quinta-feira, janeiro 04, 2007

A saga anual do envelhecimento

Aniversário é sempre uma data estressante para a pessoa confusa e indecisa. Porque enquanto octogenária, eu não conheço os bares que agradam a petizada. E dá-lhe encher o saco dos amigos moderninhos para eles me indicarem lugares dos quais eu invariavelmente desgosto e não dou sossego nunca até que acabo me decidindo pelos mesmo lugares de sempre. E daí as pessoas sempre arrumam coisas pra reclamar: é longe, é caro, é feio, só tem velho, só tem criança, me faz espirrar, fede, a comida é boa, mas é cara, a comida é barata, mas é ruim, tem música ao vivo e não dá pra conversar, não tem música e me dá sono, tem que ir muito arrumado, não dá pra ir arrumado, eu acho que eu já vi um rato lá blablablawhiscassachê. E daí eu me chateio. E daí me dá preguiça e eu decido que não farei nada, porque afinal não há por que comemorar a decrepitude que se aproxima. E fico bem satisfeita e blasé e me achando muito madura por uns dois dias, quando eu lembro que se eu não fizer nada, não vou saber com quem me relacionar este ano, já que eu corto relações com quem não vai nas minhas festas, e que também não ganharei presentes, porque as pessoas só presenteiam quando são obrigadas. E então o ciclo recomeça. E olha que eu nem conheço tantas pessoas assim ? são bem pouquinhas mesmo e várias delas nem vão porque eu nasci nas férias e elas viajam neste período. No fim, eu acabo decidindo na véspera, quando não dá pra reservar mais nada.
E tudo que eu quero é sentar, tomar umas cervejotas e ouvir as pessoas dizendo o quanto me amam. Não devia ser tão difícil assim.

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