Muito pheena e antenada com as tendências mais hypes do momento, fui passar as entradas no estrangeiro, porque essa coisa de litoral é sooo last season. 3.518 brasileiros igualmente hypados tiveram a mesma idéia e infestaram a capital portenha. Me mantive escrota e reclamando deles durante os sete dias. Afinal, reclamar dos compatriotas é trés chic.
A verdade é que essa foi a minha única desculpa para reclamar, já que a vida esteve absolutamente perfeita e mais um pouco nesse período. Se da primeira vez a palavra de ordem foi encantamento, e eu queria entrar em todos os lugares e fazer todos os passeios de turista e tirar foto até da privada do hostel, dessa vez foi mais descoberta mesmo. Sem a ansiedade da primeira visita, você consegue realmente "ver" o lugar onde está passeando. Consegue ver que as ruas são sujas, o ar é poluído e o rio é fedido. Mas também consegue sentir um pouco melhor como deve ser a vida de verdade ali, de quem mora ali. Isso é o que eu mais gosto em viajar - descobrir esses outros mundinhos e conhecer os hábitos parecidos e diferentes das outras pessoas.
Optamos por não pegar filas em museus ou restaurantes badalados - e o mérito é todo do namorado, que fez uma lista de lugares à prova de turistas, mais legal do que qualquer guia. Não fosse por isso, eu jamais teria conhecido a galeria Bond Street, um misto de Ouro Fino com galeria do rock, perfeito pra comprar camisetas divertidas e livros diferentes (miacabei na Rayo Rojo). Também não teria comido no El Obrero, que fica numa rua muito, muito feia e perdida no meio do Boca, mas tem a melhor massa e os garçons mais gente fina da cidade. No Mundo Bizarro, a gente quase se sentiu em casa. O bar é todo descolado, tem Betty Page pra todo lado e só toca música alternativa - inclusive brasileira (nada de Bebel Gilberto por aqui, amém!!).
Também foi bom nos perdermos - e isso fizemos muito! - sem preocupação. Nem sempre queríamos consultar o mapa e era uma delícia deixar Buenos Aires nos surpreender. Mas a verdade é que, apesar de todos os passeios incríveis e dos lugares escondidinhos, o melhor dessa viagem são as coisas que não se pode fotografar nem recomendar, só se pode viver. E essas eu não quero dividir com mais ninguém.
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