sexta-feira, junho 01, 2001

Estou lendo "Febre de Bola", do Nick Hornby (amo esse homem), um livro que fala de futebol. Da paixão de um cara pelo futebol. Nenhuma das minhas amigas gostou desse livro ou conseguiu ler até o final. eu ainda não estou nem na metade, mas estou amando loucamente. Entendo o que ele diz quando descreve a emoção de ver um jogo, de pisar pela primeira vez num estádio, de reparar nas pessoas que estão lá. Eu me sinto assim também. eu choro quando assito aos jogos do Garrincha, eu vibro com as jogadas dele, capazes de deixar o adversário sentado no gramado sem nem sequer encostar o dedo nele. Eu vibro com os chutes certeiros do Pelé, com o soco no ar que impressionou o mundo. Eu vibro com os chutes de calcanhar do Sócrates. Aquilo tudo era muito lindo. Mesmo hoje em dia, que o futebol está podre, vendido, ruim, mal-acabado, feio de dar dó, de vez em quando vejo umas coisas que me fazem sorrir e sentir essa emoçao esquisita. As defesas do Marcos, os dribes do França, as cobranças de falta do Rogério... Eu gosto disso tudo. Sendo mulher, já me senti culpada várias vezes por gostar tanto de futebol. Comecei pequenininha, curtindo ver os jogos da Copa pela televisão. Depois, começou o fanatismo pelo São Paulo. FInalmente, depois de grandona, fui ao estádio do Morumbi pela primeira vez, Brasil e Argentina (foi 3x1). Aí fudeu. Gamei no negócio. Hoje, assito tudo que é jogo que estiver passando. Eu gosto de ver a técnica, de ver a torcida berrando, enfim, já deixou de ter importância qual é o time que está jogando ou qual o resultado do jogo. De modo que, segundo os homens machistas e patéticos que me cercam, me tornei menos feminina, já que futebol é coisa pra macho. É sempre assim. Tudo que é legal tem que ser coisa de homem. Mas foi-se o tempo em que preferia ter nascido homem. Adoro ser mulherzinha e adoro, enquanto mulherzinha, poder fazer quase todas as coisas que eles fazem, inclusive gostar e entender um pouquinho de futebol. Deixo a troca de pneus e as malas pesadas para eles.

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