquei achando que ele é um misto de Gandhi com Indiana Jones, óun.
Daí agora os finais de semana são sempre muito emocionantes. Fico toda tensa, é uma pisação em ovos sem fim. Ele falando tudo mui carinhosamente, mui delicadamente, para a louca psicótica não surtar de novo. Eu sendo mui subserviente, só "sim, meu bem". O problema é que o rapaz encasquetou que eu tenho que pôr terceira em algum momento da vida e eu acho isso completamente desnecessário. Estou indo muito bem em segunda, obrigada. Não entendo essa tara por velocidade. E ontem tentei a terceira para ele ficar feliz e o carro pulou, engasgou, piou e morreu. Tanta vergonha.
Apesar disso, vou insistir nas aulas porque virou uma questão moral. E porque essas aulas são o que de mais emocionante tem acontecido na minha vida ultimamente. Isso e fazer os Sims serem promovidos, claro.
E assim criou-se todo um trauma em minha pessoa, pois as aulas de direção fizeram vir à tona um monstro histérico que eu nem sabia que morava dentro de mim. E depois do quase suicídio, uma DR interminável, com gritos, choro e cusparadas. E depois da DR, encarar a família do primo, que obviamente cochichava sobre o acontecido. Eu mesma cochicharia sem parar. Então, sabe, direção nunca mais.
Mas eu trabalho na putaqueopariu agora, né? E chove tanto nessa cidade e o coletivo é sempre tão cheio e demorado. Namorido ofereceu novas aulas (porque o carro fica a semana toda parado na garagem e está começando a engasgar), se propôs a passar uma borracha naquilo que foi a maior de todas as nossas crises. Fiquei achando que ele é um misto de Gandhi com Indiana Jones, óun.
Daí agora os finais de semana são sempre muito emocionantes. Fico toda tensa, é uma pisação em ovos sem fim. Ele falando tudo mui carinhosamente, mui delicadamente, para a louca psicótica não surtar de novo. Eu sendo mui subserviente, só "sim, meu bem". O problema é que o rapaz encasquetou que eu tenho que pôr terceira em algum momento da vida e eu acho isso completamente desnecessário. Estou indo muito bem em segunda, obrigada. Não entendo essa tara por velocidade. E ontem tentei a terceira para ele ficar feliz e o carro pulou, engasgou, piou e morreu. Tanta vergonha.
Apesar disso, vou insistir nas aulas porque virou uma questão moral. E porque essas aulas são o que de mais emocionante tem acontecido na minha vida ultimamente. Isso e fazer os Sims serem promovidos, claro.
quarta-feira, setembro 13, 2006
Quando eu não sei o que dizer, os outros dizem por mim
"Você não é a mulher Nova, nem a mulher Cláudia, nem a Cosmopolitan, nem a Marie Claire, nem a TPM, nem a Uma. Você não é nem a mulher Superinteressante, nem a Casa & Jardim, nem a Escola, nem a Ana Maria, nem a Contigo, muito menos a Caras. Você não é a mulher Arquitetura e Decoração, nem a Burda, nem a Festas & Eventos, nem a Vogue, nem a Elle. Da Playboy, Sexy e Trip não vamos nem falar, né ameeeega? Você não consegue trabalhar com tal dedicação a ponto de ser notada (promovida?), administrar a casa (ainda que com colaboração do marido, da faxineira, da mãe ou do divino espírito santo), estar com unhas, cabelos, depilação e os exames ginecológicos em dia, fazer exercícios, massagem, drenagem linfática, seguir a dieta da nutricionista e as recomendações da ortomolecular, não negligenciar nenhum dos amigos, comparecer aos eventos sociais, criar bem seus filhos (ou parar pra pensar seriamente em tê-los, um dia), correr três dias por semana, dar andamento ao seu projeto de aperfeiçoamento (pós, mestrado, doutorado, especialização ou cursinho de ikebana), aumentar o número de sessões com o analista, ter disposição, imaginação e tesão para ser a deusa do sexo com razoável regularidade, manter seu relacionamento com cumplicidade, diálogo, bom humor e góing góing góing, ter paciência com a família, fazer supermercado, mandar consertar o portão da garagem, buscar o aspirador no conserto, comprar ingressos pro teatro, ir ao teatro, ao cinema, ler mais de uma página e meia por dia, atualizar os seus CD?s, juntar dinheiro para as férias, conseguir férias, manter um mínimo de sanidade mental que te impeça de matar um vizinho, atualizar o blog, acompanhar os jogos da copa, ler jornais, passear com o cachorro, limpar a areia do gato, fazer jantarzinho gostosinho, trocar o óleo do carro. Você não consegue. Não. Muito bem. Cá entre nós, minha santa: NINGUÉM CONSEGUE. Faça as SUAS escolhas e mande o resto pra casa do car*lho."
Um alívio tão grande ler isso justo no dia em que eu acordei morrendo de medo de me transformar na gorda do sofá. Saiu daqui e eu agradeço.
Um alívio tão grande ler isso justo no dia em que eu acordei morrendo de medo de me transformar na gorda do sofá. Saiu daqui e eu agradeço.
terça-feira, setembro 05, 2006
Miss simpatia
Eu tenho adorado os dias frios porque quase ninguém tem saco de vestir 45 casacos cada vez que precisa usar o fumódromo de fora, e assim eu posso tomar meu café e um ventinho no rosto em abençoado silêncio. Mas de vez em quando as pessoas ainda vão, de modo que é preciso socializar. E o tema de hoje era academia. O povo descobriu um lugar aqui perto e formaram um grupo para que um apóie o outro na malhação. Acho isso bonito, uma coisa meio AA, né? Super válido. Daí a menina estava dizendo que o lugar é meio vazio e não tem aquelas pessoas chatas de academia e eu imediatamente comecei a gostar da menina só por ela saber que pessoas de academia são chatas. E ela disse também que os instrutores eram ótimos, que não enchiam o saco e tal. Daí eu disse:
"É, porque não existe nada mais insuportável do que instrutores de academia efusivos, né? Toda aquela alegria, aquela animação, quem é que pode com isso?"
Silêncio constrangedor. Ouvi os grilos e tudo. Uns 28 minutos depois, um menino pergunta: "mas o que você tem contra a alegria, você não gosta de pessoas alegres?". Muito sério, muito magoado mesmo. Tentei explicar que, veja bem, aquela alegria dos instrutores de academia não é de verdade, assim como a dos balconistas da Blockbuster e que ninguém pode ser feliz acordando às 5 da manhã para puxar ferro, mas tudo estava perdido. O colega continuou me olhando torto. Eu não sei o que as pessoas costumam fazer em saias-justas como essas, nem o que eu faria se estivesse com outro humor. Mas hoje decidi tocar o foda-se e dizer a verdade: eu acho que qualquer pessoa que consegue ser efusiva antes das oito da manhã não merece viver. Definitivamente eu não sei fazer amigos. E eu só queria fumar um cigarro, puxa.
"É, porque não existe nada mais insuportável do que instrutores de academia efusivos, né? Toda aquela alegria, aquela animação, quem é que pode com isso?"
Silêncio constrangedor. Ouvi os grilos e tudo. Uns 28 minutos depois, um menino pergunta: "mas o que você tem contra a alegria, você não gosta de pessoas alegres?". Muito sério, muito magoado mesmo. Tentei explicar que, veja bem, aquela alegria dos instrutores de academia não é de verdade, assim como a dos balconistas da Blockbuster e que ninguém pode ser feliz acordando às 5 da manhã para puxar ferro, mas tudo estava perdido. O colega continuou me olhando torto. Eu não sei o que as pessoas costumam fazer em saias-justas como essas, nem o que eu faria se estivesse com outro humor. Mas hoje decidi tocar o foda-se e dizer a verdade: eu acho que qualquer pessoa que consegue ser efusiva antes das oito da manhã não merece viver. Definitivamente eu não sei fazer amigos. E eu só queria fumar um cigarro, puxa.
sexta-feira, setembro 01, 2006
Seis graus de separação
Dani me botou na corrente de revelações bloguísticas. A brincadeira é contar seis coisas sobre sua própria pessoa e passar a bola para mais seis pessoas fazerem suas revelações. Não tenho nada de bombástico para dizer, enquanto pessoa prolixa e megalomaníaca que sou. Acho que vocês já sabem mais da minha vida do que eu mesma posso me lembrar. Mas, enfim, são seis coisas:
1.Fui uma criança extremamente tímida, que tinha vontade de morrer toda vez que era chamada na lousa. Os adultos achavam uma graça e sempre me colocavam em situações constrangedoras para ver se eu ruborizava. Na adolescência aprendi a tirar vantagem da boa fama de tímida e podia fazer o que quisesse que ninguém jamais me acusava de nada nem desconfiava de mim. Só que acabei fazendo tantas que hoje, na velhice, ninguém mais acredita que eu seja tímida (porque mesmo a boa fama se desgasta, não é?). Mas eu ainda sou, extremamente.
2. Eu não quero conhecer a Índia. Nunca. Se ganhar a passagem, vendo e vou para a Escócia. Para a Índia, jamais.
3. Sofro de um leve TOC. Eu nunca me levanto da cama, por exemplo, às 7h12 ou às 7h24. Tem de ser às 7h00, 7h10, 7h15 e assim por diante. Se eu abrir os olhos em hora quebrada, durmo de novo. Não é à toa que me atraso todo santo dia. Também me dá faniquitos ver fios de cabelos soltos da cabeça: esteja o fio onde estiver, eu tenho de ir lá joga-lo fora. Mesmo que não seja meu, que não esteja em mim ou que eu não conheça a pessoa em quem o fio está agarrado. Vivo retirando fios das roupas das pessoas no ônibus, por exemplo, e elas quase nunca percebem. Não me incomodo com isso, porque acho bem elegante e cosmopolita ter uma ou outra neurose.
4. Existem três coisas das quais eu tenho pavor genuíno: dentistas, baratas e zumbis. Eu sei que zumbis não existem, blábláblá, mas até alguns anos atrás a ovelha Dolly também não existia, não é? No meu pior pesadelo eu sou perseguida por um dentista comedor de cérebro coberto de baratas - e eu estou hiperventilando só de escrever isso.
5. Eu gosto mais de bicho do que de gente. Muito, muito, muito mais.
6. Para as pessoas que conheço pouco, eu digo que não gosto de dirigir e que optei por usar o transporte público para preservar o meio-ambiente. Mas a verdade é que sou um desastre ao volante e não posso ir nem até a esquina de carro, para não colocar vidas em risco. Se não fosse por isso, jamais subiria num ônibus novamente.
Ufa, foram seis coisas! Tenho certeza de que amanhã vou querer mudar todas elas. E os seis que eu torço para que também queiram brincar são:
Dani
Sacildo
Casé
Marcão
Alexal
Lavi
1.Fui uma criança extremamente tímida, que tinha vontade de morrer toda vez que era chamada na lousa. Os adultos achavam uma graça e sempre me colocavam em situações constrangedoras para ver se eu ruborizava. Na adolescência aprendi a tirar vantagem da boa fama de tímida e podia fazer o que quisesse que ninguém jamais me acusava de nada nem desconfiava de mim. Só que acabei fazendo tantas que hoje, na velhice, ninguém mais acredita que eu seja tímida (porque mesmo a boa fama se desgasta, não é?). Mas eu ainda sou, extremamente.
2. Eu não quero conhecer a Índia. Nunca. Se ganhar a passagem, vendo e vou para a Escócia. Para a Índia, jamais.
3. Sofro de um leve TOC. Eu nunca me levanto da cama, por exemplo, às 7h12 ou às 7h24. Tem de ser às 7h00, 7h10, 7h15 e assim por diante. Se eu abrir os olhos em hora quebrada, durmo de novo. Não é à toa que me atraso todo santo dia. Também me dá faniquitos ver fios de cabelos soltos da cabeça: esteja o fio onde estiver, eu tenho de ir lá joga-lo fora. Mesmo que não seja meu, que não esteja em mim ou que eu não conheça a pessoa em quem o fio está agarrado. Vivo retirando fios das roupas das pessoas no ônibus, por exemplo, e elas quase nunca percebem. Não me incomodo com isso, porque acho bem elegante e cosmopolita ter uma ou outra neurose.
4. Existem três coisas das quais eu tenho pavor genuíno: dentistas, baratas e zumbis. Eu sei que zumbis não existem, blábláblá, mas até alguns anos atrás a ovelha Dolly também não existia, não é? No meu pior pesadelo eu sou perseguida por um dentista comedor de cérebro coberto de baratas - e eu estou hiperventilando só de escrever isso.
5. Eu gosto mais de bicho do que de gente. Muito, muito, muito mais.
6. Para as pessoas que conheço pouco, eu digo que não gosto de dirigir e que optei por usar o transporte público para preservar o meio-ambiente. Mas a verdade é que sou um desastre ao volante e não posso ir nem até a esquina de carro, para não colocar vidas em risco. Se não fosse por isso, jamais subiria num ônibus novamente.
Ufa, foram seis coisas! Tenho certeza de que amanhã vou querer mudar todas elas. E os seis que eu torço para que também queiram brincar são:
Dani
Sacildo
Casé
Marcão
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