E lá se vão quatro anos. As coisas que você me deu estão ficando gastas, bolorentas, rasgando e perdendo a cor. Os vestidos de festa que você fez estão lá no cabide, mas mal cabem, porque eu engordei um monte. Seu perfume está guardado na minha gaveta, ainda cheio, mas eu não tenho coragem de abrir.E tem as cartas, bilhetes, fotos. Eu evito, porque tudo que eles trazem são um monte de lembranças. Lembrar é muito pouco quando se ama tanto.
E as vezes eu tenho medo de esquecer como era sua voz e o gosto do seu bife à milanesa, porque eu já não sei mais qual era sua cor favorita. Acho que era roxo. Era? Não sei qual a relevância de lembrar disso tudo, mas me recuso a não lembrar. Cada coisa que esqueço, é um pouco mais de você que deixo ir embora, e se mais de você for embora, eu acho que não paro de pé. Ainda não aprendi.
Porque tudo isso é placebo, mas foi só o que sobrou. Não dá mais pra te ligar desesperada e perguntar "o que é que eu faço agora????" e fazer exatamente o que você disser. Eu ainda pergunto, mas você nunca responde. Ia ser estranho mesmo se respondesse. Eu ia ter de ligar pra Zibia Gasparetto e tals. E eu até tento pensar no que você faria, mas você tinha de ser essa criatura tão imprevisível só pra deixar tudo muito mais difícil, né?
Nisso a gente errou feio, TÃO feio. Você me ensinou a falar, ler, ser honesta, educadinha e classuda, mas não me ensinou a viver sem você, nem por quatro anos, quatro minutos, quatro séculos, nada. Você tava lá, sempre, sabendo tudo de tudo. E a gente nunca cogitou a hipótese de que não ia ser pra sempre. E agora eu fico aqui, ainda, me largando pelos cantos, fungando e fazendo mimimis que ninguém mais aguenta ouvir.
Sim, eu sei que não adianta nada ficar fazendo mimimi sobre isso. Mas achei que você precisava saber dessas coisas, saber que eu estou me esforçando de verdade e todos os dias pra continuar sendo o que você esperava que eu fosse, mas que eu decidi não ser como você. Porque a falta que você faz é insuperável e imensa e eu não quero fazer essa falta para ninguém. Espero que considere o altruísmo da minha decisão antes de me chamar de covarde :-). E, ainda que eu te odeie por toda essa porra de saudade, eu te amo mais por ser capaz de provocar uma saudade desse tamanho. Sei que você - e mais ninguém - entende o que eu estou dizendo, porque consigo me lembrar da sua voz dizendo. Que alívio.
quarta-feira, março 25, 2009
terça-feira, março 17, 2009
Carnaval, futebol e eu odeio Cláudia Leite
Futebol já foi peça importante da minha vida. Mais novinha, eu ia ao estádio com meu irmão pelo menos uma vez por mês e sempre acabava a partida abraçada a trinta outros torcedores, gritando "ah, juiz, vai tomar no cu". Sabia a escalação do meu time e entendia até o significado de impedimento.
Daí passou. Sei lá por que. Peguei birra, não podia nem ouvir falar, aposentei a camisa. Vai ver que essa coisa de ganhar muito, sempre, me fez perder a emoção. Porque eu gosto mesmo de sofrer.
Então, neste final de semana, meus calégas me levaram ao jogo do Paraná Clube, grande representante da segundona nesse glorioso estado. Foi sensacional. O paraná PERDEU para um time que tinha 5 torcedores no estádio e do qual eu nunca tinha ouvido falar. Muito sofrimento, muitos gritos, muito xingamento. E eu descobri que torcer pra time ruim é uma delícia, porque é tão raro, mas tão raro ele ganhar, que quando ganha a gente fica em êxtase uns 10 dias.
Torcer pra time ruim faz a gente se sentir vivo. Claro, quando eu voltar pra minha terra natal, posso me acostumar de novo a uma vida de glórias e glamour futebolístico torcendo pelo SP. Mas uma coisa é certa: Paraná, eu nunca vou te abandonar!
* Estar no meio da torcida do Paraná é como estar naquele vídeo do Bátema, da feira da fruta, sabe? Os torcedores pronunciam cada sílaba dos palavrões de forma bastante nítida, Bátema. É sensacional.
Daí passou. Sei lá por que. Peguei birra, não podia nem ouvir falar, aposentei a camisa. Vai ver que essa coisa de ganhar muito, sempre, me fez perder a emoção. Porque eu gosto mesmo de sofrer.
Então, neste final de semana, meus calégas me levaram ao jogo do Paraná Clube, grande representante da segundona nesse glorioso estado. Foi sensacional. O paraná PERDEU para um time que tinha 5 torcedores no estádio e do qual eu nunca tinha ouvido falar. Muito sofrimento, muitos gritos, muito xingamento. E eu descobri que torcer pra time ruim é uma delícia, porque é tão raro, mas tão raro ele ganhar, que quando ganha a gente fica em êxtase uns 10 dias.
Torcer pra time ruim faz a gente se sentir vivo. Claro, quando eu voltar pra minha terra natal, posso me acostumar de novo a uma vida de glórias e glamour futebolístico torcendo pelo SP. Mas uma coisa é certa: Paraná, eu nunca vou te abandonar!
* Estar no meio da torcida do Paraná é como estar naquele vídeo do Bátema, da feira da fruta, sabe? Os torcedores pronunciam cada sílaba dos palavrões de forma bastante nítida, Bátema. É sensacional.
sexta-feira, março 13, 2009
Fazendo show off
Não é querer causar inveja em ninguém, não (até porque minha opinião a respeito do tema está logo abaixo), mas eu GANHEI os ingressos do Radiohead. De alguém que gosta muito, muito, muito de mim, porque o ingresso tava custando quase um salário mínimo. Ou seja, além de existir alguém que gosta muito, muito, muito de mim nesse mundo, eu ainda vou de graça (e de bote) no show do ano, quiçá da vida, tamanha é a empolgação do povo.
Eu gosto de Radiohead. Mas quando eles surgiram eu ainda tava na fase punk e não dei a menor chance. Não ouvia, mas tinha certeza que era tudo música dedo no rabo. Depois eu ouvi, até porque não tem como não ouvir uma coisa quando ela fica muito, muito famosa, porque vira música-tema de propaganda de ONG. Confesso que AMAVA a música da propaganda do menininho com Síndrome de Down. Mas ainda assim, não ouviria por princípios. Princípios idiotas que fazem parte da vida quando vc tem 12 anos, mas não deveriam fazer quando vc tem 18, 20. Princípios idiotas dos quais eu ainda não me livrei inteiramente.
Daí tá. Eles vem pro Brasil e eu pensei: po, eu queria conhecer e ter virado fã só pra participar dessa comoção coletiva, porque eu adoro uma turba. Eu daí eu GANHO o ingresso e fico incrível. O mínimo que eu podia fazer era estudar. Baixei a discografia e fui ouvindo e "nossa, essa música é deles? Mas eu gosto tanto! Nossa, e essa também. E mais essa".
Resumindo: eu não merecia ir a esse show. Mesmo tendo descoberto tardiamente que gosto muito. Porque esse é um show para fiéis, não para meros fãs. Eu não conheço ninguém que "goste" de Radiohead. Eu só conheço devotos (devoção é geralmente associada a músicas muito ruins, e nesse caso eu acho realmente que Radiohead é uma deliciosa exceção. Além de ser bem bom, os fãs não são chatos. Só depressivos, o que é até charmoso. Mas pega fã de Doors. De Pink Floyd. De Raul Seixas, Legião Urbana, Los Hermanos. Me deixa duas horas trancada num quarto branco com um desses tipos que eu me mato a dentadas nos pulsos).
Por isso, essa semana ninguém fale comigo. Tô concentrada no intensivão de decorar a discografia e pintar o cabelo de loiro Tom York (acho um luxo). Até dia 22 já estarei madura o suficiente para chorar histéricamente em cada acorde e para achar até a respiração deles uma lufada de genialidade. Eu tenho que merecer o meu presente.
Eu gosto de Radiohead. Mas quando eles surgiram eu ainda tava na fase punk e não dei a menor chance. Não ouvia, mas tinha certeza que era tudo música dedo no rabo. Depois eu ouvi, até porque não tem como não ouvir uma coisa quando ela fica muito, muito famosa, porque vira música-tema de propaganda de ONG. Confesso que AMAVA a música da propaganda do menininho com Síndrome de Down. Mas ainda assim, não ouviria por princípios. Princípios idiotas que fazem parte da vida quando vc tem 12 anos, mas não deveriam fazer quando vc tem 18, 20. Princípios idiotas dos quais eu ainda não me livrei inteiramente.
Daí tá. Eles vem pro Brasil e eu pensei: po, eu queria conhecer e ter virado fã só pra participar dessa comoção coletiva, porque eu adoro uma turba. Eu daí eu GANHO o ingresso e fico incrível. O mínimo que eu podia fazer era estudar. Baixei a discografia e fui ouvindo e "nossa, essa música é deles? Mas eu gosto tanto! Nossa, e essa também. E mais essa".
Resumindo: eu não merecia ir a esse show. Mesmo tendo descoberto tardiamente que gosto muito. Porque esse é um show para fiéis, não para meros fãs. Eu não conheço ninguém que "goste" de Radiohead. Eu só conheço devotos (devoção é geralmente associada a músicas muito ruins, e nesse caso eu acho realmente que Radiohead é uma deliciosa exceção. Além de ser bem bom, os fãs não são chatos. Só depressivos, o que é até charmoso. Mas pega fã de Doors. De Pink Floyd. De Raul Seixas, Legião Urbana, Los Hermanos. Me deixa duas horas trancada num quarto branco com um desses tipos que eu me mato a dentadas nos pulsos).
Por isso, essa semana ninguém fale comigo. Tô concentrada no intensivão de decorar a discografia e pintar o cabelo de loiro Tom York (acho um luxo). Até dia 22 já estarei madura o suficiente para chorar histéricamente em cada acorde e para achar até a respiração deles uma lufada de genialidade. Eu tenho que merecer o meu presente.
quarta-feira, março 04, 2009
Inveja, grandes merdas
BBB está eletrizante, como vocês, pessoas antenadas, inteligentes e ocupadas como eu, devem estar acompanhando. Eu me emociono todos os dias, mas não estou pessoalmente envolvida com nenhum participante, não tenho um favorito. Até da Prianha ando meio de bode. Então, eu não adoro ninguém, mas eu odeio algumas pessoas. Odeio com todas as forças do meu coração. Flávio (grande decepção). Naná. Cadela do nariz de batata. Josi. Odeio.
E este é o grande serviço que o BBB presta a mim, pessoalmente. A possibilidade de canalizar meu ódio e meu desprezo a seus participantes e não a pessoas da vida real. Percebo que durante o programa todos os meus relacionamentos melhoram, porque eu fico ocupada demais com os relacionamentos DELES, para estragar os meus. Obrigada, Boninho. Obrigada, Bial. Obrigada, Brasil.
Essa semana, em particular, estou tensa com a briga entre a Fran e a cachorra do nariz de batata, cujo nome me recuso a pronunciar, porque eu vomito. Eu gosto da Fran. Ela é engraçada e boba e eu caguei se tudo aquilo que ela faz é real ou não. Porque me faz rir e é pra isso eu assisto aquilo lá, pra rir e pra chorar. Se eu quisesse vida real, lia o jornal. O que eu não faço, porque suja o dedo e é muito chato.
Mas enfim. Elas brigaram. E a cadela já havia brigado com minha outra queridinha, Milena. E a desculpa da cadela é sempre a mesma: todo mundo tem inveja dela. As demais loiras da casa assinam embaixo. Todo mundo tem inveja delas três. Mas eu nunca vi elas dizerem POR QUE as pessoas teriam inveja delas. Porque eu não vejo nada de invejável ali, absolutamente. Em nenhuma delas.
E é por isso que eu odeio esse argumento e as pessoas que usam esse argumento: "fulano me trata mal porque tem inveja de mim". "Eu sempre sofri muito na vida porque as pessoas tinham inveja de mim e me boicotavam". "Não fui promovido porque o chefe tinha inveja de mim". Inveja, pra mim, é conversa pra boi dormir.
TODAS as vezes que ouvi esse tipo de coisa foi de gente:
a) chata pra caralho
b) burra pra caralho
c) incompetente pra caralho
d) vazia pra caralho
E que não tinham amigos nem progrediam na vida por uma dessas razões. Só isso, mais nada. Nenhuma pessoa realmente legal se incomoda ou se sente alvo de inveja. Pelo menos, não nenhuma que eu conheça.
Por isso eu acho que essa coisa de inveja foi a desculpa mais conveniente que já inventaram para as pessoas continuarem sendo péssimas pessoas e botarem a culpa nos outros.
E por isso eu acho mesmo que a Fran devia quebrar a cara da cadela*. Fez a fama, deita na cama. Quero ver a cadela dizer que alguém tá com inveja da cara amassada dela.
* Mas só depois que ela ganhar o programa, senão é eliminada. Por enquanto, ela podia só jogar as roupas todas da outra na cândida e as maquiagens na piscina.
E este é o grande serviço que o BBB presta a mim, pessoalmente. A possibilidade de canalizar meu ódio e meu desprezo a seus participantes e não a pessoas da vida real. Percebo que durante o programa todos os meus relacionamentos melhoram, porque eu fico ocupada demais com os relacionamentos DELES, para estragar os meus. Obrigada, Boninho. Obrigada, Bial. Obrigada, Brasil.
Essa semana, em particular, estou tensa com a briga entre a Fran e a cachorra do nariz de batata, cujo nome me recuso a pronunciar, porque eu vomito. Eu gosto da Fran. Ela é engraçada e boba e eu caguei se tudo aquilo que ela faz é real ou não. Porque me faz rir e é pra isso eu assisto aquilo lá, pra rir e pra chorar. Se eu quisesse vida real, lia o jornal. O que eu não faço, porque suja o dedo e é muito chato.
Mas enfim. Elas brigaram. E a cadela já havia brigado com minha outra queridinha, Milena. E a desculpa da cadela é sempre a mesma: todo mundo tem inveja dela. As demais loiras da casa assinam embaixo. Todo mundo tem inveja delas três. Mas eu nunca vi elas dizerem POR QUE as pessoas teriam inveja delas. Porque eu não vejo nada de invejável ali, absolutamente. Em nenhuma delas.
E é por isso que eu odeio esse argumento e as pessoas que usam esse argumento: "fulano me trata mal porque tem inveja de mim". "Eu sempre sofri muito na vida porque as pessoas tinham inveja de mim e me boicotavam". "Não fui promovido porque o chefe tinha inveja de mim". Inveja, pra mim, é conversa pra boi dormir.
TODAS as vezes que ouvi esse tipo de coisa foi de gente:
a) chata pra caralho
b) burra pra caralho
c) incompetente pra caralho
d) vazia pra caralho
E que não tinham amigos nem progrediam na vida por uma dessas razões. Só isso, mais nada. Nenhuma pessoa realmente legal se incomoda ou se sente alvo de inveja. Pelo menos, não nenhuma que eu conheça.
Por isso eu acho que essa coisa de inveja foi a desculpa mais conveniente que já inventaram para as pessoas continuarem sendo péssimas pessoas e botarem a culpa nos outros.
E por isso eu acho mesmo que a Fran devia quebrar a cara da cadela*. Fez a fama, deita na cama. Quero ver a cadela dizer que alguém tá com inveja da cara amassada dela.
* Mas só depois que ela ganhar o programa, senão é eliminada. Por enquanto, ela podia só jogar as roupas todas da outra na cândida e as maquiagens na piscina.
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