quarta-feira, outubro 09, 2002

Hoje fiz uma coisa que sempre morri de medo de fazer: fui ao centrão da cidade sozinha. Tinha que fazer uma burocracia trabalhista lá, não teve jeito.
Eu adoro o centro, amo de paixão, acho lindo, lindo, lindo. O meu medo era mais de tanto ouvir falar, já que a única vez que fui assaltada foi no meu lindo e arborizado bairro de boy. Já fui muito pro centro, principalmente na adolescência, quando batia cartão na Galeria da 24 de Maio, ia quase toda a semana, caçar CD ou camiseta ou qualquer outra coisa de metaleiro pão com ovo. Só que naquela época eu não parava pra olhar os prédios, a cara das pessoas na rua. Hoje eu fiz isso. Foi um programão. Mesmo maltratado e sujo, aquele pedaço da cidade ainda é muito lindo, muito charmoso, muito... São Paulo. Ah, sim. Parei na esquina da Ipiranga com a São João e fiquei esperando o farol abrir. Foi inevitável cantarolar a músiquinha do Chaetano Seboso.
As pessoas que andam, trabalham, moram por lá também são muito diferentes dos tipos que eu vejo todos os dias na linha azul do metrô. Ninguém está muito preocupado com a sua vida. Se você tropeça na rua, ninguém nem olha (é, eu tropecei. Só pra variar). Ninguém anda muito correndo, como na Paulista. As pessoas simplesmente vão pra frente. Os homens param pra olhar os pôsters do cinema pornô, a mulherada pára pra olhar o sapatinho em promoção na loja da esquina.
E eu andei bem devagarinho, sem pressa nenhuma de chegar no sindicato e sem medo de ladrão. A vida bem que podia ser assim sempre.

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